O Fiagro – fundos de investimentos na cadeia do agronegócio – criado em 2021, já começa a se consolidar no mercado de capitais. Com o crescimento do setor em patrimônio e número de investidores, o Fiagro tornou-se opção tanto para as empresas agrícolas que precisam de crédito quanto para os investidores que buscam ganhos acima do CDI.
Prova disso é o próprio patrimônio líquido do Fiagro que bateu a marca de R$ 10 bilhões. Esses fundos também cresceram em sua base de cotistas, saindo de 181 mil em dezembro de 2022 para 194 mil em janeiro deste ano.
Dos 71 fiagros listados, 15 possuem mais de 15 mil cotistas, aponta o Boletim do Agro publicado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
O volume de ofertas de novos fundos também chegou ao seu recorde, atingindo R$ 8,1 bilhões no ano de 2022. Esse valor revela um aumento de 76% em relação a 2021, destaca o Boletim.
Fiagro: bom para o produtor e para o investidor
Do montante captado pelos fundos, 88% são destinados ao financiamento de produtos agropecuários “dentro da porteira”, ou seja, com atuação direta na atividade produtiva. Os destaques são os segmentos de grãos e pecuária, mostra o Boletim do Agro.
A maioria dos fundos do tipo Fiagro investem em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), títulos da dívida do setor. Os produtores rurais são os principais captadores desses recursos.
Por isso, o Fiagro se torna viável tanto para o agronegócio, que possui mais uma fonte de crédito, quanto para o investidor pessoa física, que acessa um investimento com rendimentos mensais com isenção fiscal.
De modo geral, esses ativos remuneram seus investidores com ganhos recorrentes. Como os Fiagros investem em CRAs indexados ao CDI, os rendimentos mensais distribuídos pelos fundos possuem um prêmio atrativo.
Embalado pela alta da taxa Selic
Com a taxa Selic em 13,75% desde o mês de agosto de 2022, os investimentos atrelados ao CDI ganharam relevância no mercado financeiro. Por isso, Fiagro torna-se potente como veículo de investimento ao distribuir rendimentos com ganhos acima do CDI.
Os dividendos mensais pagos pelos fundos aos seus cotistas têm representado retornos expressivos, diz levantamento da Quantum Finance sobre o dividend yield dos fiagros em 2022.
O estudo levou em consideração apenas o Fiagro-FII, excluindo o Fiagro-FIDC e Fiago-FIP, produtos voltados para investidores profissionais.
Neste caso, a Quantum Finance utilizou os dados de fundos que pagaram rendimentos entre 3 de janeiro de 2022 até 29 de dezembro de 2022.
Pelo menos quatro ativos tiveram retornos com prêmios superiores à taxa Selic. O VGIA11 e o XPCA11 foram os campeões dos rendimentos, distribuindo respectivamente 17,75% e 16,16% ao ano. Além desses, o RZAG11 e JGPX11 pagaram 15,34% e 14,34% aos seus investidores, respectivamente.
O Fiagro tem uma avenida de crescimento pela frente
Tudo indica que o setor ainda tem muito a crescer. É o que pensa Vitor Duarte, CIO da Suno Asset, que disse que o mercado brasileiro de Fiagro pode ficar maior do que o de fundos imobiliários em até dez anos.
Na visão de Duarte, isso pode acontecer porque o agro brasileiro produz R$ 1,1 trilhão em valor de mercado. “Na média, os agricultores são 70% alavancados. São mais de R$ 700 bilhões de necessidade de investimento”, destaca o CIO da Suno Asset.
Como apenas R$ 250 bilhões desses investimentos vêm do Plano Safra, com recursos governamentais, o crédito privado pode ganhar mais espaço. Por isso, Duarte sugere que o Fiagro tenha pelo menos R$ 500 bilhões para investir no agronegócio nos próximos anos, tornando-se um setor ainda mais robusto.