FI-Infra: veja 5 motivos para investir em fundos de infraestrutura
Os fundos de infraestrutura, também conhecidos como FI-Infra, representam uma importante opção de investimento que investidores com foco no longo prazo podem incluir em suas carteiras.
A partir de 2020, a B3 permitiu que os FI-Infra pudessem ser listados no mercado secundário. Até o momento, existem 10 FI-Infra na Bolsa de Valores brasileira e esse número tende a aumentar ao longo dos próximos anos.
Quais seriam as principais vantagens de investir em fundos de infraestrutura?
“Os FI-Infra oferecem uma renda estável protegida pela inflação, garantindo maior rentabilidade final do investimento”, explica Miguel Ferreira, fundador e CEO da Bocaina Capital, ao Suno Notícias.
Com experiência de longa data no setor — já tendo sido CEO na Tarpon Investimentos e no Santander Asset Management, também presidindo o conselho de administração da Ômega Energia (MEGA3) —, o executivo tirou do papel sua ideia em mirar nos Fundos de Infraestrutura numa parceria com o sócio Gabriel Esteca, também da gestora de recursos do Santander, e assim nasceu a Bocaina Capital.
“Vivemos um longo período em que os únicos financiadores das dívidas públicas eram os bancos de fomento, como o BNDES. Hoje, existe muita oportunidade relevante para investir em projetos contratados para o longo prazo, como concessões para obras de rodovias, saneamento, energia elétrica, por exemplo”, explica Ferreira.
5 motivos para investir em FI-Infra
O FI-Infra representa uma comunhão de recursos que serão aplicados em ativos relacionados à captação de dinheiro para investir no setor de infraestrutura.
Esses recursos podem ser destinados a projetos dos segmentos de energia, saneamento, transporte, dentre outros.
O portfólio dos fundos de infraestrutura é geralmente composto por debêntures incentivadas e títulos de dívida do setor privado, desde que estes sejam associados ao financiamento de projetos de infraestrutura.
As 5 principais vantagens de investir em FI-Infra são:
- Setor com alta demanda no Brasil;
- Tende a gerar rendimentos acima da inflação (ganho real);
- Possuem ativos com garantias, se tornando opções mais seguras;
- Geram rendimentos totalmente isentos de impostos;
- Proporciona maior diversificação.
1. Setor com alta demanda no Brasil
O setor de infraestrutura é fundamental para o desenvolvimento da economia brasileira, assim como também é essencial para o crescimento econômico de outros países.
Além de gerar excelentes oportunidades de investimento, quem investe em FI-Infra está ajudando a desenvolver projetos importantes neste setor.
O Brasil possui uma grande rede de infraestrutura, visto que está entre os 5 países com as maiores extensões territoriais do mundo. Isso inclui extensas estruturas para geração de energia elétrica, linhas de transmissão, aeroportos e muitas outras instalações.
Por possuir diversas instalações que, ao longo do tempo precisam ser renovadas, reformadas ou até mesmo reconstruídas, a demanda do setor de infraestrutura no Brasil gera diversas oportunidades de investimento.
Nesse sentido, além das atualizações de estruturas já construídas, o Brasil também possui uma grande e constante demanda por novas obras de infraestrutura a todo momento.
Em entrevista realizada ao Suno Notícias, Miguel Ferreira, da Bocaina Capital, revelou otimismo com o investimento em fundos de infraestrutura no Brasil.
Em relação à segurança jurídica que o Brasil poderia oferecer para o andamento desse tipo de ativo financeiro, Ferreira lembra que “após o início desse assunto de concessão no Brasil, em 1995, por meio da Lei das Concessões, diversos marcos regulatórios foram sendo criados ao longo do tempo, como os recentes, marco do saneamento e marco do gás”.
“Esses marcos regulatórios e a criação de agências regulatórias associadas a eles foram aumentando a robustez e a proteção que os investidores têm ao alocar capital em infraestrutura”, diz.
Apesar de potenciais ajustes e melhorias a serem realizados ao longo do tempo, o fundador da Bocaina acredita que há uma segurança jurídica grande no Brasil para esse setor.
2. Fundos de infraestrutura: rendimentos com ganho real
Para os investidores que buscam obter ganho real com seus investimentos, ou seja, rendimentos acima da inflação, os fundos de infraestrutura podem ser uma alternativa interessante para isso.
