Os chamados Fundos de Infraestrutura (FI-Infra) têm se mostrado cada vez mais atrativos para o mercado de capitais, sobretudo para pessoas físicas. Afinal, sob essa modalidade, o investidor tem acesso às debêntures incentivadas, permitindo que ele “empreste” dinheiro para financiar projetos de infraestrutura no País com ganhos acima da NTN-B.
Com baixa aplicação inicial e o benefício de se ter isenção no Imposto de Renda sobre o rendimento, os FI-Infra garantem que os investidores diversifiquem suas carteiras em setores de energia elétrica, saneamento, construção de rodovias, entre outros.
“Os FI-Infra oferecem uma renda estável protegida pela inflação, garantindo maior rentabilidade final do investimento”, explica Miguel Ferreira, fundador e CEO da Bocaina Capital, ao Suno Notícias.
Com experiência de longa data no setor — já tendo sido CEO na Tarpon Investimentos e no Santander Asset Management, também presidindo o conselho de administração da Ômega Energia (MEGA3) —, o executivo tirou do papel sua ideia em mirar nos Fundos de Infraestrutura numa parceria com o sócio Gabriel Esteca, também da gestora de recursos do Santander, e assim nasceu a Bocaina Capital.
“Vivemos um longo período em que os únicos financiadores das dívidas públicas eram os bancos de fomento, como o BNDES. Hoje, existe muita oportunidade relevante para investir em projetos contratados para o longo prazo, como concessões para obras de rodovias, saneamento, energia elétrica, por exemplo”, explica Ferreira.
Mas, afinal, o que são Fundos de Infraestrutura (FI-Infra)?
Os FI-Infra são Fundos de Investimento em Infraestrutura, isentos de Imposto de Renda sobre rendimentos, ganhos de capital e amortização, para pessoas físicas. Em junho de 2020, eles passaram a ser listados na B3 (B3SA3) e, de lá para cá, já são dez fundos emitidos e listados na bolsa.
Apesar disso, para saber como investir em Fundos de Infraestrutura sendo pessoa física, Ferreira destaca a importância de contar com o apoio de uma gestora de recursos. A Bocaina Capital, por exemplo, origina os recebíveis e trabalha toda a análise para entender os riscos associados, a fim de montar as garantias e modelar financeiramente o projeto.
“O investidor pessoa física pode comprar a debênture de uma rodovia cujo local ele desconhece, não sabe qual é o histórico ou os riscos envolvidos no projeto (ambiental ou regulatório, por exemplo). O papel dos gestores é analisar o projeto e a modelagem econômica”, pontua.
Novo governo em 2023: ainda valerá a pena investir em FI-Infra?
Com a volta de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à presidência, muitos setores do mercado temem a volatilidade dos investimentos. Embora a preocupação seja válida, Ferreira afirma que, para os Fundos de Investimento em Infraestrutura, o cenário é otimista.
De acordo com o CEO da Bocaina Capital, mesmo com o debate sobre o estouro do teto de gastos, os investimentos em infraestrutura no País continuarão sendo uma necessidade nacional — seja no âmbito municipal, estadual ou federal.
“Quem criou as debêntures, aliás, foi a gestão petista, lá em 2012. Não tenho essa preocupação com o novo governo, ainda que continue analisando se haverá algo que trará insegurança aos investimentos em FI-Infra, mas não é a preocupação do momento. Os governos do PT respeitavam as licitações.”