Um investidor ativista conquistou pelo menos duas cadeiras no conselho da ExxonMobil (EXXO34) após ter questionado a estratégia climática da empresa.
A derrota histórica para a Exxon provavelmente a forçará a alterar sua estratégia focada em combustíveis fósseis e confrontar mais diretamente as crescentes preocupações dos acionistas sobre as mudanças climáticas.
A gigante do petróleo informou nesta quarta-feira (26) que uma contagem preliminar de votos mostrou que os acionistas apoiaram dois indicados da Engine No. 1, um fundo de hedge emergente que possui uma pequena fração das ações da empresa.
Além disso, o CEO da Exxon, Darren Woods, também foi reeleito para o conselho, disse a empresa.
A votação culminou em uma batalha de meses para persuadir os acionistas da Exxon, que se transformou em uma das disputas por procuração mais caras de todos os tempos.
De acordo com o Wall Street Journal, a companhia perdeu um recorde de US$ 22 bilhões no ano passado e estava lutando para recuperar seu status como um motor de lucro líder da indústria, mesmo antes da pandemia de coronavírus (covid-19) reduzir a demanda global por petróleo e gás.
Exxon deve diversificar seus investimentos, diz Engine
Desde dezembro, a campanha da Engine No. 1 solicita que a empresa diversifique gradualmente seus investimentos para estar pronta para um mundo que precisará de menos combustíveis fósseis nas próximas décadas.
Diante disso, a Exxon defendeu sua estratégia de expandir a perfuração, dizendo que a demanda por combustíveis e plásticos permanecerá forte nos próximos anos, e apontou uma nova unidade de captura e armazenamento de carbono como evidência de que está levando a mudança climática a sério.
Além disso, o fundo buscou quatro assentos no conselho e argumentou que a Exxon deveria se comprometer com a neutralidade de carbono, efetivamente trazendo suas emissões para zero, tanto da empresa quanto de seus produtos, até 2050.
Segundo a contagem preliminar, foram nomeados quatro diretores nesta quarta: Gregory Goff, Kaisa Hietala, Alexander Karsner e Anders Runevad.
O que mudou desde dezembro
Apesar de possuir apenas cerca de 0,02% das ações da Exxon, a Engine No. 1 procurou capitalizar os temores dos investidores sobre anos de redução dos lucros e preocupações sobre o futuro da empresa, à medida que os governos aumentam as regulamentações para lidar com as mudanças climáticas.
A Engine No. 1 acusou o conselho da Exxon de arruinar a empresa e argumentou que seus próprios candidatos tinham as qualificações para ajudar a Exxon a navegar melhor na transição energética.
No entanto, foi nesta semana que o fundo de hedge recebeu um grande impulso de alguns dos maiores acionistas da empresa, como a BlackRock. De acordo com o jornal americano, a BlackRock apoiou três dos candidatos da Engine No. 1.
ExxonMobil tem prejuízo anual de US$ 22 bi em 2020
A ExxonMobil registrou o seu primeiro prejuízo anual, de US$ 22 bilhões em 2020, ante um lucro de mais de US$ 14 bilhões no ano anterior.
No quarto trimestre de 2020, a ExxonMobil registrou um prejuízo de US$ 19,3 bilhões em ativos na América do Norte e Argentina.
Em 2020, a empresa cortou empregos e gastos, perdeu seu lugar no Dow Jones Industrial Average e ainda teve conflitos com acionistas, em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
“O ano passado apresentou as condições de mercado mais desafiadoras que a ExxonMobil já experimentou”, disse Darren Woods, CEO da Exxon.
A receita da produtora de petróleo caiu para US$ 182 bilhões, o nível mais baixo desde 2002. A Exxon também registrou seu quarto trimestre consecutivo no vermelho, com um prejuízo de US$ 20 bilhões em comparação com um lucro de US$ 5,7 bilhões no mesmo período de 2019.