A Meta, holding detentora do Facebook (FBOK34), registrou a maior queda diária desde que se tornou uma companhia listada em bolsa. Após divulgar dados piores do que o esperado em seu balanço, a companhia despencou cerca de 26% ontem, durante o pregão da Nasdaq.
Com isso, a Meta perdeu US$ 237 milhões em valor de mercado, ou seja, em um dia a dona do Facebook teve uma desvalorização do seu valuation maior do que a Vale (VALE3), a Petrobras (PETR4) e o Itaú (ITUB4), as três maiores companhias brasileiras abertas, juntas.
Considerando o câmbio, a desvalorização da Meta, que é também dona do Instagram e WhatsApp, ficou em cerca de R$ 1 trilhão.
Além disso, o que foi perdido pela big tech é uma fatia tão valiosa quanto toda a Disney, segundo a consultoria especializada Economatica.
Segundo o CEO da empresa, Mark Zuckerberg , a rede social perdeu cerca de 500 mil usuários ativos diários ao redor do mundo no último trimestre de 2021, mantendo uma média de 1,9 bilhão de usuários diários.
“As pessoas têm muitas escolhas sobre como querem gastar seu tempo e apps como o TikTok estão crescendo muito rapidamente. E é por isso que o nosso foco nos Reels [vídeos curtos no Instagram] é tão importante no longo prazo“, disse o CEO da Meta , durante o anúncio dos resultados.
A plataforma chinesa, que enfrentou ameaça de banimento nos EUA durante o governo Trump, vem ganhando cada vez mais relevância entre as redes sociais, chegando à marca de 1 bilhão de usuários no ano passado.
A alta competitividade no mundo digital fez com que o número de usuários do Facebook sofresse uma retração, apesar da aposta recente da companhia de crscer no Metaverso.
Em termos financeiros, a Meta reportou lucro líquido de US$ 10,29 bilhões no quarto trimestre, queda de 8% em relação ao mesmo período de 2020. O lucro por ação foi de US$ 3,67, frustrando expectativas de analistas.
Em números absolutos, a queda é a maior da história das bolsas, por conta do valuation alto.
Anteriormente, outras quedas já haviam feito companhias perderem grandes cifras em um dia:
- Apple (AAPL34): US$ 180 bilhões
- Microsoft (MSFT34): US$ 178 bilhões
- Amazon (AMZO34): US$ 138 bilhões
Além disso, as mesmas empresas já figuraram em outros eventos de quedas análogas. A Apple, por exemplo, já teve uma desvalorização de US$ 140 bilhões além do seu recorde, em meados de setembro de 2020 – ao passo que a queda mais dramática foi em março, quando a crise ocasionada pela Covid-19 acometia as bolsas mundiais.
No caso da dona do Facebook, o maior tombo diário da empresa havia sido em julho de 2018, quando perdeu US$ 120 bilhões em valor de mercado.
À época o informe de empresa destacou que a margem de lucro cairia devido aos custos para melhorar a privacidade e reduzir o uso de seus maiores mercados de publicidade.
Mais números sobre o balanço da dona do Facebook
A receita da empresa ficou em US$ 33,671 bilhões, avanço de 20% na comparação anual. Porém, foi menor do que os US$ 33,4 bilhões esperados pelo mercado
Em nota aos investidores, Mark Zuckerberg caracterizou o 4T21 de 2021 como “sólido” e destacou o “importante crescimento” em áreas como Reels, comércio e realidade virtual.
“Continuaremos a investir nestas e outras prioridades ao longo de 2022, à medida que trabalhamos para criar o metaverso”, escreveu em balanço financeiro.
Em comentário sobre os números, o Facebook disse que está sendo prejudicado por uma combinação de fatores, como mudanças de privacidade no iOS da Apple e desafios macroeconômicos.
A empresa indicou que o crescimento abaixo do esperado se deve, em parte, por questões de inflação e cadeia de suprimentos que estão afetando os orçamentos dos anunciantes.
Há também uma mudança para produtos que não geram tanta receita quanto seu feed de notícias principal. Por exemplo, as pessoas estão gastando mais tempo em seus Reels.
Prejuízo com o Metaverso é de mais de US$ 10bi
Recentemente a Meta Platforms divulgou pela primeira vez os números de sua divisão de Reality Labs – área da empresa que trabalha na construção do metaverso – no balanço do quarto trimestre de 2021. Os dados mostram perdas na ordem de US$ 10 bilhões somente em 2021.
Mas o prejuízo começou bem antes, em 2019, de acordo com a apuração do portal norte-americano CNBC. De 2019 a 2021 os resultados foram:
- 2019: Prejuízo de US$ 4,5 bilhões e receita de US$ 501 milhões;
- 2020: Perda líquida de US$ 6,62 bilhões em receita de US$ 1,14 bilhão;
- 2021: Saldo negativo de US$ 10,19 bilhões e positivo de US$ 2,27 bilhões.
A CNBC destaca que os números de 2021 estão alinhados com o anúncio feito por Mark Zuckerberg sobre as expectativas de investimento na área. Para 2022, as perdas só devem aumentar.
O CFO da dona do Facebook, David Wehner, disse na teleconferência de resultados da empresa na quarta-feira (02) que espera que as perdas operacionais aumentem significativamente em 2022, informa o portal.