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Dirigentes do Fed esperam inflação elevada por mais tempo nos EUA, mostra ata

Fed:: política monetária. Foto: Divulgação Federal Reserve

Foto: Divulgação Federal Reserve

Dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) esperam que a inflação fique elevada por mais tempo nos Estados Unidos do que era previsto na reunião de março. Mesmo assim, a desaceleração à meta de 2% ainda é o cenário mais provável no médio prazo, segundo consta na ata da última reunião de polícia monetária do Fed, que aconteceu em 30 de abril e 1º de maio, e manteve os juros inalterados no país.

A ata do Fed diz que os dirigentes reconhecem a ausência de progresso na desinflação no primeiro trimestre deste ano, e estão alertas para o avanço nos preços, que segue excessivamente incerto.

Os dirigentes do Fed identificaram avanço no núcleo de serviços, com exceção de moradias, e isto deve mantê-los “muito atentos aos riscos de inflação”.

Mesmo assim, os dirigentes afirmaram ver maior equilíbrio nos riscos entre metas de emprego e de inflação nos EUA, e vários membros do comitê de política monetária dos EUA esperam que a inflação de serviços não habitacionais volte a cair à medida que o crescimento dos salários abranda no país.

No documento, alguns participantes apontaram preocupações com eventos geopolíticos, que podem provocar interrupções na oferta de algumas commodities e acelerar a inflação em determinados setores e pesar sobre o crescimento econômico, que no momento segue avançando a ritmo forte.

Fed prevê desaceleração inflacionária, mas em ritmo mais lento que em março

A equipe técnica do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) prevê que a inflação total e subjacente diminua este ano em relação ao ano passado, embora o ritmo esperado de desinflação seja mais lento do que na projeção de março, uma vez que os dados disponíveis apontaram para uma maior persistência da inflação nos próximos meses.

Se espera que a inflação diminua ainda mais para além deste ano, à medida que a procura e a oferta nos mercados de produtos e de trabalho continuavam a atingir um melhor equilíbrio.

Em 2026, a expectativa da equipe é de que a inflação total e básica dos preços do índice PCE se aproxime dos 2%, segundo o documento.

Os riscos para as previsões de inflação foram considerados ascendentes, refletindo a possibilidade de materialização de perturbações do lado da oferta ou de dinâmicas de inflação inesperadamente persistentes, segundo a publicação. Os riscos em torno da previsão para a atividade econômica foram vistos como distorcidos no sentido descendente, com o fundamento de que uma inflação mais persistente poderia resultar em condições financeiras mais restritivas do que na projeção de referência.

Além disso, a deterioração da situação financeira das famílias, especialmente daquelas com rendimentos mais baixos, poderá revelar-se um obstáculo maior à atividade do que o previsto pelo corpo técnico, afirma a publicação.

A equipe espera que a taxa de desemprego diminua ligeiramente ao longo de 2024, à medida que o funcionamento do mercado de trabalho melhore, e permaneça praticamente estável a partir de então.

Vários dirigentes elevariam mais juros, caso riscos à inflação se materializem

Vários dirigentes do Federal Reserve mencionaram na última reunião da autoridade dos Estados Unidos a disposição de apertar ainda mais a política monetária caso os riscos para a inflação se materializem de uma forma que tal ação se torne apropriada. Os membros do conselho concordaram que não que seria apropriado reduzir a meta do Fed Funds até que ganhem maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção à meta 2%.

Os dirigentes discutiram a manutenção da atual orientação política restritiva durante mais tempo, caso a inflação não dê sinais de avançar de forma sustentável para 2%, ou de reduzir a contenção política no caso de um enfraquecimento inesperado das condições do mercado de trabalho.

Embora a política monetária tenha sido considerada restritiva, muitos participantes do encontro comentaram a sua incerteza quanto ao grau de restrição. Estes dirigentes consideraram que esta incerteza advinha da possibilidade de que as taxas de juro elevadas possam ter efeitos menores do que no passado, de que as taxas de juro de equilíbrio a longo prazo possam ser mais elevadas do que se pensava anteriormente, ou de que o nível do produto potencial possa ser inferior ao estimado.

Os participantes da reunião do Fed avaliaram, no entanto, que a política monetária permaneceu bem posicionada para responder à evolução das condições econômicas e aos riscos para as perspectivas, segundo documento.

Mercado volta a ver apenas 1 corte de 25 pb nos juros dos EUA em 2024, após ata do Fed

A curva futura voltou a embutir chance mais provável de o banco central norte-americano cortar juros apenas uma vez este ano, embora as apostas estejam dividas. É o que mostra a plataforma de monitoramento do CME Group, que captou a mudança após a divulgação da ata da autoridade monetária.

Pouco antes do fechamento deste texto, a ferramenta sugeria 36,6% de probabilidade de o Fed reduzir a taxa básica em 25 pontos-base (pb) em 2024, ligeiramente à frente da possibilidade de uma tesourada de 50 pontos-base, que aparece com 36,4%. Antes da divulgação da ata, a hipótese de um relaxamento agressivo emergia com vantagem.

Também houve um leve avanço no risco de o Fed manter os juros na faixa atual (entre 5,25% e 5,50%) durante todo o ano, de 10,3% ontem para 12,1% agora.

Ainda de acordo com o recurso do CME, o mercado ainda vê com mais força um primeiro relaxamento monetário em setembro, mas este cenário também perdeu fôlego na esteira da divulgação do Fed.

Como consequência, a chance de uma manutenção naquela data cresceu de 34,3% na véspera para quase 40%.

A reavaliação reflete os sinais de preocupação com a inflação indicados na ata do Fed. Conforme o documento, “vários” dirigentes se mostraram dispostos a voltar a apertar a política se os dados assim exigirem.

Com Estadão Conteúdo

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