A incorporadora imobiliária China Evergrande Group anunciou nesta quarta-feira, em comunicado à Bolsa de Hong Kong, que pretende apresentar a seus credores uma proposta preliminar de reestruturação de sua dívida nos próximos seis meses.
O comunicado foi divulgado após a Evergrande realizar teleconferência com credores nesta quarta-feira.
Durante a reunião, a companhia “reiterou sua posição de que avaliará as condições do grupo com o objetivo de formular um plano de reestruturação para a proteção dos direitos das partes interessadas”.
Segundo a Evergrande, há a intenção de realizar um trabalho de auditoria em breve, que também levará em conta sugestões de credores.
Ainda na quinta (13) a companhia garantiu aprovação crucial de credores no país para atrasar pagamentos de um de seus títulos de dívida. Outras incorporadoras também tentam negociar novos termos para evitar a inadimplência.
A companhia tem passivos de mais de US$ 300 bilhões e quer mais prazo para pagamentos de cupom e resgate de títulos. Desta forma, evitaria default técnico, que complicaria sua reestruturação financeira.
O prazo da aprovação terminou hoje. Os detentores de títulos em moeda local teriam então um atraso de seis meses nos pagamentos do título, de aproximadamente US$ 157 milhões, com rendimento de 6,98% e vencimento em janeiro de 2023. Os termos do título deram aos detentores o direito de vendê-lo de volta ao emissor em 8 de janeiro.
Em comunicado, a principal unidade da incorporadora, Hengda Real Estate Group, disse que chegou a um acordo com os credores para atrasar os pagamentos. Dos credores que votaram, 72,3% aprovaram a proposta de prorrogação dos pagamentos. Além disso, foi informado que a negociação do título, suspensa desde 6 de janeiro, será retomada na próxima segunda-feira (17).
A Evergrande, apesar de ser a incorporadora imobiliária mais endividada do mundo, se esforçou para cumprir seus compromissos de títulos de dívidas na China, que formam a maior parte do passivo.
Credores processam a Evergrande por US$ 13 bilhões não pagos
A companhia foi processada recentemente por conta de um atraso de US$ 13 bilhões em pagamentos.
De acordo com o levantamento feito pelo jornal Financial Times, são 367 ações contra a empresa chinesa, realizadas entre 24 de agosto e 9 de dezembro.
A Fitch Ratings anunciou no início do mês que a Evergrande estava em “inadimplência restrita”, que ocorre quando um emissor de títulos falhou em honrar suas dívidas, mas não entra com processos de liquidação, como um pedido de falência, e continua em operação.
A Fitch também destacou que, além de a Evergrande não ter feito nenhum anúncio sobre os pagamentos, a incorporadora chinesa não respondeu a perguntas da agência de classificação. “Estamos, portanto, presumindo que os compromissos não foram pagos”, disse Fitch.
Ações já somam queda de quase 90%
No acumulado dos últimos meses, os papéis da companhia já caíram mais de 89% na Bolsa de Hong Kong, atualmente cotadas a 1,60 dólares de Hong Kong (HKD). As ações da Evergrande caíram 83% somente nos últimos seis meses.
Com a dívida bilionária sendo o principal pivô das quedas, a Evergrande ganha algum fôlego com os movimentos recentes na direção da reestruturação, após chegar a ponto de ter suas ações suspensas de negociação no ano passado.
Com informações do Estadão Conteúdo
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