Febraban reafirma apoio a manifesto rechaçado pelo Banco do Brasil (BBAS3) e Caixa
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) informou, em nota divulgada nesta quinta (2), que reafirma apoio ao manifesto da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), chamado “A Praça é dos Três Poderes”, em defesa das instituições e da harmonia entre Executivo, Judiciário e Legislativo.
A adesão causou uma verdadeira crise com os bancos públicos — Banco do Brasil (BBAS3) e a Caixa Econômica Federal rechaçaram o texto e anunciaram a saída da entidade. O texto da Fiesp demonstrava preocupação com a escalada da crise entre os poderes, exigindo pacificação. Defendia também reformas, contendo críticas evidentes ao governo federal.
“A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reafirma o apoio emprestado ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país”, diz a nota da entidade.
Bancos públicos deixaram a Febraban pela adesão ao manifesto da Fiesp
O apoio da Febraban ao manifesto causou atritos com a direção de bancos públicos, que anunciaram a saída da entidade, e deu início a uma crise entre as entidades.
O Banco do Brasil (BBAS3) e a Caixa Econômica Federal deixaram a Febraban no último sábado (28) e justificaram dizendo que entidade representa os bancos. Comunicaram a decisão ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em nota, os bancos afirmaram que a posição da Febraban, entidade privada, era política e inadequada.
O manifesto foi interpretado pelo BB e Caixa como uma crítica à gestão federal, já que indicava, entre outros pontos, medidas para que o Brasil superasse a pandemia gerando empregos.
Na segunda (30), a Febraban voltou atrás: disse em nota que não participou da elaboração de texto da Fiesp, tentando minimizar o apoio ao manifesto da Fiesp. Era uma tentativa de encerrar a crise com os bancos públicos.
Mas os atritos continuaram nos dias seguintes. Pedro Guimarães, presidente da Caixa Econômica Federal, ameaçou bancos privados integrantes da Febraban, caso assinassem o manifesto que pede harmonia entre os Poderes. As informações foram divulgadas pela coluna de Malu Gaspar, do jornal O Globo.
Segundo a coluna, Pedro Guimarães entrou em contato com presidentes de ao menos duas instituições que compõem a Febraban dizendo que os bancos poderiam ser excluídos de negócios do governo, sobretudo envolvendo operações de estatais na Bolsa de Valores, caso assinassem o documento.
A crise ocorre num período em que a Caixa Econômica visa privatizar sua área de gestão de cartões. Além disso, prepara a oferta pública inicial de ações da bandeira Elo, em sociedade com Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil.
No domingo (29), o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, deputado Aureo Ribeiro, disse que vai apresentar um requerimento para ouvir Paulo Guedes, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, e o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro.
O deputado quer entender a decisão dos bancos de deixar a Febraban. “Quando você politiza essa questão dos bancos, é muito triste, a gente começa a ficar preocupado. Quero entender, de fato, o que está acontecendo, não dá para a gente ficar nessa economia ideológica”, afirmou Aureo Ribeiro.
Febraban: “Pedido de equilíbrio”
Na nota de hoje, a Febraban manifesta “respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.”
A Febraban pondera, lembrando que a Fiesp, que iria divulgar publicamente o manifesto na terça (31), adiou a divulgação: “[a entidade] avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da Fiesp, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.”
De qualquer forma a entidade dos bancos conclui: “A Febraban confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa.”
Leia o comunicado da Febraban na íntegra:
“A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reafirma o apoio emprestado ao manifesto “A Praça é dos Três Poderes”, cuja adesão se deu, desde o início, dentro de um contexto plurifederativo de entidades representativas do setor produtivo e cuja única finalidade é defender a harmonia do ambiente institucional no país.
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) assumiu a coordenação do processo de coleta de assinaturas e se responsabilizou pela publicação, conforme e-mail dirigido a mais de 200 entidades no último dia 27 de agosto.
A Febraban considera que o conteúdo do manifesto, aprovado por sua governança própria, foi amplamente divulgado pela mídia do país, cumprindo sua finalidade. A Federação manifesta respeito pela opção do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, que se posicionaram contrariamente à assinatura do manifesto.
Diante disso, a Febraban avalia que, no seu âmbito, o assunto está encerrado e com isso não ficará mais vinculada às decisões da FIESP, que, sem consultar as demais entidades, resolveu adiar sem data a publicação do manifesto.
A Febraban confirma seu apoio ao conteúdo do texto que aprovou, já de amplo conhecimento público, cumprindo assim o seu papel ao se juntar aos demais setores produtivos do Brasil num pedido de equilíbrio e serenidade, elementos basilares de uma democracia sólida e vigorosa.”