Em meio a um imbróglio que já dura meses, com a possibilidade de um calote bilionário, a Evergrande deve realizar o que será a maior reestruturação de uma dívida na China e que reuniria todas as suas obrigações ‘offshore’, segundo informações da imprensa em Pequim.
A dívida da Evergrande ultrapassa hoje os US$ 300 bilhões, e provoca preocupações com uma possível crise de grande magnitude, dado que 25% da riqueza da China vem do mercado imobiliário.
No âmbito da reestruturação, a Evergrande anunciou na segunda à noite a criação de um “comitê de gestão de crise”, integrado por sete pessoas.
O comitê foi criado “em vista dos desafios operacionais e financeiros” que a Evergrande enfrenta, de acordo com um comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong.
Segundo a gigante chinesa, o governo da província de Cantão deve enviar uma equipe de trabalho à empresa, o que analistas da consultoria Jefferies interpretaram como “uma possível tomada de controle”.
O movimento ocasionou uma alta de 1% nos papéis, ante 14% de desvalorização das ações da Evergrande no pregão anterior.
Com diversos calotes no radar, a companhia não comunicou o pagamento de dois títulos de US$ 82,5 milhões (R$ 469,1 mi) que venceram nesta segunda (6). Caso, de fato, não tenham sido cumpridos, figurariam como as primeiras faltas de pagamento do grupo que até agora conseguiu evitar a falência.
Ainda assim, a Evergrande dispõe de um período de carência de um mês adicional para regularizar sua situação e, segundo a Bloomberg, vários credores estrangeiros ainda não foram pagos.
Em setembro, a incorporadora não conseguiu cumprir vários prazos e suspendeu sua listagem na Bolsa de Valores de Hong Kong. Mas a Evergrande conseguiu reembolsar seus credores antes do término do período de carência.
No mesmo mês a companhia admitiu pela primeira vez que poderia não ser capaz de honrar todos os seus compromissos financeiros.
Dias depois, dezenas de proprietários lesados, não tendo recebido a entrega de seu apartamento, protestaram por vários dias em frente à sede do grupo na província de Shenzhen.
Evergrande chega ao menor valor em 11 anos
Após nova declaração e aumento do risco de inadimplência, as ações da Evergrande atingiram seu menor valor em 11 anos ontem, na segunda (6), cotadas a 1,81 HKD (Dólar de Hong Kong).
Em um arquivamento na noite da última sexta-feira (3), a Evergrande afirmou que foi pressionada por credores para pagar cerca de US$ 260 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão).
Segundo a Agência Reuters, em uma série de declarações aparentemente coordenadas, o banco central da China, o regulador bancário e de seguros e seu regulador de valores mobiliários “procuraram tranquilizar o mercado de qualquer risco” perante a situação.
Isso ocorrer com o aumento dos riscos de contaminação do sistema financeiro em decorrência das dívidas da empresa – o que poderia provocar um colapso ou uma crise de magnitude relativamente grande.
Outros especialistas, contudo, frisam que a maior parte dos credores da Evergrande fica na China – o que reduz a possibilidade de um colapso em grande escala, como o ‘Evento Lehman’, emblema da crise de 2009.
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