ESG em empresas da B3 avança, mas faltam metas claras
Os investimentos baseados em fatores ambientais, sociais e de governança (ou ESG, na sigla em inglês) têm mostrado sinais de aceleração nos últimos meses. Uma pesquisa de junho deste ano, realizada pela Deloitte em parceria com o Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), identificou que 87% das empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira aumentaram, nos últimos 12 meses, o seu envolvimento em questões ESG, assim como seu conhecimento sobre o tema na área de relações com investidores (RI).
Segundo a pesquisa, 60% das empresas entrevistadas também esperam aumentar o orçamento destinado ao tema ESG em 2022. No entanto, um dos grandes desafios da empresa da bolsa é que ainda faltam metas claras nesta área.
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Veja os destaques de ESG da B3
No início deste ano, a B3 (B3SA3) divulgou pela primeira vez um ranking das companhias de capital aberto com maiores notas ESG, para, segundo a empresa que administra a Bolsa, proporcionar um melhor entendimento sobre o desempenho dos indicadores das companhias que integram o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE).
As 5 primeiras empresas do ranking são:
- EDP (ENBR3)
- Renner (LREN3)
- Telefônica (VIVT3)
- CPFL (CPFE3)
- Natura (NTCO3).
Para Eduardo Ferlauto, gerente geral de Sustentabilidade das Lojas Renner, um dos fatores que levaram a varejista de moda ao topo do ranking publicado pela B3 foi tratar a aderência ao ESG como uma estratégia de inovação. Segundo ele, nos últimos anos a empresa notou que estar alinhada com as mudanças de consumo tem impacto direto na confiabilidade da companhia — e também na produtividade.
“Nós levamos para frente uma cadeia de compromissos públicos que tornaram mais eficiente a nossa cadeia de fornecimento. Ao propor aos nossos fornecedores uma gestão mais cuidadosa de matérias primas, garantimos a utilização de 80% de produtos com menor impacto, assim como o melhor aproveitamento de produtos, favorecendo paralelamente a economia circular”, diz Ferlauto em entrevista ao Suno Notícias.
O executivo acredita que o trabalho de sustentabilidade envolve resiliência. “Em algum momento as pessoas pareciam distantes desse assunto no mercado, o que atrapalhava na jornada de sustentabilidade corporativa [de empresas como a Renner], mas a prática sustentável nos deu muita maturidade”, conta ele.
Natália Tadokoro, gerente de sustentabilidade da CPFL Energia, tem uma visão similar. Segundo ela, a jornada à sustentabilidade é longa e as empresas precisam se comprometer com a indispensável tarefa de pensar em ESG no ponto de vista de impacto, tanto nos clientes quanto no mercado em que as companhia estão inseridas.
“É importante aproveitar a oportunidade de impactar no cliente e na cadeia de fornecedores para evoluir na agenda ESG. E nós vemos que no setor energético, por exemplo, estar em sintonia com esses parâmetros não é apenas uma questão de imagem, mas é também um bom negócio, traz retorno”, observa Tadakoro. “ESG é um caminho sem volta.”
Maiores desafios do ESG nas empresas listadas
A partir de 2023, as empresas de capital aberto terão que fazer uma adaptação para atender uma mudança feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na Instrução 480/09, no final de 2021.
A nova regra determina que as empresas brasileiras apresentem indicadores ESG, com um inventário de emissões de gases de efeito estufa e informações sobre a diversidade entre administradores e funcionários. A resolução entra em vigor em 2 de janeiro de 2023.
Apesar do progresso, ainda há percalços no caminho. Analistas do mercado acreditam que um dos maiores desafios que os fatores ESG enfrentam atualmente é a falta de uma estrutura concreta ou modelo de apresentação de resultados e métricas sustentáveis.
Um estudo realizado pela consultora PwC em 2021 – que analisou os pilares ESG nos relatórios não-financeiros divulgados por 78 das 81 empresas que faziam parte do Ibovespa na carteira de maio a agosto de 2021 – identificou que 31% dos relatórios que destacam temas ESG não adotam metas claras relacionadas a esses assuntos.
“O ESG é muito abrangente e, para fazer análises de cada setor da indústria, existem várias estruturas específicas que possibilitam o entendimento da performance dos fundos e companhias”, comenta Anabelle Urbano, chefe de ESG do Banco Pan (BPAN4).
“Quando tratamos o fator ambiental, por exemplo, nós podemos entender como essa carteira de empresas polui. É possível fazer um cálculo de emissões, mas nem todos os parâmetros são similares a outros fatores de análise.”
Para a especialista, o primeiro passo para que as instituições financeiras se evolvam no tema é entender o que é material para elas — ou seja, o que impacta no negócio dentro e fora da companhia.
“As empresas precisam olhar como estão e o que é mais relevante para clientes, colaboradores, fornecedores e acionistas em termos de sustentabilidade. Depois, é necessário criar estratégias e práticas concretas para causar um impacto real”, diz Urbano.
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