Os dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) alertaram que mais aperto na política monetária pode ser apropriado, caso o progresso da inflação se mostre insuficiente. Indicaram que, apesar de a inflação ter moderado no último ano, ela segue alta, de forma que são necessárias mais provas de que ela esteja desacelerando para a meta de 2%.
As afirmações constam da ata do Fed do mais recente encontro do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), divulgada nesta terça-feira, 21.
O documento do Fed indicou que todos os integrantes do FOMC estão empenhados em trazer a inflação à meta, mas que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e o emprego terão de arrefecer. Entretanto, indicou que as expectativas de inflação estão “estáveis e bem ancoradas”.
A equipe do Fed avalia que há possibilidade de riscos ascendentes para a inflação, que pode se mostrar mais persistente, enquanto os dirigentes alertaram que uma expansão do conflito do Oriente Médio poderia atrapalhar o progresso com a pressão dos preços.
Assim, os integrantes do FOMC esperam que dados dos próximos meses esclareçam o progresso da desinflação.
Fed: treasuries
Os dirigentes do Federal Reserve comentaram ainda, conforme a ata, que as condições financeiras ficaram substancialmente mais apertadas nos últimos meses nos EUA por causa da alta nos retornos dos Treasuries de mais longo prazo. Muitos participantes do comitê que decide juros notaram que a escalada nos rendimentos de longo prazo foram apoiados principalmente por um avanço nos prêmios de prazo dos títulos americanos.
Na visão geral das autoridades, fatores como projeções que sugerem maior oferta de Treasuries do que se pensava anteriormente e incertezas aumentadas provavelmente contribuíram para a alta nos prêmios de prazo, diz a ata. Alguns dirigentes notaram que expectativas de uma trajetória de juros mais elevada nos EUA também podem ter apoiado o aumento nos rendimentos dos títulos.
Os participantes da reunião ressaltaram que seria importante continuar acompanhando a evolução no mercado de títulos, por mais que os rendimentos possam ser voláteis e que os fatores responsáveis por ele sejam incertos. “Mudanças persistentes nas condições financeiras podem ter implicações na trajetória da política monetária”, afirma trecho da ata.
Dirigentes do Fed veem alto nível de incerteza sobre economia, com riscos altistas e baixistas
Os dirigentes do Federal Reserve enfatizaram que há um alto nível de incerteza em torno da economia americana, ao deliberarem sobre juros na sua última reunião de política monetária, no início do mês. A possibilidade de a resiliência nos gastos com consumo – que os surpreendeu para cima – perdurar mais do que o esperado foi visto pelas autoridades como um risco altista para a economia.
Na avaliação deles, a atividade se expandiu a ritmo surpreendentemente forte no terceiro trimestre, os ganhos de emprego também permaneceram robustos, enquanto o desemprego seguiu baixo.
Por outro lado, os participantes do comitê deliberativo listaram como riscos baixistas: a chance de as condições financeiras ficarem apertada demais; eventuais interrupções por causa de uma potencial paralisação do governo (shutdown); e a possibilidade de a retomada de pagamentos de dívidas estudantis pesarem mais do que o previsto sobre o consumo.
Eles ponderaram que a demanda agregada e a oferta agregada continuaram se movendo para um melhor equilíbrio, como resultado também da atual postura restritiva. O mercado de trabalho permanece apertado, mas houve alívio desde o início do ano, diz o Fed.
Com Estadão Conteúdo