O chamado Faraó do Bitcoin, preso por esquema fraudulento de criptomoedas em agosto do ano passado, se tornou alvo de um processo administrativo Comissão de Valores Mobiliários (CVM), de acordo com reportagem do portal O Globo nesta terça-feira (13).
Glaidson Acácio dos Santos, o Faraó do Bitcoin, também teve sua candidatura a deputado federal indeferida pela justiça há menos de 24 horas.
Segundo o portal o Globo, o processo na CVM é resultado de novo entendimento do órgão sobre o caso, depois de o órgão ter tido acesso às provas da Operação Kryptos, da Polícia Federal, que prendeu o empresário.
O processo leva à esfera administrativa o caso que está sendo investigado apenas em âmbito criminal, além de estabelecer precedentes importantes para a atuação da autarquia no mercado de investimentos em criptomoedas, destaca a reportagem.
A CVM chegou a apurar as denúncias contra o Faraó na ocasião em que o esquema com a GAS foi descoberto. Entretanto, o órgão entendeu que apesar de os indícios apontarem para pirâmide financeira, não envolvia valores mobiliários, não se enquadrando no mercado de capitais regulado.
Com isso, a CVM não teria bases legais para acusar os envolvidos na esfera administrativa.
O que muda é que, agora, a área técnica da CVM mudou sua interpretação, a partir do acesso a novos documentos, comprovando que investidores foram prejudicados, cabendo abertura de processo administrativo.
Faraó tentou ponte Egito – Brasília
Glaidson teve sua candidatura a deputado federal indeferida pela justiça, conforme foi divulgado na segunda-feira (12).
Ele tentou se candidatar pela legenda Democracia Cristã.
O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro, por sete votos a zero, indeferiu a candidatura de Glaidson, sob a justificativa de que Santos é dirigente de um estabelecimento financeiro objeto de processo de liquidação.
O relator do processo, desembargador Luiz Paulo da Silva Araújo Filho, ressaltou que o empresário é acusado de crimes federais, incluindo ligações com a milícia.
Relembre trajetória
O empresário se tornou réu na justiça, junto a outras 16 pessoas, por participação em um esquema ilegal de criptomoedas.
Todos os 17 réus respondem por crimes contra o sistema financeiro nacional, como gestão de natureza financeira sem autorização, organização criminosa e gestão fraudulenta.
A GAS consultoria, empresa através a qual o Faraó do Bitcoin fazia suas operações, prometia retornos de 10% ao mês a seus clientes.
Segundo dados da Polícia Federal e do Ministério Público Federal, foram cerca de R$ 38 bilhões movimentados pelo grupo.
Desde o final de agosto de 2021, Galidson está preso no complexo penitenciário de Bangu, na Zona Oeste do Rio. Sua esposa, a venezuelana Mirelis Yoseline Dias Zerpa, acusada de comandar a quadrilha, continua foragida.
Mais de 120 mil pessoas lesadas pelo Faraó do Bitcoin
Mais de 120 mil pessoas que investiram na GAS se cadastraram em uma administração judicial pra tentar a devolução do dinheiro investido.
Somente este grupo corresponde a R$ 9 bilhões investidos na empresa, que teve os bens bloqueados pela justiça.
A defesa da empresa informou que o processo de recuperação judicial segue em curso, e que está em fase de atualização do cadastro de credores apresentado pelo administrador judicial.
A GAS disse que está conferindo a documentação apresentada e que, deve vai apresentar uma nova lista de créditos atualizada no processo, além disso, a empresa do Faraó do Bitcoin reafirmou que a suspensão dos pagamentos se deu por causa dos bloqueios judiciais.