Apenas 20% dos trabalhadores da City de Londres, o centro financeiro da capital britânica e um dos maiores do mundo, voltaram a trabalhar em seus escritórios após o fim da quarentena provocada pelo coronavírus (covid-19).
O número baixo de Londres é muito inferior ao resto da Europa, onde em média entre 70% e 80% dos trabalhadores voltaram em seus escritórios após as restrições provocadas pela pandemia foram revogadas pelos governos nacionais. No Reino Unido em geral esse número não chega a 40%.
A capital britânica continua parecendo uma cidade fantasma. Os escritórios estão desertos, os cafés fechados, poucas pessoas nas ruas.
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Segundo a mídia britânica, aconteceu algo que ninguém havia previsto: os ingleses se enfiaram na casa e não têm vontade de sair dela.
Britânicos descobriram que podem ficar em casa
O governo de Boris Johnson havia planejado para esta semana uma campanha para encorajar as pessoas a voltarem para seus escritório, mas teve que abandoná-la quando percebeu que não teria nenhum impacto.
Segundo a BBC, nenhuma das 50 maiores empresas do Reino Unido, maioria das quais são do setor de finanças e tecnologia, teria planos de trazer funcionários de volta ao escritório.
Em tese, o funcionalismo público deveria dar o exemplo, mas os “public servants” britânicos nem pensam nisso: os ministérios começaram a publicar ofertas de trabalho especificando que é home office.
E não se trata de apenas o medo do coronavírus. Os britânicos, e principalmente os londrinos, estão felizes de não ter que enfrentar mais dias de trabalha que iniciavam com horas de viagem esmagadas no metrô, refeições precárias e caras e interações estressantes com chefes e colegas. De fato, o tráfego no transporte público ainda registra uma redução de 70%.
Todavia, mesmo se os trabalhadores de Londres estão mais relaxados, o resultado para a economia é catastrófico. Todo o sistema econômico no qual a capital britânica se baseava entrou em crise.
O caso emblemático é o da Pret à Manger, a cadeia de sanduíches, presente em todos os cantos de Londres, onde todos os funcionários da City lotavam as mesas na hora do almoço. A empresa foi obrigada a mandar embora um terço dos seus funcionários após a massa de clientes desaparecer.
E o medo de muitas empresas do setor imobiliário, é que as empresas descubram que os enormes espaços alugados para seus escritórios não sirvam mais, desencadeando um colapso nos preços dos aluguéis e da valorização dos imóveis. Algo inconcebível apenas poucos meses atrás, quando o metro quadrado corporativo de Londres era um dos mais caros do mundo.
Londres como as minas de carvão?
Isso pois, segundo a mídia do Reino Unido, para cada trabalhador que fica em casa, existe um que perde o emprego. Com esse “novo normal”, o modelo de negócio da capital do Reino Unido estaria desandando. Se até agora se baseava na ideia de concentrar milhões de pessoas no centro da cidade, alimentando os mais diversos setores, agora não sabe como se reinventar.
A pandemia deixou claro que a tecnologia atual torna tudo isso supérfluo, pois tudo pode ser feito em casa. Por isso, os jornais britânicos já estão comparando o destino de Londres ao das minas do norte da Inglaterra na década de 1980: quando o modelo se tornou obsoleto elas foram forçadas a fechar. O mesmo acontecerá com o maior centro financeiro do planeta, que costumava ser considerada umas das metrópoles mais eletrizantes do mundo?
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