FI-Infra e dividendos: quanto rendem os principais fundos?

Por meio da aplicação em Fundo Incentivado de Investimento em Infraestrutura (FI-Infra), os investidores podem ter acesso a um setor com grande demanda no país. Além da diversificação da carteira, os essas pessoas ainda têm a possibilidade de obter rendimentos isentos de impostos.  

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Em entrevista ao Suno Notícias, Gabriel Esteca, cofundador e Head de Investimentos em Infraestrutura da Bocaina Capital, comenta que os FI-Infra são fundos de renda fixa que realizam investimento em debêntures incentivadas, que são títulos de crédito privado.

Ele explica que o fundo atua como debenturista das emissões que fazem parte do portfólio do Fi-Infra, recebendo os pagamentos de principal e juros feitos pelas debêntures.

“As debêntures incentivadas de infraestrutura possuem, em geral, uma remuneração de IPCA+cupom, ou seja, se assemelham a uma NTN-B, que é o título público atrelado à inflação”, afirma.

O especialista diz que, mesmo que sejam semestrais os pagamentos desses papéis, “o valor dos títulos incorpora todo dia o ‘accrual’, o acréscimo, dessa remuneração na sua marcação de preço. Esse rendimento vai incrementando o patrimônio dos fundos diariamente, e compõe parte das distribuições de proventos realizadas pelos FI-Infras mensalmente”.

FI-Infra: pagamento de proventos e isenção de imposto

Ao Suno Notícias, Diogo Arantes, Consultor CVM, especialista em fundos fechados e sócio do FI Fácil Investimentos, comenta que, para quem está habituado com os fundos imobiliários, o pagamento de proventos dos Fi-Infra “é semelhante”.

Neste sentido, ele explica que há anúncio dos dividendos do FI-Infra com a data de pagamento e a data limite para quem possui o fundo poder receber o rendimento. Dez dias depois, ocorre o pagamento.

Diogo comenta que os FI-Infra não possuem a obrigação que os fundos imobiliários têm — de pagar os dividendos semestralmente os 95% dos respectivos resultados financeiros.

“O que acontece é que a maioria desses fundos colocou em seus regulamentos algumas regras para poder pagar, e vão pagar mensalmente. E a liberdade é pagar como distribuição de juros, ou como distribuição de rendimento, ou como distribuição principal”, complementa.

Entre as vantagens do FI-Infra, Gabriel, da Bocaina Capital, comenta que esses fundos possibilitam a captura de ganhos de capital com isenção fiscal para pessoa física.

“A última alocação que realizamos no fundo Bocaina Infra, o BODB11, que é nosso FI-Infra listado na B3, foi em uma debênture incentivada com taxa de IPCA+9.83%. No momento que os juros reais estiverem em níveis mais baixos, é possível capturar ganhos de capital relevantes nesses ativos, e esse ganho se reflete em retorno ao cotista do FI-Infra com isenção de imposto de renda”, complementa.

A taxa de retorno dos FI-Infra

Diogo, do FI Fácil Investimentos, afirma que o FI-Infra pode ter retorno superior a 18%. Segundo o especialista, geralmente, são atrelados a índices como o IMA-B.

“O FI-Infra tem uma liberdade maior de trabalhar como se fosse um fundo de crédito. Então, ele é um fundo que compra debêntures incentivadas, mas tem a liberdade e pode comprar, inclusive, debêntures não incentivadas”, afirma.

“Em compensação, a média de inflação foi alta no ano. Então, eles conseguiram entregar, em termos de dividendo, taxa acima de 16%. Alguns desvalorizaram, então você verá um retorno menor. Outros não desvalorizaram e, inclusive, ganharam preço. Por isso, temos retornos acima de 18%. Isso vai depender do estilo que o fundo adaptou”, explica. 

Os proventos dos FI-Infra em relação à renda fixa tradicional

De acordo com Gabriel, de modo geral, as debêntures incentivadas de infraestrutura contam com uma remuneração de IPCA+cupom.

