ESG: Magazine Luiza (MGLU3) e Itaú (ITUB4) estão entre preferidas do Santander
O Santander Equity Research da América Latina divulgou, nesta semana, uma pesquisa sobre o ESG no Brasil e criou um portfólio recomendado de 14 empresas que seguem essas premissas. Dentre as escolhidas estão Magazine Luiza (MGLU3), Itaú (ITUB4), Localiza (RENT3), entre outras de diferentes setores da economia.
![ESG: Magazine Luiza (MGLU3) e Itaú (ITUB4) estão entre preferidas do Santander](https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2020/09/89054d90-economia-800x450.jpg)
Segundo os analistas Maria Paulo Cantusio e Daniel Gewehr em relatório divulgado, enquanto os ativos de investimento ESG representam cerca de 30% dos recursos sob gestão de forma global, no Brasil essa participação é de apenas 0,12%. Entretanto, eles pontuam que o País está bem posicionado para que essa modalidade de avaliação de investimentos cresça nos próximos anos.
De acordo com um levantamento da Anbima e da consultoria KPMG, 70% dos investidores locais possuem ou estão desenvolvendo uma política de investimento sustentável — ao passo que dentre as 100 maiores empresas do Brasil, 85 já têm políticas ESG baseadas em estruturas globais (normalmente o Global Reporting Initiative, ou GRI).
A estrutura de análise utilizada para o ESG no Brasil contempla uma pesquisa qualitativa entre as empresas que têm pontuação suficiente em seus indicadores. De forma a ponderar as peculiaridades de cada setor e o engajamento de tais empresas nos aspectos sustentáveis, a carteira recomendada ficou da seguinte forma:
- CPFL (CPFE3)
- Itaú (ITUB4)
- Lojas Renner (LREN4)
- Natura (NTCO3)
- Omega (OMGE3)
- Rumo (RAIL3)
- Suzano (SUZB3)
- Gerdau (GGBR4)
- Localiza (RENT3)
- Magazine Luiza (MGLU3)
- Odontoprev (ODPV3)
- Porto Seguro (PSSA3)
- São Martinho (SMTO3)
- TOTVS (TOTS3)
Destaques por empresas
No que se refere à Magazine Luiza, por exemplo, os analistas dizem que a empresa cumpre bem seu papel no ESG por fazer parte do Novo Mercado, além de ter 41% das ações em free float, enquanto a família fundadora (que controla os 58% restantes), ainda desempenha funções executivas na empresa. O Conselho de sete membros é 43% independente, e conta com três mulheres. A remuneração de executiva também segue a mesma linha: engajamento (NPS de clientes, NPS de funcionários, entre outros incentivos).
O Santander também salientou que a companhia possui um inventário de emissão de gases de efeito estufa desde 2018, mas que ainda trabalha para melhorá-lo. A atividade logística e a melhoria nas rotas têm ajudado nesse sentido.
Quanto ao Itaú, o relatório pondera que apesar de fazer parte do Nível 1 de governança da B3, o banco tem práticas de Novo Mercado, com 100% de tag along para todos os acionistas. Também é destaque a gestão de risco ambiental e social, que faz parte do risco de crédito desde 2004 — vale ressaltar que a equipe de gestão de riscos sustentáveis tem poder de veto nas operações.
O Itaú também tem trabalhado na incorporação de riscos climáticos para mitigar sua exposição e de seus clientes na transição para uma economia de baixo carbono.
Outro destaque fica por conta da Localiza, sobretudo no aspecto ambiental. Recentemente, a companhia investiu em aparelhos de ar condicionado mais eficientes e em lâmpadas LED, que trazem uma redução de 26% na intensidade energética (consumo de energia em relação às receitas). Antes da pandemia, a companhia tinha o objetivo de passar a utilizar energia solar em toda a operações no primeiro semestre deste ano, mas o projete teve que ser adiado.
No lado social, a empresa fornece apenas informações de gênero em relação à diversidade, com mulheres representando 44% dos empregados. A empresa, no entanto, tem programas específicos para contratar imigrantes, deficientes, LGBTQI+, negros e jovens de baixa renda.
ESG no Brasil
De acordo com os especialistas, o Brasil tem todas as ferramentas para fazer uma transição suave para uma economia de baixo carbono. No entanto, isso exigirá um relevante esforço dos stakeholders.
Um aspecto importante é que a economia doméstica não depende de exportações de combustíveis fósseis como alguns países da Ásia, África e até mesmo da América Latina (Bolívia e Equador, por exemplo), então deve ser menos impactado por restrições nas emissões de carbono.
Por outro lado, quando se trata de perspectivas sociais e de governança, há muito o que evoluir. A Fitch Ratings analisa os fatores ESG em seus relatórios soberanos e considera fatores sociais e de governança como um risco relevante para a classificação do Brasil.
“No entanto, os mercados de capitais no Brasil são bastante desenvolvidos e regulamentados, com umbom nível de divulgação das empresas. É verdade que ainda há muito o que fazer em termos de engajamento de empresas e investidores,além da divulgação e padronização das informações ESG; mas acreditamos que o Brasil está no caminho certo” dizem os analistas.