Evergrande confirma que presidente está sob vigilância por crimes ilícitos
A Evergrande, uma das maiores incorporadoras do setor imobiliário da China, confirmou que foi notificada por autoridades que seu diretor executivo e presidente do Conselho, Hui Ka Yan, “foi alvo de medidas obrigatórias nos termos da lei por suspeita de crimes ilícitos”, de acordo com comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong.
As ações da Evergrande tiveram as negociações suspensas nesta quinta-feira e devem seguir sem ser negociadas até que seja anunciada alguma decisão adicional, diz o comunicado.
Divisão da Evergrande acumula mais de 400 bilhões de yuans em dívidas e contas comerciais
Uma das subsidiárias da Evergrande, a Hengda Real Estate, acumula mais de 400 bilhões de yuans (R$ 276 bi) em dívidas e contas comerciais não pagas, e falhou em pagar outros cerca de 400 bilhões em petições judiciais de credores contra a empresa. As informações foram fornecidas por meio de comunicado oficial, listado na Bolsa de Hong Kong.
No final de agosto de 2023, as dívidas não pagas da Hengda Real Estate totalizavam aproximadamente 278,532 bilhões de yuans. No mesmo período, as contas comerciais vencidas da empresa contabilizavam cerca de 206,777 bilhões de yuans (R$ 142 bi).
Ainda, a Hengda Real Estate tinha um total de 1.946 casos de litígio pendentes no final do mês passado, que envolviam mais de 30 milhões de yuans cada, com o valor total envolvido de aproximadamente 449,298 bilhões de yuans.
A subsidiária da Evergrande também informou que se desfez completamente de 73 projetos imobiliários por meio de transferência de ativos, terras e construções em progresso, fundos, entre outros.
Além disso, foram protocolados 163 novos casos de execução contra a Hengda Real Estate – envolvendo um valor total de aproximadamente 9,128 bilhões de yuans (R$ 8,1 bi) – e outros 68 casos em que os ativos congelados em subsidiárias ou empresas controladas pela Hengda.
Ações são suspensas após detenção do fundador na China
As ações do grupo China Evergrande foram suspensas da Bolsa de Hong Kong nesta quinta-feira (28), após relatos sobre a detenção do seu fundador começarem a circular.
Hui Ka Yan, fundador, presidente e acionista controlador da China Evergrande foi colocado sobre vigilância policial em um local não divulgado, segundo informações da agência internacional de notícias, Bloomberg News.
Ele foi levado pela polícia chinesa no início do mês de setembro e continua sob monitoramento das autoridades, informou a agência. Já um veículo de notícias chinês comentou que Hui estaria detido em Pequim, sem ter sido acusado de nenhum crime até o momento.
Com a notícia, as ações da Evergrande e de suas duas unidades de capital aberto, de serviços imobiliários e fabricação de veículos elétricos, foram suspensas de negociação na quinta-feira. Os ativos do grupo recentemente já derretiam e atingiam seus patamares mais baixos em anos.
Um dos porta-vozes da Evergrande preferiu não responder às solicitações de comentário.
Empresa desiste de plano de estruturação de US$ 35 bilhões
Na semana passada, a Evergrande informou que não daria continuidade ao seu plano de reestruturação, de aproximadamente US$ 35 bilhões em dívidas. Para muitos, a estratégia da companhia era o ponto-chave para que pudesse ter uma possível recuperação.
Por sua relevância, a Evergrande foi uma das protagonistas quando a bolha imobiliária chinesa estourou em 2021, a partir da insolvência da construtora, levando diversas outras companhias a sofrer com o mesmo problema, em um efeito “cascata”.
Foi justamente nesse período que a empresa decidiu pôr em prática o seu plano de reestruturação. Por outro lado, o planejamento não tem saído conforme o esperado, principalmente em um cenário adverso no mercado imobiliário da China.
Nesse contexto, a Evergrande soltou um comunicado afirmando a necessidade de deixar o plano de lado em razão das vendas registradas nos últimos meses, que vieram bem abaixo do que o projetado.
Com Estadão Conteúdo