CEO do Silicon Valley Bank (SVB) vendeu US$ 3,6 milhões em ações pouco antes do colapso

Dias antes de o colapso do Silicon Valley Bank (SVB) vir à tona e as autoridades fecharem o banco nos Estados Unidos, executivos realizaram vendas milionárias de ações que detinham.

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O CEO do SVB, Gregory Becker, realizou uma venda de US$ 3,6 milhões em ações do banco (cerca de 12,4 mil papéis) menos de duas semanas antes do caso vir a público e levar a companhia à falência, segundo informações da Bloomberg.

Antes disso, em meados do fim de janeiro, o presidente do SVB havia protocolado formalmente um plano que o permitiu realizar essa venda enquanto um dos membros da administração da companhia – dadas as regras estipuladas pela Securities Exchange Comission (SEC, a autoridade que regula o mercado nos EUA).

A venda foi a primeira em mais de um ano, segundo os registros regulatórios. Até então, nem o banco nem o executivo deram um posicionamento oficial sobre o caso.

Isso porque, pelo fato de Greg Becker ter protocolado o plano de venda das ações do SVB anteriormente, ele poderia atenuar ou deixar de sofrer sanções legais – como uma punição por insider trading, ou informação privilegiada.

Informações da CNBC TV também apontam que outros executivos do SVB venderam seus papéis, somando um montante de US$ 4,5 milhões em vendas de ações.

De qualquer modo, ainda há discussão se a conduta deve ou não levar o executivo a sofrer punições.

Isso, dado que o colapso do banco foi precedido por um anúncio oficial de que o banco pretendia levantar cerca de US$ 2 bilhões em um aumento de capital – o que por si só já causou uma preocupação no mercado.

Dan Taylor, professor da Wharton Business School, na Universidade da Pensilvânia, ressaltou que é ‘altamente problemático’ para Becker se for descoberto que ele sabia dos planos de aumento de capital enquanto protocolava o plano de venda de ações.

Além disso, vale destacar que em dezembro de 2022 a SEC finalizou a elaboração de novas regras que exigem um período de no mínimo 90 dias de ‘quarentena’ para executivos de empresas negociarem suas ações.

Ou seja, a distância entre a formalização do plano de venda das ações e a venda em si deve ter ao menos 90 dias.

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Entenda o impacto do caso SVB

O banco decretou falência na sexta-feira (10) e desde então tem provocado uma série de impactos no mercado.

Analistas estimam que, pelo tamanho do banco e pelo estresse causado no sistema financeiro, esse evento pode inclusive frear a alta de juros do Federal Reserve (Fed).

Além disso, algumas empresas tinham dinheiro e/ou estavam expostas às operações do banco – como foi o caso do BuzzFeed, empresa de mídia americana que vê suas ações despencarem 10% após revelar que parte do seu caixa estava no Silicon Valley Bank.

Simultaneamente, por ser um banco do Vale do Silício, diversas startups também tinham exposição ao banco e sofrem com a notícia da falência do SVB – incluindo startups brasileiras.

Bancos e fintechs americanos também entraram na esteira. O First Republic Bank viu suas ações derreterem mais de 60% na véspera em meio ao pânico provocado pela falência do Silicon Valley Bank.

Além disso, o Signature Bank foi fechado pelas autoridades já no domingo (12).

Em análise sobre o impacto direto nas bolsas e índices dos EUA, especialistas em alocação da Warren destacaram que o impacto deve ser mais intenso nos bancos regionais, não sendo um evento que deve causar quedas severas em índices.

“As mudanças de condição devem ser prejudiciais ao resultado dos bancos regionais nos EUA, que devem ter suas margens reduzidas, na medida que deverão aumentar os retornos oferecidos aos seus clientes para manter e atrair depósitos. No S&P500, o peso agregado desse tipo de banco é de menos de 0,80% do índice. Ou seja, o impacto sobre o crescimento de lucros no índice é bastante reduzido”, diz a casa.

No Brasil, bancos e fintechs correm desde o fim da semana anterior em pronunciamentos sobre a ausência de exposição ao SVB – incluindo players como Itaú (ITUB4), Nubank (NUBR33) e C6.

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Eduardo Vargas

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