O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou, na tarde da última terça-feira (16), que é preciso ter cautela quanto às “incertezas significativas” acerca da recuperação da economia dos Estados Unidos, impactada pela pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Em teleconferência junto ao Congresso norte-americano, o presidente do Fed demonstrou uma perspectiva receosa quando às perspectivas econômicas, reforçando o posicionamento da autoridade monetária estadunidense. Powell já informou que pretende manter as taxas de juros próximas de zero até, ao menos, o fim de 2022.
A manutenção da cautela do Banco Central norte-americano ocorre mesmo em meio a indicadores econômicos melhores do que o esperado por analistas. Há pouco menos de duas semanas, enquanto o mercado esperava uma taxa de desemprego de 19%, o Departamento do Trabalho divulgou a criação de cerca de 2,5 milhões de postos de trabalho, perfazendo uma taxa de 13,3% de desocupação.
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Na última terça, por sua vez, o Departamento do Comércio divulgou uma alta de 17,7% nas vendas do varejo no país em maio, em relação a abril, também acima das expectativas.
“Recentemente, alguns indicadores apontaram para uma estabilização e, em algumas áreas, uma modesta recuperação da atividade econômica”, afirmou o presidente da instituição. No entanto, salientou que “os níveis da produção industrial e do emprego continuam bem abaixo dos patamares de antes da pandemia e incertezas significativas persistem sobre o timing e a força da recuperação.”
Powell salientou que pouco se sabe sobre qual rumo o contágio da doença tomará e sobre os “efeitos das medidas para contê-la”, lembrando que em alguns estados — como Arizona, Flórida, Texas e Carolina do Norte — as internações aumentaram nos últimos dias.
“Enquanto a população não estiver confiante de que a doença foi contida, uma recuperação plena é improvável”, disse. Ele salientou que o Fed “está comprometido a usar todos os instrumentos que dispomos” para sustentar a economia durante a crise. Entretanto, não passou mais detalhes sobre o “timing” do futuro da política monetária.
Fed e plano de estímulos econômicos
Quando questionado pelo Senado se a compra de dívida corporativa ainda é necessária, vide a recuperação do mercado estadunidense, Powell disse que não vê “isso como atropelar o mercado de bônus como um elefante, esmagando os rumos dos preços e coisas assim… queremos estar lá se as coisas ficarem ruins na economia”.
Em outras ocasiões, o presidente do Fed já afirmou que o Congresso precisa considerar um novo pacote de estímulos, além dos U$ 3 trilhões (cerca de R$ 15,73 trilhões) já aprovados em março, e salientou sua posição no encontro da última terça.
Para ele, “um grande número de pessoas” poderá encontrar muita dificuldade para conseguir um emprego mesmo após a recuperação da pandemia, sinalizando que o Congresso deverá apoiar os desempregados no período pós-crise.
Confira: Fed: Powell defende mais medidas nos setores fiscal e monetário
Com o país em meio a uma ampla discussão sobre a desigualdade racial e econômica, o executivo observou que o peso da recessão causada pela pandemia “não recaiu de maneira igual sobre todos os americanos” e teve um impacto desproporcional sobre as famílias de baixa renda.
“Se não for contida e revertida, a recessão poderá aumentar ainda mais as desigualdades no bem-estar econômico que a prolongada expansão conseguiu diminuir em parte”, afirmou o presidente do Fed.
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