Pelo menos dois eventos no noticiário das últimas 24 horas ajudaram a derrubar o Ibovespa nesta quinta (21). O índice chegou a bater algumas vezes a casa dos 100 mil pontos no começo da semana, alimentado pelas expectativas com a reforma da Previdência, mas agora ele se encontra bem longe da marca.
Às 15h15 desta quinta, o Ibovespa marcava 96.593 pontos, mas chegou a descer até perto dos 95 mil pontos às 13h. O índice, que já estava em baixa em razão da decepção do mercado com o projeto de lei da reforma da Previdência dos militares, apresentado no fim da tarde da última quarta (20), escorregou de vez após se espalhar a notícia da prisão do ex-presidente Michel Temer. O Ibovespa opera neste momento com uma baixa de 1,48%, embora se recuperando do tombo.
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O desânimo começou a ser sentido logo após a apresentação do texto que foi chamado pelos militares de reestruturação do Sistema de Proteção Social das Forças Armadas. A proposta altera diversas leis referentes a pensões, promoções, remuneração e estatuto militares.
A economia com a reforma da Previdência dos militares havia sido inicialmente divulgada pela equipe econômica do governo Bolsonaro como sendo de quase R$ 100 bilhões. Na análise do Projeto de Lei, na última quarta (20), viu-se que não era bem assim.
Os ganhos com as alterações previdenciárias da categoria totalizam de fato R$ 97,3 bilhões em dez anos, mas junto da proposta há também uma série de benefícios adicionais às Forças Armadas, que vão custar R$ 86,55 bilhões aos cofres públicos. O resultado dessa subtração é de apenas R$ 10,4 bilhões em dez anos, aproximadamente 1% do R$ 1 trilhão que o governo calcula economizar com a reforma da Previdência.
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Pouco depois da 11h desta quinta, o Ibovespa sofreu outra sacudida. A prisão de Michel Temer pela Operação Lava Jato fez o índice despencar novamente. O ex-ministro de Minas e Energia Moreira Franco também foi detido.
Os mandados foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio e a ação foi fundamentada em delação do ex-operador do MDB, Lúcio Funaro, homologada em 5 de setembro de 2017 pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As declarações de Funaro relatam como funcionavam os esquemas de corrupção no Congresso, comandados por caciques do partido, como Eduardo Cunha, Henrique Eduardo Alves, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco, Tadeu Filippeli, ex-assessor especial do gabinete de Temer, e o ex-presidente.
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Teme-se que a investida contra Temer contamine o cenário político em Brasília, tirando atenção do Congresso num momento em que a reforma da Previdência precisa de toda a mobilização dos parlamentares. De qualquer forma, a prisão de um ex-chefe de Estado causa uma instabilidade política, e o cenário inflamado é prejudicial à aprovação de um pacote tão impopular quanto o que está neste momento na mesa da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados.