ESG na B3: como fugir da “maquiagem verde” e não cair em falsas promessas
Condutas ESG anunciadas por empresas não devem ser celebradas sem uma devida checagem do real impacto proporcionado pelas práticas das companhias”, afirmou o Head de ESG Research da Resultante ESG, Lincoln Camarini, para os participantes do Encontro ESG promovido Suno Research na quarta-feira (17).
“Falar, até papagaio fala”, comentou.
O evento, ocorrido no Ibmec, em São Paulo, contou também com a participação de Henri Rysman, Gestor de Fundos Renda Fixa da BNP Paribas e Fabio Alperowitch, Fundador da FAMA Investimentos.
Camarini acredita que o discurso ESG tem mais facilidade de ganhar aderência do que a prática efetiva das ações. O especialista cita o movimento de colocar esforço em coisas que não são relevantes dentro do escopo da companhia para se auto intitular ESG como uma modalidade do chamado “greenwashing“, ou, no português, “maquiagem verde“.
Segundo o especialista, para cada setor e para cada empresa, existem aspectos práticos que definem o real impacto de eventuais ações ligadas à sustentabilidade. Muitas vezes, empresas podem afirmar que estão resolvendo problemas grandes, mas, no final do dia, o maior problema que poderia estar sendo companhia pela empresa está sendo evitado.
Camarini cita a necessidade de se rastrear prioridades.
“Para uma mineradora, a segurança de barragens é um tema extremamente relevante, por exemplo. Já a diversidade é relevante para todas as empresas, mas, talvez, para o momento operacional de uma mineradora, não seja tão relevante quanto a segurança de uma barragem. Para uma seguradora, por outro lado, questões de energia e gestão de resíduos pode não ser o foco, que deve ser seu cliente e a saúde mental dos colaboradores, por exemplo”, disse.
E como identificar a chamada “maquiagem verde” do ESG?
Camarini defende que a documentação e transparência são a chave para saber se uma empresa está realmente comprometida com impactos práticos de suas práticas alinhadas com princípios ESG.
E os principais detalhes indicadores de uma implementação efetiva, segundo o especialista, vêm com construções lentas.
“Uma empresa que está engajada tem discurso robusto, ligado na estratégia da companhia. As iniciativas vêm acompanhadas de indicadores passíveis de serem auditados, você tem políticas e documentos que normatizam isso dentro das companhias. Quando você vai pesquisar, são páginas abarrotadas de políticas e existem diversos normativos. Quando a empresa solta um discurso raso sobre ESG, muito provavelmente é o caso de greenwashing”, afirmou.