Fabrício Queiroz diz que movimentação atípica vem de comércio de carros
Fabrício Queiroz, policial militar e ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), afirmou que parte da movimentação atípica de R$ 1,2 milhão feita por ele vem da compra e venda de carros.
A declaração de Fabrício Queiroz foi feita em uma entrevista para o jornal SBT Brasil nesta quarta (26).
“Eu sou um cara de negócios, eu faço dinheiro, compro, revendo, compro, revendo, compro carro, revendo carro. Sempre fui assim. Gosto muito de comprar carro de seguradora. Na minha época lá atrás, compra um carrinho, mandava arrumar, revendia, tenho uma segurança”, afirmou Queiroz.
Trata-se da primeira declaração pública do ex-assessor de Bolsonaro sobre o caso. Na entrevista, Queiroz não quis detalhar a origem do dinheiro que movimentava. “Esse mérito eu queria explicar para o MP (Ministério Público)”, disse.
Saiba mais: Ex-assessor de Flávio Bolsonaro falta a novo depoimento
O ex-assessor, entretanto, faltou a dois depoimentos marcados no Ministério Público do Rio de Janeiro para que explicasse a movimentação suspeita em sua conta. A Promotoria afirmou que a defesa de Queiroz disse que ele “precisou ser internado” devido a complicações de saúde.
Fabrício Queiroz, Flávio Bolsonaro e o Coaf: entenda o caso
O Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão administrativo do Ministério da Fazenda que examina ocorrências suspeitas de lavagem de dinheiro) apurou movimentação de R$ 1.236.838 entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de janeiro de 2017 na conta de Queiroz, que na época recebia R$ 23 mil. Michelle Bolsonaro, mulher do presidente eleito Jair Bolsonaro, foi mencionada como favorecida do ex-assessor no relatório.
Michelle, que no período era secretária parlamentar de Jair Bolsonaro, recebeu de Queiroz um cheque de R$ 24 mil. O presidente eleito justificou no último sábado (08) que o cheque era pagamento de um empréstimo antigo feito ao ex-motorista do filho.
O depósito feito na conta de sua esposa devia-se ao fato de Jair não possuir o hábito de ir ao banco.
O relatório do Coaf apontou operações atípicas nas contas de 74 servidores e ex-servidores. 10 deputados foram presos no início de dezembro no Rio de Janeiro, na Operação Furna da Onça, desdobramento da Lava Jato.
Movimentações do ex-assessor de Flávio Bolsonaro
Confira abaixo as suspeitas levantadas pelo Coaf:
- R$ 324.774 em saques em espécie
- R$ 41.930 em cheques compensados
Em apuração do RJ2 foram reveladas movimentações milionárias de pessoas que trabalham ou trabalharam em 22 gabinetes de deputados que passaram pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).
Alguns dos deputados não foram alvo da operação Furna da Onça.
Tais transações ocorreram no mesmo período da movimentação atípica de Fabrício Queiroz. O total dessas operações chega a cerca de R$ 207 milhões.
Assim, mais suspeitas envolvem o ex-assessor: saques em dinheiro que somam R$ 324 mil no intervalo de um ano. E, deste valor, R$ 159 mil foram sacados numa agência bancária no prédio da Alerj.
De acordo com o jornalista Lauro Jardim, dentre os familiares de Queiroz que também trabalharam com Flávio Bolsonaro e receberam menção no relatório do Coaf estão:
- Nathalia Melo de Queiroz, a mulher de Fabrício. Trabalhou com o filho do presidente eleito entre 2007 e 2016. Após ser exonerada, tornou-se secretária parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados
- Márcia Oliveira de Aguiar, filha do ex-motorista
- Evelyn Mello de Queiroz, outra filha do ex-assessor
Ainda de acordo com os dados levantados pelo Coaf, grande parte dos depósitos em espécia na conta de Queiroz é paralela às datas de pagamento na Alerj.
Foram identificadas transferências de nove ex-assessores para a conta do ex-motorista do presidente eleito.