Isso porque os portfólios dos FI-Infra estão expostos a ativos geralmente indexados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), principal índice de inflação do Brasil.
Os projetos relacionados ao setor de infraestrutura no Brasil tendem a gerar um fluxo de caixa relativamente constante, previsível e estável. Por essa razão, a rentabilidade obtida com FI-Infra pode ser maior do que com outros tipos de investimento.
Atualmente, há fundos de infraestrutura que geram um yield anualizado superior a 16%, por exemplo. Ou seja, têm o potencial de trazer retornos maiores do que os que seriam obtidos com títulos públicos, por exemplo.
Além da receita alcançada com os projetos construídos, os FI-Infra podem comprar e vender ativos, o que no final da operação pode gerar um ganho de capital relevante ao fundo.
A título de exemplo, o fundo de infraestrutura da Bocaina Capital listado na B3, o BODB11, começou a ser negociado em dezembro de 2021. Segundo Miguel Ferreira, até novembro de 2022, o fundo gerou um retorno bastante relevante de 4,15% acima da NTN-B 2030.
Na época, a NTN-B 2030 estava com uma rentabilidade anual de IPCA + 6,06%. Assim, o fundo BODB11 gerou um retorno 4,15% acima disso nesse período.
3. Rendimentos totalmente isentos de impostos
Além da rentabilidade gerada com o investimento em FI-Infra poder ser maior que em outros investimentos, ela também é totalmente isenta de impostos, o que ajuda a alavancar ainda mais os ganhos dos investidores.
Os rendimentos dos fundos de infraestrutura, assim como acontece com os fundos imobiliários, são isentos do pagamento de impostos. Mas o que pouca gente sabe é que, do ponto de vista tributário, o FI-Infra tem outra vantagem em relação aos FIIs.
Enquanto nos fundos imobiliários o investidor está sujeito ao pagamento de imposto de renda sobre o ganho de capital obtido com a compra e venda de cotas de FIIs, nos fundos de infraestrutura esse ganho também é livre de tributação.
Desse modo, o investidor de fundos de infraestrutura pode alcançar uma boa rentabilidade no longo prazo, tanto nos rendimentos distribuídos quanto no ganho de capital alcançado na negociação das cotas, desde que elas se valorizem, não precisando pagar nenhum imposto por isso.
Para Miguel Ferreira, essa isenção de tributos pode levar a uma diferença expressiva na rentabilidade final que o investidor terá ao alocar capital nos fundos de infraestrutura.
4. Ativos seguros, com garantias
Assim como qualquer fundo de investimento, os fundos de infraestrutura não estão isentos de riscos. No entanto, algumas particularidades dos FI-Infra fazem com que esses riscos sejam mitigados.
Os projetos relacionados ao setor de infraestrutura, por terem um papel fundamental no desenvolvimento econômico do Brasil, são geralmente apoiados pelos governos federal e estaduais.
Assim, os governos podem ter contratos de longo prazo com instituições e entidades que executam ou financiam projetos nesse setor, sejam elas privadas ou públicas.
Os portfólios dos fundos de infraestrutura contam com debêntures incentivadas e títulos de dívida do setor privado.
Neste caso, são dívidas do setor privado, dos segmentos de energia, saneamento, rodovias, entre outros. O mercado espera uma rentabilidade maior dessas debêntures, uma vez que os títulos públicos possuem risco menor.
Geralmente, essas debêntures têm um pacote de garantias reais juntamente com as emissoras dos títulos de dívida. Desse modo, se houver qualquer problema de crédito por parte do emissor, o FI-Infra pode executar as garantias, protegendo seus recursos investidos.
5. Maior diversificação
Apesar de os fundos de infraestrutura proporcionarem diversas vantagens aos seus investidores, isso não significa que se deve necessariamente investir todo o capital em FI-Infra.
Conforme já destacado, os fundos de infraestrutura possuem seus próprios riscos associados, sendo importante que os investidores os conheçam e estejam cientes de todos eles antes de decidir se vão ou não investir em FI-Infra.
Em suma, os fundos de infraestrutura podem oferecer uma boa relação risco-retorno em uma carteira diversificada, sendo uma alternativa importante a ser considerada pelo investidor para compor uma parcela de seu portfólio.
No longo prazo, portanto, o FI-Infra não só pode gerar uma boa rentabilidade para o investidor, mas também mitigar os riscos de sua carteira de investimento, permitindo a exposição em setores importantes para a economia do país.