Na manhã desta quinta-feira (29), os departamento de estatísticas econômicas dos Estados Unidos divulgou um crescimento de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre – acima dos 2,8% esperados pelo consenso de mercado. Com isso, o mercado discute os impactos na condução da política monetária por parte do Federal Reserve (Fed).
Isso, dado que o próprio presidente do Fed e outros dirigentes da instituição sinalizaram que os dados de inflação e atividade econômica devem ser cruciais para a próxima decisão de política monetária, de setembro.
Atualmente o debate é ainda sobre um eventual corte de juros na reunião.
“O crescimento de 3% da economia por si só já mostra a resiliência da atividade americana, mas quando somamos ao fato de que as despesas com consumo pessoal avançaram 2,9% no trimestre, a robustez fica ainda mais evidente. Os rumores de recessão já tem enfraquecido, com os pedidos de seguro desemprego semanais próximos às projeções, e os dados de atividade econômica mostrando uma economia ainda saudável”, aponta José Alfaix, economista da Rio Bravo.
“O próprio diagnóstico do Fed não parece diferente, tem-se observado com mais atenção o lado do emprego no mandato dual, mas as declarações de Jay Powell em Jackson Hole não mostraram nenhum desespero por parte do Fed, ao passo que o cenário de um pouso suave parece voltar a dominar as narrativas”, completa.
O especialista indica que, sem previsões sobre a magnitude do corte, a única certeza se tem é o início de um ciclo de afrouxamento monetário.
A expectativa é de um afrouxamento “gradual e cauteloso”.
Incerteza sobre postura agressiva do Fed
André Colares, CEO da Smart House Investments, comenta que o PIB dos EUA mostrou “uma economia americana resiliente”.
“Essa expansão econômica reforça a percepção de que, apesar das preocupações com um possível ‘pouso forçado’ da economia, os EUA continuam a mostrar força, especialmente nos setores de consumo e investimento privado”, comenta.
Colares acrescenta que a expectativa de um corte mais acentuado nos juros americanos, de até 0,5%, pode aliviar a pressão cambial, mas ainda há incerteza se o Federal Reserve adotará uma postura mais agressiva ou se manterá uma redução gradual de 0,25%.
“Para a economia global, esse cenário reforça a necessidade de cautela, já que uma desaceleração nos cortes de juros nos EUA poderia sinalizar uma economia aquecida, enquanto um corte mais agressivo poderia indicar preocupações mais profundas com uma possível recessão”, comenta.
“Portanto, o comportamento da economia americana nos próximos meses será crucial para definir o rumo da política monetária global, com impactos diretos para mercados emergentes como o Brasil”, conclui, sobre o Fed.
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