Ele comenta que “os títulos de crédito privado também apresentam um prêmio  — o chamado spread de crédito —, que representa uma remuneração acima do título público”.

Outro ponto a se considerar é a isenção fiscal. Ao fazer uma comparação da mesma rentabilidade em fundos não-incentivados, o especialista destaca que a isenção de Imposto de Renda para pessoas físicas aumenta o retorno líquido para o cotista do FI-Infra.

Além disso, ele comenta que alguns fundos têm a capacidade de procurar ativos “fora do radar do mercado, capturando valor em emissões o que tendem a ter uma relação de retorno sobre risco superior ao disponível no mercado secundário de debêntures”.

Diogo comenta que, apesar do FI-Infra comprar um título de renda fixa tradicional, a diferença em relação aos ativos dessa classe é que “quando o cheque é maior, por não ter custo de distribuição de corretora e nem distribuidora, as taxas que esses fundos pegam são muito maiores”.

Muitas dessas taxas, explica Diogo, não estão disponíveis para pessoas físicas: são debêntures negociadas apenas no mercado CETIP, no mercado de balcão, entre eles.

“O resultado dessas debêntures vem da mesma forma. Os Fi-Infra são, na verdade, fundos que compram essas debêntures. Alguns conseguem originar de forma muito melhor […] e outros fundos basicamente utilizam debêntures incentivadas e operam crédito — e podem fazer dinheiro com isso”, acrescenta.

O especialista comenta que os FI-Infra são fundos que, potencialmente, têm uma carteira com um yield maior do que se compraria no mercado de renda fixa normal.

Como escolher os melhores fundos dessa categoria?

Segundo Diogo, a seleção dos melhores FI-Infra “parte muito da escolha de segmentos”.

O especialista explica que cada segmento tem um tipo de contrato, e “isso dá uma segurança maior ou menor para suas próprias debêntures, saber se a debênture é corporativa ou não, qual é o grau de risco dela, qual é o grau de garantia. Assim, você consegue categorizar as debêntures e definir”.

Diogo também afirma que se pode ter uma relação risco e retorno. “Você pode definir os que têm as maiores taxas, os que têm os maiores riscos e, aí, você faz uma verificação”.

Gabriel, por sua vez, entende que a escolha de um bom FI-Infra “passa por observar a aderência do perfil de risco e retorno do fundo aos objetivos de investimento do investidor, principalmente em termos de volatilidade, liquidez e perfil de risco do portfólio”.

O especialista também considera essencial conhecer a gestão, “saber quem é o gestor, qual sua capacidade e principalmente qual a sua experiência em infraestrutura e gestão, entre outros fatores”.

FI-Infra é uma classe emergente de ativos que tem um potencial muito interessante para os investidores no Brasil, mas é fundamental ter uma gestão profissional experiente atuando via Fi-Infras para que se tenha uma boa curadoria de ativos de qualidade”, finaliza Gabriel.

FI-Infra com melhores proventos

Segundo dados do site Status Invest, o FI-Infra que apresentou o maior dividend yield (retorno em dividendos) em dezembro foi o Bocaina Infra (BODB11), com DY de 1,61%.

O dividend yield é um indicador que mostra quanto algum ativo pagou em proventos durante certo período, em relação à sua cotação.

Outro FI-Infra que se destacou em dezembro foi o XP FIC FI-Infra (XPID11), que ofereceu proventos com dividend yield de 0,85% e 0,51% no período.

Estes foram os pagamentos realizados em dezembro:

FI-Infra dividend yield dezembro
Foto: Reprodução/Status Invest

Já em novembro, o FI-Infra com o maior dividend yield foi o BTG Pactual Dívida Infra (BDIF11), com DY de 1,36%.

Confira os demais resultados do mês:

FI-Infra dividend yield novembro
Foto: Reprodução/Status Invest
Silvio Suehiro

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