A inadimplência no ensino superior privado do Brasil teve uma alta de 51,7% em maio em relação ao mesmo período de 2019, para 23,9%; conforme informações divulgadas nesta segunda-feira (29) pelo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp).
Os dados são resultado da 3ª Pesquisa Cenário Econômico das Instituições de Ensino Superior Privadas. Segundo o diretor executivo da entidade, Rodrigo Capelato, os números refletem duas consequências da pandemia do novo coronavírus:
- crescimento do número de desempregados
- queda na renda dos trabalhadores.
As mensalidades atrasadas referentes aos cursos presenciais anotaram um crescimento ainda maior, 55,1%. Enquanto, os cursos de ensino a distância (EAD) tiveram alta de 8,6%.
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Ao mesmo tempo, o percentual de inadimplência nas instituições de grande porte em 23,4% e nas instituições de pequeno e médio porte ficou na casa dos 24,2% no período. Na relação mês a mês, registrou-se uma baixa de 9,1/% na inadimplência; queda de 11,4% no ensino presencial e 7,9% na modalidade a distância.
“Com relação à queda de maio ante abril, muitos alunos que estavam inadimplentes renegociaram, não necessariamente pagaram, mas parcelaram para pagar no segundo semestre ou depois de formados. Outro aspecto é que vários alunos tinham brecado o pagamento por conta do choque inicial da pandemia, pensando que iam perder renda, emprego, teriam suspensão do contrato de trabalho, ou que não haveria aula”, detalhou Capelato.
“Com o passar do tempo, e as coisas entrando minimamente em uma normalidade, aulas acontecendo, e vendo que a renda vai se manter, eles retomaram o pagamento”, complementou.
Alunos que trancaram ou desistiram no ensino superior aumentam em maio
Além disso, a pesquisa também apontou que houve um crescimento no número de alunos que desistiram ou trancaram a matrícula no mês de maio.
O volume de evasão subiu 14,3% em alunos dos cursos presenciais, enquanto, para EAD, a taxa caiu 2,4%. Em relação às pequenas e médias instituições, a evasão foi de 4,1%. Para universidades de grande porte, o resultado cresceu 9,9%.
Quando comparado ao mês de abril, o aumento foi de 31,3%. Um número próximo de 3,6% dos lugar estudantes deixaram o curso em maio, ante os 2,8% de abril. A modalidade de EAD registrou a maior taxa de evasão.
“A maioria dos estudantes não quer perder o investimento, e vemos que o movimento este ano concentra-se nos alunos do primeiro semestre, que começaram as aulas em março e, 15 dias depois, tiveram as aulas presenciais suspensas”, salientou o executivo.
Para Capelato, maio é um mês que normalmente apresenta índice de evasão superior ao de abril. Isso não significa que o crescimento registrado neste ano não seja somente resultado da pandemia.
“O nosso receio é na virada do semestre. Como o contrato no ensino superior é semestral, o aluno terá que se rematricular, e aí vários podem considerar que as aulas presenciais não serão retomadas neste ano, o que pode levá-los a trancar as matrículas para retomar no ano que vem. Por isso, nessa virada do semestre, podemos ter um aumento da evasão mais significativo”, afirmou o diretor do Semesp.