Facebook derruba live em que Bolsonaro associa vacina a AIDS
Pela primeira vez o Facebook (FBOK34) derrubou uma live do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tomando a decisão após o mandatário associar AIDS à vacina da Covid-19.
A live de Bolsonaro ocorreu na última quinta-feira (21), quando o presidente leu uma notícia que dizia que “vacinados [contra a Covid] estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida [Aids]”.
Após a afirmação, que causou reação na comunidade médica – considerando a ausência de fundamento – a gestão da rede optou por não deixar mais o vídeo do atual presidente do Brasil disponível ao público, como costumam ficar os vídeos ao vivo já realizados.
“Nossas políticas não permitem alegações de que as vacinas de Covid-19 matam ou podem causar danos graves às pessoas”, disse um porta foz da big tech, em nota.
Trata-se da primeira derrubada de uma live pela rede social. Em uma ocasião semelhante, em março do ano passado, o Facebook derrubou um vídeo em que Bolsonaro defendia o tratamento precoce com cloroquina e o fim do isolamento social.
Apesar disso, em várias outras vezes em que Bolsonaro falou sobre temas relacionados à pandemia com o mesmo viés negacionista, o conteúdo foi mantido.
A conduta é o cerne da atual Comissão Parlamentar de Inquérito – a CPI da Covid – que investiga a atuação do Governo Federal durante a crise do novo coronavírus.
“Trata-se de uma das diversas ocasiões em que o chefe do executivo federal vem espalhando notórias fake news, criando grandes obstáculos ao enfrentamento da pandemia”, diz requerimento do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) que solicita o envio da derrubada da live ao Supremo Tribunal Federal (STF).
CPI da Covid pede indiciamento de Bolsonaro
O relatório final da CPI da Covid do senador Renan Calheiros (MDB-AL) pede o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro, mais 65 pessoas e duas empresas por diferentes crimes. O mandatário é indiciado por 10 infrações diferentes.
Além de Bolsonaro, estão na lista os três filhos do presidente, ministros, ex-ministros, depurados federais e empresários. Calheiros deve ler o documento na sessão da CPI da Covid marcada para a manhã desta quarta-feira (20).
O relator pede indiciamento de Bolsonaro por 10 crimes:
- epidemia com resultado morte;
- infração de medida sanitária preventiva;
- charlatanismo;
- incitação ao crime;
- falsificação de documento particular;
- emprego irregular de verbas públicas;
- prevaricação;
- crimes contra a humanidade;
- violação de direito social;
- incompatibilidade com dignidade, honra e decoro do cargo.
O relator chegou à versão final depois de debates com os demais integrantes da cúpula da CPI. As acusações de genocídio contra povos indígenas e de homicídio foram retiradas, conforme havia sido combinado pelos senadores.
No total, são 66 pedidos de indiciamento da CPI da Covid contra pessoas e dois contra empresas – a Precisa Medicamentos e a VTCLog. Também foi pedido o indiciamento de três filhos de Bolsonaro, quatro ministros, dois ex-ministros e cinco deputados federais.