Fiagros ou Fundos Imobiliários: entenda as diferenças
Os Fiagros – fundos que investem na cadeia produtiva do agronegócio – chegaram com tudo no mercado financeiro e caíram nas graças dos investidores. Com rendimentos isentos de imposto de renda e cotas acessíveis ao investidor pessoa física, são uma excelente opção para diversificar a carteira.
A grande questão é que os Fiagro-FII são parecidos com os fundos imobiliários, veículos de investimento já bem conhecidos no mercado financeiro. Segundo o último levantamento da B3, existem mais de 1,7 milhão de investidores em fundos imobiliários.
Os Fiagros são mais recentes: a lei que instituiu essa nova modalidade de investimento é de março de 2021. Atualmente, são 22 Fiagros-FIIs listados na bolsa de valores, que já atraem 50 mil investidores. De acordo com dados da B3, até abril de 2022 o total em patrimônio dos Fiagros somava R$ 3 bilhões.
Além desses, existem as modalidades Fiagro-FIDC e Fiagro-FIP, ambos focadas no investidor profissional, mas a que prevalece no mercado é a de Fiagro-FII.
Diante disso, uma dúvida recorrente dos investidos iniciantes é se esses fundos focados no agronegócio são interessantes para compor uma carteira de investimentos diversificada. Afinal, para quem já conhece os FIIs, qual é a vantagem de investir nos Fiagros?
É sobre isso que vamos falar no terceiro dia da Semana do Fiagro do Suno Notícias, com o apoio da XP Asset e da Ecoagro. Você pode acompanhar tudo que está rolando na semana neste link.
Fiagros ou FIIs: em qual devo investir?
Em primeiro lugar, ambos podem estar presentes na carteira de qualquer investidor. A questão é que o Fiagro garante uma exposição ao setor do agronegócio, o que é uma vantagem, segundo Maria Fernanda Violatti, analista e especialista em FIIs da XP.
Hoje, mais de 27% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional vêm do agronegócio. O Brasil é o quarto maior exportador de produtos da cadeia alimentar. “Agronegócio é um setor resiliente com ganhos de produtividade, recebendo ainda maior destaque ao ter mais produtos listados na bolsa de valores”, afirma Maria Fernanda.
Além disso, as perspectivas para o setor são muito positivas, com o atual cenário de alta nos preços das commodities agrícolas e ganhos de produtividade no setor.
Segundo Thais Teixeira, head de Investment Banking da Lifetime, a exposição ao agro ajuda a diversificar a carteira, pois os Fiagros incluem riscos diferentes dos FIIs.
“O benefício do Fiagro é surfar nessa onda de rentabilidade alta do setor do agronegócio”, diz. Já os FIIs absorvem o retorno das variações dos índices de inflação, que se refletem nos aluguéis e na distribuição de dividendos dos FIIs.”
Ou seja, é possível afirmar que os Fiagros e fundos imobiliários se complementam. Para quem deseja uma exposição ao setor do agronegócio, é possível, por meio dos Fiagros, encontrar ativos que oferecem rendimentos com regularidade. Um deles vem do mercado de crédito, ligado aos Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRAs).
No geral, os Fiagro-FII possuem alocações em diversos ativos de crédito rural, que pagam juros e correção monetária. Deste modo, os Fiagros oferecem resultados que são distribuídos aos cotistas em forma de rendimentos. É um ativo gerador de renda, um atrativo a mais para o investidor. Existem também os Fiagros que investem em imóveis rurais, recebendo os aluguéis dos ativos, assim como nos FIIs.
Na visão de Maria Fernanda Violatti, o Fiagro contribui com a diversificação dos investimentos, pois ele traz uma exposição a um segmento sem a necessidade de um ticket elevado. “A maior parte das cotas dos Fiagros é negociada com valor próximo a R$ 10,00, ou seja, com um custo de entrada acessível à pessoa física.”
Em outras palavras, faz sentido ao investidor pessoa física ter em carteira tanto ativos do setor imobiliário quanto do agronegócio.
