Fed: pressões de preços persistem, mas distritos veem moderação na inflação, diz Livro Bege

O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) ouviu relatos de alguma moderação na inflação de vários distritos dos Estados Unidos, embora as pressões de preço tenham persistido no país entre janeiro e meados de fevereiro.

A informação consta no Livro Bege publicado pelo Fed nesta quarta-feira, 6. O documento reúne impressões de agentes do mercado sobre o estado da economia dos EUA e embasa as decisões de política monetária no país.

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Os contatos do Fed destacaram aumentos nos custos de frete e em várias categorias de seguro, incluindo seguro de saúde pago por empregadores.

Mas, mesmo assim, as empresas sentiram dificuldade para passar os aumentos de custo aos consumidores, que se tornaram cada vez mais sensíveis a mudanças de preço, diz o documento.

O relatório do Fed registra ainda relatos de queda nos custo de vários insumos industriais e de construção – como ferro, cimento, papel e combustível.

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Fed: atividade econômica

De acordo com o Livro Bege, a atividade econômica nos Estados Unidos “cresceu levemente, no balanço”, desde o início de janeiro, com oito distritos reportando “leve a modesto” crescimento na atividade, outros três registrando estabilidade e um distrito vendo “uma leve desaceleração”.

O documento nota que os gastos dos consumidores, em particular em produtos no varejo, têm recuado nas últimas semanas. Há vários relatos de maior sensibilidade aos preços por parte dos consumidores, com consumidores gastando menos em produtos discricionários.

A atividade no setor de lazer e hospitalidade variou entre distritos.

O tráfego aéreo “foi robusto no geral”, enquanto a demanda por restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos enfraqueceu ante os preços elevados, bem como as condições climáticas “inusuais” em certas regiões, diz o Livro Bege.

A atividade manufatureira nos EUA ficou em geral estável, enquanto gargalos na oferta normalizavam mais. Continuava a haver, porém, atrasos nas entregas de componentes elétricos, afirma o relatório.

Mercado de trabalho

O emprego cresceu em ritmo “moderado” na maioria dos distritos dos Estados Unidos, na avaliação contida no Livro Bege. O documento aponta também que os salários cresciam pelos distritos do país, “embora vários relatos indicassem um ritmo mais lento de alta”.

O Livro Bege afirma que o aperto no mercado de trabalho diminuiu um pouco mais, “com quase todos os distritos reportando alguma melhora na disponibilidade de trabalhadores e na retenção de empregados”.

As empresas, por sua vez, consideram em geral mais fácil preencher as vagas abertas e conseguir pessoal qualificado, embora persistam dificuldades para atrair trabalhadores em posições altamente qualificadas, como profissionais de saúde, engenheiros e especialistas como mecânicos e soldadores.

As expectativas dos empregados para ajustes nos pagamentos, por sua vez, estavam “mais em linha com as médias históricas”, segundo os contatos citados pelo Fed.

Impactos de conflitos externos, diz documento do Fed

No geral, as empresas dos EUA não sentiram um impacto notável das perturbações no transporte marítimo no Mar Vermelho e no Canal do Panamá entre janeiro e meados de fevereiro, diz o Livro Bege do Federal Reserve.

No entanto, alguns agentes econômicos ouvidos pela instituição relataram alta nas pressões sobre custos de transporte internacional.

Ainda de acordo com o Livro Bege, a atividade do setor imobiliário comercial foi fraca entre janeiro e meados de fevereiro, sobretudo para escritórios, segundo agentes do mercado ouvidos pelo Federal Reserve. Alguns contatos do BC norte-americano observaram, porém, demanda robusta por novos centros de dados, espaços industriais e grandes projetos de infraestrutura.

O Fed ainda ouviu vários relatos de aceleração da demanda por residências nas semanas recentes – em grande parte devido à uma moderação nas taxas de hipoteca. No entanto, os contatos ressaltaram que as vendas de casas foram comprimidas por causa da limitação dos estoques.

Dirigente do Fed diz que cortes prematuros de juros podem reacelerar inflação

A presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) de São Francisco, Mary Daly, reiterou que ainda é cedo para declarar vitória contra a inflação. “Estamos em um momento muito difícil para calibrar juros. Há o risco de cortar cedo prematuramente e reacelerar inflação, mas se demorarmos demais podemos criar um impacto indesejado na economia, como enfraquecimento do mercado de trabalho”, ponderou, durante sessão de perguntas e respostas da Conferência Nacional Interinstitucional de Reinvestimento Comunitário de 2024.

A dirigente lembrou que o foco do BC norte-americano “sempre foi restaurar a estabilidade de preços o mais suavemente possível”.

Ela demonstrou otimismo com o desempenho da economia, destacando que a atividade e o mercado de trabalho continuam sólidos, enquanto a inflação caiu significativamente nos últimos meses.

Contudo, a inflação ainda segue acima da meta de 2%, o que exige monitoramento do BC, segundo a autoridade. Ela reforçou que as decisões monetárias seguirão dependentes de dados e projeções.

A presidente do Federal Reserve de São Francisco afirmou que os dirigentes continuam comprometidos em retornar a inflação à meta de 2%. “Sabemos que juros elevados aumentam custos de adquirir ou alugar moradias, mas são ajustes temporários e necessários para controlar os preços”, defendeu.

Mary Daly observou que o aumento nos preços de moradias impulsionou a inflação nos Estados Unidos e, por isso, precisam ser controlados e monitorados pelo Fed.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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