FGV: Brasil pode perder até 15% das exportações à China

Segundo boletim do Indicador de Comércio Exterior (Icomex), Brasil pode perder entre 10%e 15% das exportações à China. As principais causas indicadas são a trégua comercial entre o país asiático e os Estados Unidos e a epidemia do coronavírus. A publicação foi feita nesta quinta-feira (20) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV).

Além dos dois fatores, o Ibre aponta para o quadro econômico argentino. O país era um grande parceiro econômico do Brasil. Hoje, a Argentina enfrenta uma grave crise que teve início a mais de 20 anos. Segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), as exportações caíram 40% entre janeiro e julho de 2019 em comparação com 2018.

O fim da guerra comercial e o impacto da epidemia reforçam a tendência de redução do superávit da balança comercial no ano de 2020.

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Segundo economista da Ibre, Lia Valls, a projeção não dada por certa ainda. Não se sabe quanto tempo irá demorar para conter a ameaça do coronavírus. Nem qual o efeito que o vírus terá sob a China. As projeções para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) chinês estão entre 5% e 6%. Por essa razão, a previsão de recuo da exportações ainda é preliminar.

Conforme o boletim, a epidemia, aliada a trégua comercial, aponta para os próximos meses a queda nos preços das commodities e recuo das exportações à China.

O acordo fechado entre as duas potencias deve influenciar o mercado de exportações brasileiro. Segundo Valls, deve haver queda para comércio de soja. Porém, a principal queda será a de exportação de carnes, devido à facilitação aos americanos às barreiras fitossanitárias impostas pela China.

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A economista lembra que o Brasil começava a aumentar seu volume de exportações de carnes para a China. O acordo coloca o produto brasileiro em desvantagem em relação ao norte-americano devido às exigências fitossanitárias.

No que tange à situação da Argentina, a forte recessão no país não contribuirá para o aumento das exportações brasileiras. O boletim ressalta a importância do entendimento entre os dois. Assim como, o acordo para licença de importação. A recuperação do pais vizinho não se pode ver em um futuro próximo.

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Segundo o boletim, a balança brasileira registrou um déficit de US$ 1,7 bilhão. Negociações com a China, principal parceiro do Brasil, resultaram num saldo negativo de US$ 1,57 bilhão. As exportações brasileiras para o país asiático caíram 8,8%, com queda de 2,5% no volume e de 6,4% nos preços.

O documento traça uma trajetória da desvalorização cambial. Destaca-se que setores exportadores, tal como o automotivo e o farmacêutico, são também consumidores de produtos importados. Por isso, são afetados diretamente pela alta do dólar. Aliado a isso, há incerteza em relação ao mercado. A dúvida diminui o número de compra e venda no exterior e acaba por frear as exportações.

Arthur Guimarães

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