Um novo regime de operação de ferrovias no Brasil poderia trazer até R$ 25 bilhões em investimentos — possivelmente em trechos que ainda sequer existem. A estimativa é do Broadcast, com base no novo marco legal de ferrovias que vem sendo discutido em Brasília.
As conversas em torno do projeto de lei estão em curso no Senado desde 2018 e é uma das prioridades do Executivo na casa legislativa. O texto permite que ferrovias sejam construídas sem um processo concorrencial, mas através de autorizações. Atualmente, empresas interessadas passam por licitações, que acarretam em concessões.
Segundo o projeto, os modelos de operação não seriam excludentes, podendo coexistir e sendo praticados a depender da forma com que seria desenvolvido o negócio. Especialistas veem como essencial o desenvolvimento do modal ferroviário brasileiro, melhorando a infraestrutura do País e aliviando a dependência de rodovias.
A estimativa de R$ 25 bilhões em investimentos levantada pelo Broadcast tem base em quatro trechos já discutidos entre o governo e o setor. São eles:
- Estrada de ferro Minas-Espírito Santos, pela empresa Petrocity Portos (R$ 6,5 bilhões)
- Estrada de Ferro do Maranhão, pela empresa Grão Pará Multimodal (GPM) (R$ 6,2 bilhões)
- Arco Ferroviário (R$ 4,9 bilhões)
- Ferrovia do Matro Grosso, com traçado ainda indefinido (R$ 8 bilhões)
Segundo a reportagem, o custo do transporte ferroviário é metado do rodoviário, o que fomenta ainda mais o interesses por esses projetos. Dentre as empresas listadas na B3 que podem se beneficiar das melhorias do setor no Brasil estão a Rumo (RAIL3), a maior operadora de ferrovias do Brasil, e até a Vale (VALE3).
Expansão de ferrovias em operação
O novo modo de operar as ferrovias do país também poderia estimular a extensão de trechos já explorados por companhias no regime de concessão. Um dos casos é do traçado de 700 km que podem ligar Rondonópolis a Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso.
Segundo as conversas do setor relatadas pelo Broadcast, seriam necessários ao menos R$ 8 bilhões em investimentos no empreendimento, importante para o escoamento de produtos agrícolas. O traçado faria parte da Malha Norte, operada pela Rumo. Junto à Malha Paulista, o trecho criaria um caminho até o Porto de Santos.
Embora o governo defenda que esse novo trecho seja realizado através de uma autorização após a aprovação do Congresso, ainda não há definição sobre o modelo de operação junto à Rumo. A princípio, a empresa quer que seja colocado um aditivio ao atual contrato da Malha Norte.
Dentre as ferrovias que estão sob o radar dos investidores, outro trecho que pode ser expandido é o arco Luziânia-Unaí-Pirapora, que abrange os estados de Goiás e Minas Gerais. O valor do investimento projetado é de R$ 4,9 bilhões. A VLI Multimodal é uma das cotadas para participar do negócio.