A Engie Brasil (EGIE3), maior empresa privada de geração 100% renovável do País, informou nesta quarta-feira (10) que concluiu a operação de alienação de 15% da participação societária detida na Transportadora Associada de Gás (TAG) para o grupo de investimento global CDPQ.
Com a transação, anunciada no último dia 28 de dezembro, a Engie S.A. manterá seu capital de 32,5% na empresa e a Engie Brasil Energia reduzirá a sua participação de 32,5% para 17,5%, permanecendo vinculada ao acordo de acionistas da TAG. A CDPQ, por sua vez, atingirá 50% na companhia.
Em relatório divulgado no início do mês, a Genial Investimentos rebaixou a recomendação para as ações da Engie para venda, pontuando que a negociação é negativa para a empresa e não avalia o ativo de maneira adequada.
A casa considerou que os múltiplos foram muito baixos, não precificaram a grande rentabilidade do ativo e nem consideraram altas margens, contratos de longo prazo, potencial de crescimento e prêmio de controle.
“Independente da nossa impressão sobre o evento em si, aos atuais níveis de preço achamos que a empresa não apresenta potencial de valorização interessante em relação ao nosso preço-alvo atual que sequer considera a destruição de valor implícita em relação a nossa avaliação da fatia que a TAG tem na empresa”, disse Vitor Sousa, analista do setor elétrico e saneamento da casa.
“Achamos que os termos apresentados foram pouco atraentes se considerarmos o nosso modelo proprietário de avaliação via fluxo de caixa descontado e os múltiplos implícitos da transação baseados nos fundamentos do ativo nos últimos 12 meses”, completou o analista.
Ainda de acordo com a Genial, a relação dívida liquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) era saudável no fechamento do terceiro trimestre de 2023, em 2,1 vezes.
“Sendo assim, imaginamos que a empresa pode destinar esse recurso para o pagamento de dividendos ou aquisição de ativos operacionais de grande porte”, afirmou Sousa.
A Genial reduziu a recomendação para as ações da Engie para venda, com preço-alvo estabelecido em R$ 42,00.
Veja mais detalhes sobre a operação entre a Engie e a TAG
O anúncio segue a aquisição prévia de 90% do capital da TAG pela Engie e CDPQ, em junho de 2019. Em 2020, Engie e CDPQ concluíram a aquisição das ações restantes.
Para a Engie, o objetivo do negócio com a TAG é promover a rotação de ativos e concentrar a atenção no plano de investimentos da companhia em geração e transmissão de energia elétrica.
“A venda parcial da participação da Engie Brasil Energia na TAG está alinhada ao nosso plano de investimentos em novas plantas renováveis e transmissão de energia, possibilitando a melhor alocação de capital nos dois segmentos que estão no centro da nossa estratégia de crescimento”, disse Eduardo Sattamini, diretor-presidente da companhia, no fim de dezembro.
Segundo Eduardo Takamori, diretor Financeiro e de Relações com Investidores da Engie Brasil, o desinvestimento parcial na TAG é uma “opção atrativa” para implementar uma rotação de ativos, em momento em que a companhia possui um pipeline sólido de projetos em implantação, “sem aumentar a pressão sobre a alavancagem, ratings e payout”, explicou.
Conforme Emmanuel Jaclot, vice-presidente executivo e chefe de Infraestrutura da CDPQ, a TAG tem apresentado forte performance desde o investimento inicial, há cerca de cinco anos.
“O anúncio de ontem é consistente com a estratégia da nossa equipe de investimentos em infraestrutura: neste caso, reinvestir em uma empresa do nosso portfólio com ativos bem contratados, liderada por uma equipe de gestão experiente – e no Brasil, um país onde temos a ambição de continuar crescendo nosso portfólio nos próximos anos”, disse Jaclot sobre a venda da fatia da Engie na TAG para a CDPQ.
Desempenho das ações da Engie Brasil
Cotação EGIE3