Fiagro VCRA11: Veja os planos do fundo após captação de R$ 196 milhões
O Fiagro Vectis Datagro Crédito Agronegócio (VCRA11) teve sua estreia na bolsa de valores (B3) na última sexta-feira (1º), em uma captação de R$ 196 milhões, que foi sua primeira emissão de cotas. Gerido pela Vectis Gestão, o fundo tem como objetivo uma rentabilidade bruta de CDI + 6,3% ao ano.
Para isso, a Vectis reuniu sua expertise em estruturação de crédito com a empresa Datagro, que possui 40 anos de experiência no agronegócio.
Como o agro é um setor muito peculiar, a necessidade de estar mais próxima do campo foi a maior justificativa da parceria entre a gestora e a empresa de consultoria.
Mucio Mattos, head de crédito da Vectis, diz que a gestora trouxe para o investidor um Fiagro que não é gerido por alguém da Faria Lima, mas por quem tem presença no campo, seja para originação de produtos ou análise de investimentos.
A gestora do VCRA11 seleciona os ativos de forma criteriosa, segundo Mattos. “95% do que é colocado para dentro do fundo é estruturado pela gestora”, explica.
Boa parte das operações é originada pela Vectis, contando com a capilaridade trazida pela Datagro.
Deste modo, a consultoria da Datagro tem um papel considerado estratégico no Fiagro da Vectis. De acordo com Carolina Troster, sócia da empresa, “a Datagro é fonte de informações primárias no agronegócio, com analistas e engenheiros agrícolas que rodam 6.000 km por mês colhendo informações do setor”.
Troster explica que a consultoria pode fornecer informações primárias para ajudar a gestora na tomada de decisões de investimentos, inclusive no monitoramento das operações.
O VCRA11 e a priorização no controle dos riscos
Tão logo o fundo começou a investir o capital arrecadado na sua primeira emissão, a preocupação da gestora foi trabalhar com a relação de risco retorno para os investidores.
A ênfase da construção da carteira foi em operações com garantias e com rentabilidade condizente com o nível de risco, com diversificação setorial e regional.
Como o agronegócio é um setor cíclico, o cuidado no investimento do crédito agrícola é prioritário no VCRA11, segundo o head de crédito da Vectis. Afinal, o agronegócio tem risco atrelado ao clima e à variação dos preços das commodities.
Neste aspecto, o Fiagro é muito particular quando comparado a outros tipos de investimentos. No setor agrícola, os produtores têm receitas durante a safra, sendo a entressafra o momento mais crítico, uma vez que o produtor precisa investir em insumos da produção.
Trostes diz que a estruturação é uma parte essencial para o Fiagro, pois é preciso colocar pagamento de principal em datas que o produtor tenha receita, além de conseguir boas garantias e monitorá-las.
O futuro dos fiagros
Tanto a gestora do VCRA11 quanto a Datagro estão bastante otimistas com a contribuição do Fiagro para a economia.
Na visão de ambos, o Fiagro vai trazer uma maior profissionalização e melhor governança no setor. “Se as empresas agrícolas quiserem os créditos estruturados, elas precisarão de maior transparência e melhor arranjo de negócio, disse Mattos”.
Além disso, os fiagros podem ajudar a melhorar a representatividade do agronegócio na bolsa de valores, que atualmente é muito baixa. “O Fiagro tende a ser o meio do caminho para que empresas do setor abram capital na bolsa”, destaca Mattos.
Da mesma forma, Carolina Trostes vê nos fundos da cadeia do agronegócio uma oportunidade para várias empresas do setor agro se financiarem de forma competitiva, com um crédito de longo prazo.
O investidor também ganha oportunidade de investir de forma diversificada. Por fim, embalado pelo otimismo com a estreia do VCRA11 na bolsa, o head de crédito da Vectis acredita que o setor de Fiagro em algum momento vai ultrapassar os fundos imobiliários.