Equatorial (EQTL3) x Copel (CPLE6): analistas debatem qual a melhor elétrica para investir
As ações de empresas de energia estão entre as queridinhas do mercado. No setor, duas brasileiras ganham destaque: Equatorial (EQTL3) e Copel (CPLE6). Elas são top picks da XP investimentos, com recomendação de compra. Os analistas enfatizam que ambas têm grande expertise operacional e potencial de retorno.
Para quem busca uma estratégia de investimentos com foco em dividendos, as empresas do setor elétrico da B3 (B3SA3) podem ser uma boa alternativa. Com o aumento nas tarifas de energia elétrica e do marco legal da geração própria de energia, conhecida como geração distribuída, o crescimento do setor promete ser acelerado. A expectativa do mercado é de que o segundo semestre deste ano seja muito forte para as empresas de energia elétrica.
Dessa forma, de acordo com um estudo do Observatório de Mercados de Energia Mundial, a demanda por energia no Brasil promete registrar uma alta de 60% até o ano de 2040.
Para Luís Mussili, analista de renda variável da JGP, o grande diferencial da Equatorial é operar ativos que outros players no mercado não têm interesse. “A Equatorial tem a expertise de operar o que os outros não operam, preferindo não tomar determinado risco.”
Segundo o analista, a Equatorial atua em três pilares: distribuição, transmissão, geração e comercialização de energia. Mas 3/4 do negócio são focados na distribuição. “Quando falamos de distribuição, estamos falando da entrega de energia para o consumidor final. É importante fazer essa diferenciação, pois operar distribuição é muito complexo, requerendo processos complexos, grandes investimentos e conhecimento da geografia local”, pontua Mussili em entrevista ao programa Super Clássicos da Bolsa 2023, da XP.
“A Equatorial tem os ativos mais complexos da distribuição. Quanto maior o risco, maior o retorno. Veja o exemplo do Pará, um estado com densidade demográfica baixa e de baixa renda: fazer um caminhão de investimento é muito risco, mas no final o ativo que a empresa tinha deu retorno. A empresa desenvolveu competências para tornar suas ações rentáveis”, conclui o analista.
Além disso, Mussili avalia que as ações da Equatorial estão baratas, projetando retorno de 11% a 12% acima da inflação. O processo de M&A e as oportunidades futuras também são bem vistas ao avaliar a empresa. “Em M&A, a gente acha que temos muitas oportunidades. Tem ativos complexos como Light e Amazonas Energia, que vemos pouco apetite de outros players, então a Equatorial pode ser no futuro operadora desses ativos.”
Já na Copel, o foco gira em torno da melhoria da sua governança e do seu processo de privatização. “A Copel é uma empresa que vem apresentando melhorias na governança. Hoje, ela possui um comitê de minoritários e um comitê de investimentos”, destaca João Parente, analista da AZ Quest. De acordo com Parente, Copel fecha a uma TIR 12% a 13% mais IPCA. “A empresa tem 7 gigawatts de capacidade instalada, tem subsidiárias e ativos próprios. Uma RAP (Receita Anual Permitida) em torno de R$ 12 bilhões e para sua linha de transmissão R$ 1,4 bilhões. E tem um ebitda em torno de 5.6 bi e 5.7 bi para esse 2023 e 2024, respectivamente.”
Privatização da Copel: ganho de governança
Segundo Parente, a Copel precisa ser privatizada para manter os 100% de participação de três usinas hidrelétricas: Foz da Areia, Salto Caxias e Segredo. Caso contrário, ela teria que ser minoritária ou não tocar mais os ativos. “A Copel privatizada seria muito positiva, pois traria um ganho de governança e melhora na liquidez. Também é possível que a redução do seu custo de capital seja refletida no seu target.”
Outro ponto seria o ganho de eficiência no segmento de transmissão em relação às concorrentes da Copel. Hoje, segundo Parente, ela opera com 72% de margem ebitda, abaixo dos pares, como Equatorial e Alupar, que operam na margem de 90%.
“Quando eu coloco na minha conta que a empresa será privatizada, vejo a Copel mantendo o nível de 50% de payout e uma alavancagem controlada de 2x ou 3x a dívida líquida por ebitda nos anos de 2024 a 2026. E, se a empresa não achar boas oportunidades de alocação de capital, tem espaço para subir o seu payout, até dobrá-lo”, afirma o analista.
Alavancagem da Equatorial
Segundo Mussili, os principais riscos do setor são as renovação da concessão de distribuição e deterioração econômica, embora os indicadores apontem para melhorias das atividades. “O risco das renovações de concessões é o que está pesando mais nos papéis da Copel, a grande discussão é se será cobrado um pedágio para as empresas que vencem a concessão nos próximos 5 a 7 anos. Como a regulação do retorno exige investimentos muito grandes e praticamente contínuos, ela já captura qualquer retorno em excesso que as empresas têm, menos o ganho de ser mais eficiente e bom operador”, diz Mussili.
Além disso, a alavancagem da Equatorial também é um sinal de atenção. “A Equatorial está com alavancagem alta decorrente das aquisições dos últimos anos. Mas entendemos que é um setor que roda com alavancagem mais alta. E a Equatorial é uma empresa que tem amplo acesso a crédito”, diz Mussili.
Do lado da Copel, o risco está em torno do processo de privatização e a alocação de capital futura. “Um cenário aberto é como vai ser dada a oferta para a empresa ser privatizada, se vai ser necessário fazer follow-on em bolsa, se terá mercado. Outro ponto é que se a privatização não ocorrer seria muito ruim. Outro risco é como ela vai fazer a alocação de capital, com essa alavancagem, para ter bons retornos”, explica Parente.
Agenda ESG no radar
Nos últimos tempos, Copel e Equatorial fizeram desinvestimentos em ativos não sustentáveis. Parente aponta que a Copel fez boas aquisições de ativos eólicos, com um TIR de mercado IPCA mais 12%. “Acredito que seja um movimento que faz sentido, mas não pode adicionar capacidade instalada sem fundamentos, é preciso ter retorno para o acionista.” Ele avalia que a venda de ativos e desinvestimentos podem gerar ganhos de alocação de capital ou dividendos.
A Equatorial, de acordo com Mussili, está 100% focada na energia renovável e vem desenvolvendo uma planta solar para vender a clientes menores, mostrando que deve priorizar as fontes de energia limpa em seu business