Tão diferentes e tão semelhantes: um comparativo entre Fiagro e FIIs
Para quem ainda não está familiarizado com os Fiagros-FII, a principal diferença entre eles e os fundos imobiliários é o lastro dos papéis. “Quando falamos de um fundo imobiliário, o lastro é imobiliário. Já no Fiagro, o lastro é na cadeia de agronegócio. Essa é a diferença óbvia”, destacou Violatti.
Porém, a analista da XP mencionou que as semelhanças entre Fiagro e FIIs são enormes: a estrutura, a gestão, os rendimentos recorrentes, por exemplo. Do mesmo modo, tanto o Fiagro quanto os fundos imobiliários são voltados à renda, mas também para ganho de capital.
Ou seja, o investidor também pode ganhar dinheiro ao vender uma cota de um fundo que se valorizou.
Em relação às diferenças entre ambos, Thais Teixera enfatizou que os FIIs, por serem mais consolidados no mercado, têm maior liquidez. Mesmo assim, os Fiagros estão alcançando melhores posições quando o assunto é o volume de negociações no mercado secundário.
Dos 21 fundos listados na B3, dois deles possuem patrimônio líquido acima de R$ 500 mil, o RURA11 e o KNCA11, respectivamente geridos pela Itaú Asset e pela Kinea. Já os fundos RZAG11 e VGIA11 – da Riza Asset e Valora Investimentos – já possuem liquidez diária acima de R$ 1 milhão de reais.
Esses números ainda estão distantes dos grandes fundos imobiliários listados na Bolsa, mas os Fiagros ainda estão no início de sua trajetória, com grande avenida de crescimento.
Os rendimentos dos Fiagros e dos fundos imobiliários
Para investir em Fiagro, é preciso ficar atento a algumas questões. Uma delas é a frequência dos dividendos.
Os rendimentos do Fiagro são obtidos com a venda ou locação dos imóveis rurais. Nos FIIs, os gestores distribuem os rendimentos mensalmente. A legislação prevê que 95% do lucro precisa ser distribuído em regime semestral, mas os fundos optam por distribuírem mensalmente.
Já nos Fiagros esse lucro tem de ser distribuído em regime anual. Diante disso, até nas diferenças os Fiagros e FIIs se aproximam. Violatti ressaltou que é de interesse dos Fiagros uma distribuição mais regular, e muitos estão distribuindo todos os meses.
Sobre esse regime anual de distribuição de lucros aos cotistas, a analista da XP comentou que o “setor agrícola tem uma particularidade em relação ao imobiliário, pois muitos dos seus ganhos são sazonais por causa da safra”.
Isso explica a obrigatoriedade anual. Na visão de Violatti, esse aspecto dá maior flexibilidade ao gestor para “se organizar e fazer uma distribuição mais regular, mantendo a atratividade do produto”.
Na verdade, os rendimentos são, de fato, um ponto importante na comparação entre Fiagros e FIIs. Neste contexto de inflação elevada e juros altos, os fundos imobiliários de papel, ou seja, que investem em ativos da dívida imobiliária, têm obtido rentabilidade superior a 1% ao mês.
Em relação aos Fiagros não tem sido diferente. De acordo com análise feita por Violatti, entre os fundos do agronegócio que estão listados, a média de dividend yield mensal está em 1,17%.
Outro fator pode fazer a diferença para quem optar acrescentar Fiagros numa carteira de investimentos.
Enquanto a maioria dos fundos imobiliários que investem em CRIs possuem papéis indexados ao IPCA, a maioria dos Fiagros tem sua carteira indexada ao CDI+, buscando ser anticíclico, segundo a analista da XP.
Deste modo, de forma complementar, Fiagros e FIIs podem lado a lado desempenhar maior ganho para quem decidir diversificar seus investimentos, se expondo tanto ao setor imobiliário quanto ao agronegócio. Para saber ainda mais sobre o assunto, continue ligado na semana do Fiagro aqui no Suno Notícias e confira este guia detalhado sobre o tema.