Evergrande já deu calote e entrou em default, diz Fitch
A Evergrande, segunda maior incorporadora imobiliária da China, não pagou seu calote e entrou em default, segundo atualização da Fitch Ratings.
A agência de classificação de crédito rebaixou nesta quinta (9) a Evergrande e todas as suas subsidiárias para “inadimplência restrita”, o que significa que a empresa falhou em honrar suas dívidas.
Segundo a Fitch, o rebaixamento reflete a incapacidade da empresa de pagar os juros devidos no início desta semana sobre dois títulos denominados em dólares.
Os pagamentos venciam há um mês e os períodos de carência expiraram ainda na segunda (6) – sendo alvo de dúvidas por parte do mercado. Com o mercado ‘no escuro’ acerca do débito dos compromissos, as ações voltaram a cair.
A Fitch também destacou que a além de Evergrande não ter feito nenhum anúncio sobre os pagamentos, a incorporadora não respondeu a perguntas da agência de classificação.
“Estamos, portanto, presumindo que os compromissos não foram pagos”, disse Fitch.
Atualmente a companhia tem cerca de US$ 300 bilhões em passivos totais, e analistas têm se preocupado por meses sobre se um default poderia desencadear uma crise mais ampla e, eventualmente, contaminar o sistema financeiro.
O Federal Reserve (Fed), alertou no mês passado que problemas no mercado imobiliário chinês podem prejudicar a economia global, entoando os problemas vistos pelos analistas.
“O emissor [Evergrande] não parece estar fazendo muito progresso na retomada da construção, devido às suas dificuldades em obter novos financiamentos”, escreveram analistas da S&P Global em nota publicada segunda (6).
Com dívida de US$ 300 bi, Evergrande planeja maior reestruturação de dívida da China
Em meio a um imbróglio que já dura meses, com a possibilidade de um calote bilionário, a Evergrande deve realizar o que será a maior reestruturação de uma dívida na China e que reuniria todas as suas obrigações ‘offshore’, segundo informações da imprensa em Pequim.
No âmbito da reestruturação, a Evergrande anunciou na segunda à noite a criação de um “comitê de gestão de crise”, integrado por sete pessoas.
O comitê foi criado “em vista dos desafios operacionais e financeiros” que a Evergrande enfrenta, de acordo com um comunicado enviado à Bolsa de Hong Kong.
Segundo a gigante chinesa, o governo da província de Cantão deve enviar uma equipe de trabalho à empresa, o que analistas da consultoria Jefferies interpretaram como “uma possível tomada de controle”.
O movimento ocasionou uma alta de 1% nos papéis, ante 14% de desvalorização das ações da Evergrande no pregão anterior.
Com diversos calotes no radar, a companhia não comunicou o pagamento de dois títulos de US$ 82,5 milhões (R$ 469,1 mi) que venceram nesta segunda (6). Caso, de fato, não tenham sido cumpridos, figurariam como as primeiras faltas de pagamento do grupo que até agora conseguiu evitar a falência.
Ainda assim, a Evergrande dispõe de um período de carência de um mês adicional para regularizar sua situação e, segundo a Bloomberg, vários credores estrangeiros ainda não foram pagos.
Em setembro, a incorporadora não conseguiu cumprir vários prazos e suspendeu sua listagem na Bolsa de Valores de Hong Kong. Mas a Evergrande conseguiu reembolsar seus credores antes do término do período de carência.
No mesmo mês a companhia admitiu pela primeira vez que poderia não ser capaz de honrar todos os seus compromissos financeiros.
Dias depois, dezenas de proprietários lesados, não tendo recebido a entrega de seu apartamento, protestaram por vários dias em frente à sede do grupo na província de Shenzhen.
Ações no fundo
Após o aumento do risco de inadimplência, as ações da Evergrande atingiram seu menor valor em 11 anos nesta quinta-feira (9), cotadas a 1,8o HKD (Dólar de Hong Kong).
A Evergrande se desvalorizou na bolsa com a chegada do fim do prazo de 30 dias para o pagamento de uma parcela de dívida de US$ 82 milhões.