O presidente da distrital do Federal Reserve (Fed) na Filadélfia, Patrick Harker, afirmou hoje não acreditar que a instituição terá de elevar a taxa básica de juros antes de terminar o “tapering”, como é conhecido o processo de retirada dos estímulos monetários.
“Mas estamos monitorando a inflação de perto e preparados para agir, caso as circunstâncias o justifiquem”, disse o membro do Fed, em discurso durante evento virtual organizado pelo Clube Econômico de Nova York.
O dirigente reconheceu que, neste momento, a escalada inflacionária está mais generalizada entre produtos e serviços do que no início do ano.
No entanto, ele reiterou a previsão de que o movimento se arrefecerá no ano que vem, em meio ao esperado alívio nos gargalos nas cadeias produtivas.
Quanto à atividade, Harker projetou crescimento de 5,5% no Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2021, com expansão “acima de 4%” em 2022 e desaceleração ao nível “de 2% a 3%” em 2023 – as estimativas, segundo ele, não levam em conta uma possível onda de casos de coronavírus. “Nossa turbulenta recuperação tem sido moldada em grande parte, como tudo, pela trajetória da covid-19”, comentou.
O líder da regional do Fed acrescentou que vê evidências de que o elevado nível dos aluguéis nos EUA está afetando o mercado de trabalho e prejudicando os esforços para a retomada do pleno emprego. “Isso ocorre porque muitos trabalhadores não têm dinheiro para viver onde há empregos”, ressaltou.
Bowman, do Fed, cita que forças que geram inflação alta devem durar até 2022
A diretora do Fed, Michelle Bowman afirmou nesta segunda (8) que a inflação alta no setor de habitação dos Estados Unidos deve seguir ainda por algum tempo, sem uma reversão em curto prazo.
Em discurso no Almoço das Mulheres nas Políticas Públicas de Habitação e Finanças, a dirigente indicou que é “sábio monitorar os desdobramentos” do mercado, mas que depois da última crise, a resiliência das hipotecas aumentou, e que é “cautelosamente otimista” de que não haverá efeitos na economia real.
Ainda assim, Bowman reconheceu que há um aumento de riscos para as operações no setor de moradia no país. De acordo com a dirigente, a alta recente nos preços dos imóveis se deveu a uma combinação de fatores, dentre eles o apoio fiscal, os juros baixos e o número reduzido de moradias disponíveis.
Dentre os impactos da disparada nos preços, a diretora lembrou a alta nos valores do aluguéis.
Bowman também falou sobre inflação geral e disse que o Fed observa bastante esse assunto. Segundo ela, algumas das forças que estão levando à alta na inflação devem durar até ano que vem, especialmente por conta dos problemas nas cadeias de suprimento.
Além disso, a dirigente apontou que há risco de a alta dos preços de energia e alimentos ter impacto na expectativa de inflação. De acordo com a ela, o nível dos preços ficou mais alto do que muitos no Fed esperavam no começo do ano.
A diretora lembrou do outro objetivo do Fed, com relação ao mercado de trabalho. Segundo Bowman, o cuidado com crianças vem ficando mais caro, e afeta a retomada de mão de obra, algo que afeta desproporcionalmente as mulheres americanas.
Questionada sobre criptoativos, afirmou que reguladores precisam agir no tema, mas ainda devem manter apoio para inovação. A dirigente do Fed indicou que os produtos podem aumentar competição e diminuir custos, embora existam riscos, como a volatilidade.
Com informações do Estadão Conteúdo