O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) manteve a taxa dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano, em comunicado divulgado nesta quarta-feira, 1 º. A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado.
O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, decisão que entra em vigor a partir de amanhã, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano.
O Fed disse no comunicado que a inflação continua como fator de preocupação entre os dirigentes do comitê de política econômica: “O FOMC procura atingir o nível máximo de emprego e de inflação à taxa de 2% a longo prazo. Em apoio a estes objetivos, decidimos manter o intervalo-alvo para a taxa dos fundos federais entre 5,25% e 5,50%. O Comité continuará a avaliar informações adicionais e as suas implicações para a política monetária.”
A inflação continua elevada, diz o Fed, e os ganhos no emprego continuam fortes, embora moderados. O comitê cita ainda a taxa de desemprego, que segue baixa, segundo a autoridade monetária dos EUA.
“Continuamos atentos aos ricos para a inflação”, diz o Fed. “O sistema bancário se mantém sólido e resiliente.” O comunicado do Fed prossegue: “Ao avaliar política monetária, monitoraremos as implicações das informações sobre as perspectivas. Estamos prontos para ajustar política como apropriado, caso surjam riscos. Levaremos em conta muitas informações, inclusive mercado de trabalho, inflação e expectativas”
Após a decisão do Fed, as bolsas de Nova York seguem em alta: Dow Jones sobe 0,44%, Nasdaq avança 0,99% e o S&P 500 tem alta de 0,66%. O Ibovespa opera com ganhos de 1,38%.
Marcelo Oliveira, CFA e sócio-fundador da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação financeira para investidores, analisa: “O FOMC veio totalmente dentro do esperado com a taxa de juros mantida e zero surpresas, o que agradou o mercado. O Fed continua com discurso de olhar o andamento dos dados de emprego e economia para decidir para frente o que fazer destacando que a política restritiva de juros somada ao mercado de crédito apertado, devem impactar negativamente em geração de empregos e inflação.”
Ele acrescenta: “O lema agora é esperar o efeito acontecer e não mexer mais até que a inflação esteja na meta de 2%. A reação do mercado foi ligeiramente positiva com o mercado de juros americanos já precificando que não terá mais alta de juros esse ano, e talvez comece um ciclo de baixa a partir de junho de 2024, o que é muito positivo. A única mudanca relevante no comunicado foi que ressaltaram que a economia segue muito ‘forte’ ao invés de ‘sólida’, como estava no anterior. Isso devido ao PIB e payroll que vieram acima do esperado mês passado. Na minha visão, essa mudança mostra uma preocupação com o crescimento mais forte do que o esperado da economia e ter que manter os juros altos por mais tempo.”
O presidente do Fed Jerome Powell concedeu entrevista após a divulgação do comunicado: “Reconhecemos problemas causados pela inflação. Sabemos que estabilidade de preços é fundamental. Em função das incertezas da economia optamos por adotar postura de cautela.”
Atividade se expandiu fortemente no 3º tri, diz Fed
Dados recentes sugerem que a atividade econômica dos Estados Unidos se expandiu em ritmo forte no terceiro trimestre, diz o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no comunicado de decisão de política monetária que manteve taxas de juros do país inalteradas nesta quarta-feira, 1º de novembro. A taxa de emprego permaneceu baixa e a inflação continua elevada, observou o banco central dos EUA na nota.
Os ganhos de emprego ficaram mais moderados desde o início do ano mas continuam fortes, descreve também a instituição.
Já o sistema bancário norte-americano continua resiliente e seguro, na visão dos dirigentes do Fed.
Condições financeiras e de crédito mais apertadas para famílias e emprego deverão pesar sobre inflação, atividade e contratações, afirma o Fed.
A extensão desses efeitos continua incerta, pontua a instituição. O Fed ressalta que continua “altamente atento a riscos inflacionários”.
Aperto ‘nas condições financeiras’
O comunicado do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) divulgado no período da tarde desta quarta-feira, 1º de novembro, trouxe poucas mudanças, em comparação com o anterior, mas destaca aperto também “nas condições financeiras”, e não apenas no crédito, como já constava no anterior e que foi agora mantido.
As demais alterações estão no início do comunicado. Os dirigentes do Fed destacam agora que a atividade se expande em ritmo “forte no terceiro trimestre”, quando o texto anterior falava em ritmo “sólido”, sem especificar o período.
O comunicado do Fed desta quarta-feira também avalia que os ganhos no emprego têm “moderado desde o início do ano”, mas seguem fortes, enquanto o comunicado anterior falava em desaceleração no ritmo da criação de vagas em meses recentes.
Com Estadão Conteúdo