A Eternit (ETER3) anunciou nesta sexta-feira (31) a demissão de 400 funcionários da subsidiária Sama, focada em mineração de amianto e localizada em Minaçu (GO).
Após o anúncio, as ações ordinárias da Eternit encerraram em baixa de 6,88% a R$ 2,30 na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Na véspera, a companhia caiu 14,83%, com os papeis cotados a R$ 2,47 (veja abaixo).
Demissão dos funcionários da Sama
As atividades da Sama estavam suspensas desde 11 de fevereiro. De acordo com o presidente-executivo da Eternit, Luís Augusto Barbosa, ao “Valor Econômico”, os funcionários não recebiam os salários há quase três meses.
Antes do atraso, a companhia havia antecipado o pagamento do 13º salário, além do Programa de Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
“Não tínhamos mais nenhuma verba para antecipar. O melhor seria rescindir os contratos. Dessa forma, conseguimos diminuir os custos da Sama, pois ainda estávamos pagando plano de saúde, plano odontológico e cesta-básica para os funcionários”, contou Barbosa. O custo mensal da folha de pagamentos da Sama era de R$ 2 milhões.
Ao passo que o executivo estima que o custo total das rescisões dos 300 funcionários diretos, e 100 indiretos, some R$ 12 milhões. Os recursos rescisórios serão pagos em quatro parcelas.
“Nas duas primeiras parcelas, já vamos liquidar as rescisões de mais de 50% das pessoas”, disse o presidente da Eternit. A empresa espera que isto ocorra em até 45 dias.
“Os funcionários poderão acessar outras verbas, como o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e o seguro-desemprego“, acrescentou o executivo.
Ainda conforme Barbosa, a demissão dos funcionários da Sama não representa o encerramento das atividades na mina de amianto. Uma equipe será mantida para lidar e desligar os equipamentos. Deste modo, as operações poderão ser retomadas a qualquer momento.
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STF proibiu amianto crisotila no Brasil
Em 29 de novembro de 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) proibiu a extração, produção, comercialização e o uso do amianto crisotila no País. Em sua decisão, o órgão também retirou do Legislativo o poder de tramitar a pauta.
Assim, a empresa extrativista alterou a rota dos produtos do mercado nacional, para o mercado externo. Atendendo outros países onde o produto é permitido, como os Estados Unidos da América (EUA), Índia, Indonésia e Malásia.
Mas, em 11 fevereiro de 2019, a Eternit suspendeu as atividades da Sama. Atualmente, a empresa fez pedido de efeito suspensivo ao STF, para voltar a produzir e comercializar a fibra. O amianto crisotila é utilizado principalmente para a produção de telhas e caixas d´água.
“Estive com a ministra [do STF] Rosa Weber, mas o processo está parado na Procuradoria-Geral da República (PGR), esperando apreciação da Raquel Dodge há cerca de 100 dias. Por causa disso, Rosa Weber não pode despachar”, declarou ao “Valor Econômico” o presidente da Eternit.
Em 26 de abril, políticos fizeram visita à mina de amianto da Sama em Minaçu:
- o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM);
- o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM);
- além de cinco senadores e os vereadores de Minaçu.
A Eternit defende que não há riscos na extração do amianto crisotila para os funcionários. Segundo a empresa, os trabalhadores não tem contato com a matéria-prima, devido aos processos utilizados.
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Recuperação judicial da Eternit
A Eternit fez o pedido de recuperação judicial em março de 2018. O pedido foi consequência das restrições de extração e produção do amianto crisotila. Deste modo, um plano de reestruturação passou pelos credores, e foi aprovado na última quinta-feira (30).
Contudo, o plano de recuperação judicial da Eternit não agradou aos investidores. E as ações da companhia encerraram com queda de 14,83%, com os papeis cotados a R$ 2,47.
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