A Vale (VALE3) informou, na noite da última quarta-feira (20), que assinou um acordo com a Mitsui & Co., com o objetivo de, futuramente, desinvestir no negócio de carvão. O anúncio, divulgado através de um comunicado ao mercado, vai de encontro com o foco da empresa em priorizar seus principais negócios e sua agenda ESG.
Segundo a Vale, o acordo fará com que a mineradora adquira os 15% da Mitsui na mina de Moatize, em Moçambique, juntamente com 50% de participação e créditos minoritários não Corredor Logístico de Nacala (CLN). O Heads of Agreement (HoA), como é chamado o acordo, foi fechado pelo valor simbólico de US$ 1.
Com a conclusão do negócio, a Vale consolidará as entidades da CLN, incluindo todos os seus ativos e passivos, contemplando o Project Finance do Corredor de Nacala, que possui cerca de US$ 2,5 bilhões de saldo remanescente.
Com a aquisição, seguida da simplificação da governança e gestão de ativos, por meio da reclassificação de despesas financeiras, amortização de dívidas e manutenção de operações, a Vale buscará uma terceira parte interessada nos ativos de Moatize e CLN, saindo do negócio.
A companhia ressalta que vem implementando duas iniciativas que devem produzir resultados sustentáveis na mina de Moatize:
- Um novo plano de lavra;
- Nova estratégia operacional para as plantas de beneficiamento de carvão.
Enquanto o plano de lavra prioriza corpos de minério de melhor qualidade, as duas plantas serão revitalizadas e adaptadas para um novo flowsheet, o que pode elevar o ritmo de produção a partir do segundo semestre deste ano.
Desinvestimento da Vale está em linha com a otimização de portfólio
No documento apresentado ao mercado, a Vale comentou que ao longo dos últimos 15 anos, tem atuado ao lado dos governos de Moçambique e Malawi, com a implementação da mina de Moatize e dos 912 quilômetros do CLN, para tranporte de carvão. As operações trouxeram um legado relevante para os países e “são um importante vetor de desenvolvimento local”, diz a mineradora.
No entanto, a assinatura do acordo — que instaurou o início da saída da empresa do negócio de carvão –, está “em linha com a estratégia de disciplina na alocação de capital e a simplificação do portfólio da companhia”.
A Vale tem o objetivo de tornar-se carbono neutra até 2050 e quer reduzir 33% de suas emissões de escopo 1 e 2 até 2030. A companhia reafirma, contudo, que manterá todos os seus compromissos com a sociedade de Moçambique e os stakeholders do negócio ali instalado, “incluindo obrigações já assumidas quanto a direitos trabalhistas e reassentamentos”.