A Guide Investimentos estima um crescimento modesto de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), pelo arrefecimento do impulso promovido pelo agronegócio. Sobre o juros, os analistas projetam que a Selic deve terminar o ano em torno de 8,75%. Neste cenário, o Ibovespa teria um target de 155 mil pontos, estima a Guide.
“Em nossa visão, o ano de 2024 será marcado por duas discussões principais: queda de juros e desaceleração econômica. Historicamente, momentos de juros baixos foram positivos pro Ibovespa enquanto momentos de baixo crescimento foram negativos. Em nossa visão, essa discussão deve ser mais intensa no primeiro semestre”, aponta a Guide.
Quanto ao crescimento do PIB brasileiro, a Guide explica que o país deve sentir um menor impulso do agronegócio e outros setores exportadores, após o registro positivo da supersafra de 2023. Além disso, a chegada do El Niño e menor crescimento global devem ser outros fatores de impacto ao PIB.
Os analistas ainda esperam um mercado de crédito mais apertado e, consequentemente, consumo reduzido, ambos como resultado da acomodação do mercado de trabalho e da adoção de uma política monetária restritiva pelo BC neste último ano.
Entre os fatores que podem contribuir para um crescimento maior, existe a possibilidade de os efeitos que sustentaram a renda em patamares elevados em 2023 continuem atuando em 2024, podendo ainda serem impulsionados por uma política fiscal mais expansionista que o previsto atualmente e pelo afrouxamento, mesmo que gradual, da política monetária.
Na outra ponta, o risco de um crescimento menor fica ligado à economia global, diante dos riscos de uma recessão nos EUA ou crescimento do PIB chinês muito aquém do esperado.
Quanto aos juros, a Guide vê amplo espaço para o Banco Central continuar reduzindo a taxa Selic, mesmo que em um ritmo de corte menor que 0,5 p.p. “A rigidez das expectativas de inflação, olhando tanto 12 meses à frente como para prazos mais longos (2025 e 2026, por exemplo), é o principal impedimento para uma aceleração do ritmo de cortes na nossa visão.”
Assim, a expectativa é de que a Selic termine o ano em patamar ligeiramente contracionista, em torno de 8,75%.
Guide vê valuation e dinâmica de resultados como pontos positivos
Segundo a Guide, outros fatores positivos para o desempenho do Ibovespa são o valuation e a dinâmica de resultados. Atualmente, a relação preço/lucro do Ibovespa está perto dos menores patamares da história, o que é um ponto a favor na expectativa de recuperação do Ibovespa nos próximos meses.
“Apesar da alta recente do Ibovespa, a relação preço/lucro está em aproximadamente 8x ante uma média histórica de 11x. Acreditamos que, com a queda dos juros, a relação preço/lucro deve aumentar em 2024”, destaca a Guide.
Fora isso, os analistas pontuam que os lucros das empresas estão crescendo, o que sustenta a expectativa de recuperação no mercado de ações. A queda dos juros deve ajudar no aumento dos lucros via redução das despesas financeiras.
Com a continuação da queda dos juros, a Guide acredita que empresas de varejo, educação e concessões rodoviárias como SBF (SBFG3), Cruzeiro do Sul (CSED3) e Ecorodovias (ECOR3) devem ter um resultado melhor em 2024.
“Outro grupo que ainda vemos espaço para valorização é o das small caps: historicamente, esse segmento se beneficiou da queda dos juros. Contudo, no atual ciclo de corte da Selic, as small caps ainda não deslancharam”, conclui a Guide.
Ibovespa pode chegar a 160 mil pontos em 2024, diz Santander
Em relatório, o Santander projeta que o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, pode chegar a 160 mil pontos até o fim de 2024, apoiado pela flexibilização monetária local e americana.
O banco lembra que em junho de 2023 já projetava um mercado altista para as ações brasileiras, apoiado no ciclo de flexibilização das taxas de juros no Brasil. “Desde então, o Ibovespa subiu 15%, mas ainda vemos espaço para uma recuperação mais forte com Ibovespa atingindo 160 mil pontos até o final de 2024″, diz o Santander.
Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a quarta redução consecutiva da Selic, que chegou a 11,75%. A diminuição dos juros era aguardada de forma consensual pelo mercado e os membros do comitê anteveem cortes da mesma magnitude nas próximas reuniões.
“Nossa visão positiva é baseada em um ciclo de flexibilização contínua do Banco Central (BC), com a taxa Selic atingindo 9,5% até o final de 2024, além da probabilidade crescente de uma aterrisagem suave na economia dos EUA, o que poderia levar o Fed a cortar as taxas na segunda metade do ano que vem”, explica o Santander.
Em relação aos setores no Ibovespa, a equipe de analistas do Santander tem uma visão positiva sobre bancos, varejo e bens de consumo, utilities, construção civil e transportes.