Brasil pode ter estagflação neste ano, diz UBS-BB

Segundo o UBS-BB, o Brasil pode enfrentar um cenário de estagflação neste ano. A casa projeta um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de apenas 1,3% em 2025, ante consenso de 2%, ao passo que a inflação deve permanecer acima do teto da meta do Banco Central.

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A estagflação é caracterizada pela estagnação do crescimento econômico junto com uma inflação persistente, tornando desafiadora a condução de política monetária e fiscal.

“Esse fenômeno é particularmente difícil porque as ferramentas tradicionais falham em lidar simultaneamente com a pressão inflacionária e a desaceleração econômica”, diz o relatório.

Nos últimos anos, a economia brasileira surpreendeu positivamente, registrando crescimento médio de 3% ao ano. No entanto, os analistas apontam que as projeções para 2025 e 2026 podem ter um viés excessivamente otimista, levando a um ajuste das expectativas.

Dados recentes já sinalizam um esfriamento da atividade econômica. Indicadores de vendas no varejo, produção industrial, setor de serviços e emprego vieram abaixo das previsões, enquanto os índices de confiança caíram para níveis inferiores a 100 pontos, refletindo um pessimismo generalizado entre consumidores e empresários, diz a casa.

Além disso, lembra o relatório, um fator importante que sustentou o crescimento em 2024 foi o impulso fiscal dos precatórios, que injetaram mais de R$ 100 bilhões na economia e estimularam o consumo. Para este ano, esse montante será reduzido pela metade, caindo para R$ 50 bilhões, o que deve enfraquecer ainda mais a demanda interna.

O investimento também deve perder força, diz o UBS-BB com previsão de crescimento de apenas 0,5% em 2025, uma desaceleração expressiva em relação aos 7% registrados no ano anterior. Isso porque, na análise da casa, a combinação de juros reais elevados e instabilidade cambial tem reduzido o apetite por novos investimentos produtivos.

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Apesar da desaceleração econômica, o UBS-BB acredita que o Banco Central não terá espaço para cortar os juros em 2025. Pelo contrário, a instituição projeta um aumento de 100 pontos-base na Selic nas próximas duas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom).

A expectativa é de que a inflação permaneça acima da meta oficial do Banco Central pelos próximos 13 meses, prolongando o ciclo de juros elevados. Além disso, a política fiscal frouxa do governo continua a ser um fator de risco, diz a casa, mantendo elevados os gastos públicos e alimentando a crise de confiança entre investidores.

“Cortes na taxa de juros só devem ocorrer em 2026, a menos que haja um agravamento fiscal adicional”, alertam os especialistas.

Diante desse cenário, o UBS-BB entende que o Brasil pode enfrentar um ano de crescimento fraco, inflação alta e juros elevados, um quadro típico de estagflação. A redução do impulso fiscal e a incerteza sobre a condução da política econômica devem tornar 2025 um ano desafiador para o país, com impactos diretos sobre o consumo, o investimento e o mercado de trabalho, completa o relatório.

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Guilherme Serrano

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