Fed: Livro Bege aponta otimismo com perspectiva de queda dos juros e destaca desaquecimento do mercado de trabalho
As perspectivas de queda nos juros dos Estados Unidos vêm sendo fonte de otimismo para a economia americana, segundo informam empresários consultados pelo Federal Reserve (Fed, o banco central) para o Livro Bege. O documento é uma espécie de sumário das condições econômicas do país e serve de base para as decisões de política monetária do BC norte-americano.
Segundo o documento, ainda assim, a taxa dos Fed Funds mais alta foi mencionada como um fato que limitou as vendas de automóveis e os negócio imobiliários, apesar de a maioria dos distritos reportar pouca ou nenhuma mudança na atividade econômica. Entretanto, quase todas as regiões consultadas relataram redução na atividade industrial.
Ainda de acordo com o Livro Bege, no geral, a maioria dos distritos indicou que as expectativas das suas empresas sobre crescimento futuro eram positivas, tinham melhorado, ou ambas as opções.
O Livro Bege também indica que os consumidores proporcionaram algum alívio sazonal durante as férias de fim de ano.
Quase todos os distritos nos EUA citaram sinais de esfriamento do mercado de trabalho, diz Fed
O Livro Bege do Fed, o banco central norte-americano, mostra que quase todos os distritos dos Estados Unidos citaram um ou mais sinais de desaquecimento do mercado de trabalho. O documento diz que empresas de “vários distritos” esperavam que as pressões de salários aliviem e os salários desacelerem ao longo de 2024.
O documento cita que sete distritos descreveram pouca ou nenhuma mudança líquida nos níveis gerais de emprego. O ritmo de crescimento de emprego foi descrito como modesto a moderado em quatro distritos.
Dois distritos viam o mercado de trabalho ainda aquecido, e muitos descreveram dificuldades na contratação de funcionários por empresas.
O ritmo de alta nos salários foi classificado como moderado em Boston, Richmond, Chicago e Dallas. Nova York e Philadelphia o descreveram como modesto. Em St. Louis, o ritmo era visto como leve.
O Livro Bege reúne impressões de agentes econômicos norte-americanos sobre o estado da economia dos EUA.
Maioria dos distritos dos EUA reportou queda ou estabilidade em preços de insumos
Empresários consultados pelo Federal Reserve reportaram que a maioria dos distritos dos Estados Unidos percebeu queda ou estabilidade nos preços de insumos nas últimas semanas, principalmente nos setores de manufatura e construção. A informação consta no Livro Bege.
Segundo o documento, três distritos reportaram nenhuma mudança significativa nos preços, dois indicaram aumento moderado e seis apontaram leve aumento ou modesto no período.
Ainda, foi reportado também que empresas de três distritos esperam alivio nas pressões de preço em 2024, enquanto empresas de quatro praças esperam pouca mudança nas altas dos valores em 2025.
Ritmo de cortes de juros, diz diretor. Como isso afeta o Ibovespa?
Em evento nesta terça-feira (16), Christopher Waller, diretor do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), admitiu que a autarquia deve realizar cortes de juros em 2024, porém de forma mais lenta em relação a outros ciclos recentes de flexibilização monetária. A fala contribuiu para a queda no Ibovespa na véspera, já que a tese indica um potencial risco de fuga de capital da bolsa brasileira, e pode continuar influenciando o índice nesta quarta-feira (17).
Na terça-feira (16), o Ibovespa encerrou a sessão em baixa de 1,69%, aos 129.294,04 pontos. E nesta quarta (17) opera em baixa, seguindo o mercado externo.
“Desde que a inflação não volte a subir ou permaneça ainda elevada, acredito que o Fomc conseguirá reduzir a taxa dos Fed funds neste ano. Essa visão é consistente com as projeções econômicas de dezembro, cuja mediana era de três cortes de 25 pontos-base em 2024”, afirmou Waller ontem durante evento do Instituto Brookings.
Para o diretor do Fed, em ciclos anteriores, que começaram depois que choques na economia ameaçaram ou causaram uma recessão, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) reduziu as taxas de forma reativa e o fez rapidamente, e, muitas vezes, em grandes quantidades.
“No entanto, neste ciclo, com a atividade econômica e os mercados de trabalho em boa forma e a inflação caindo gradualmente para 2%, não vejo razão para agir tão rapidamente ou cortar tanto como no passado”, ponderou.
Ainda para Waller, a postura atual da política monetária é adequada, embora os riscos aos mandatos de inflação e emprego estejam mais equilibrados. Para ele, a atividade e o mercado de trabalho desaceleraram, enquanto os gastos de consumidores têm dado “sinais tentativos” de que estão perdendo força.
Em relatório, o Goldman Sachs (GSGI34) avaliou que as falas de Waller aumentaram as chances de que o Fed atrase o inicio do ciclo de cortes e promova uma queda por trimestre. Ainda assim, o banco optou por manter a expectativa por uma primeira diminuição em março, seguida por outras quatro até o final do ano.
Com Estadão Conteúdo