Eneva (ENEV3) iniciará campanha com ‘gás não convencional’
A Eneva (ENEV3) vai fazer a primeira perfuração não convencional de gás natural do Brasil em 2022, confirmou nesta terça (8) o diretor de Operações da empresa, Lino Cançado, durante apresentação no Eneva Investor Day.
A apresentação destacou os planos da Eneva até 2030, quando pretende atuar também na área de energias renováveis (captura e armazenamento de carbono e hidrogênio).
“Se o primeiro teste for exitoso, com o poço vertical, vamos fazer um horizontal e depois no desenvolvimento você começa a perfurar uma grande quantidade de poços de uma forma quase de uma fábrica”, disse Cançado.
O plano é fazer três poços este ano na bacia do Parnaíba, no Maranhão, até a rocha geradora de gás, que será fraturada para testar o potencial dessa tecnologia no Brasil.
O gás não convencional foi responsável pela queda drástica de preço do insumo nos Estados Unidos e a volta do país à condição de exportador de energia.
Ambientalistas porém criticam a técnica, já que além de utilizar muita água para sua produção, pode contaminar lençóis freáticos com os solventes utilizados.
A campanha da Eneva conta com um edital que será lançado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) para testar o gás não convencional no Brasil, no âmbito do programa Poço Transparente.
“Vai ser publicado o edital pelo MME as empresas vão entregar suas propostas. Isso vai facilitar, por exemplo, o processo de licenciamento ambiental. O governo quer testar essa tecnologia, pode trazer uma revolução no País”, disse Cançado.
Segundo o diretor, todo o processo será acompanhado em tempo real pela sociedade, para desmistificar a visão negativa em relação à técnica utilizada de fraturamento hidráulico. “Será possível acompanhar para ver que o processo é feito de maneira segura e ambientalmente controlada”, afirmou.
De acordo com Cançado, os custos para a exploração do gás não convencional – que tem declínio mais rápido do que os poços convencionais – serão amenizados pelo fato da empresa não ter custo adicional com infraestrutura.
“Vamos aproveitar as instalações que construímos ao longo dos últimos 10 anos”, explicou o executivo.
Térmica de 600 MW no AM pode ser reavaliada, diz Eneva
A Eneva não desistiu da construção de uma termelétrica de 600 megawatts em Manaus, no Amazonas, apesar das negociações com a Petrobras sobre o Polo de Urucu não terem ido para frente.
Mas o projeto teve o ritmo reduzido diante de outras prioridades, informou o diretor de Novos Negócios, Marcelo Lopes, durante o Eneva Investor Day.
Ele admitiu que até mesmo a compra de Urucu poderá ser repensada no futuro, se a Petrobras retomar o processo de venda por um valor mais adequado. “Urucu continua no radar da companhia, foi uma questão de mudança de prioridade”, disse Lopes no evento virtual.
Segundo a própria Eneva, as negociações com a Petrobras (PETR4) fracassaram por conta da disparada do preço do petróleo e pelo aumento das reservas próprias.
De acordo com o executivo, na região Norte as prioridades da Eneva agora são a monetização do projeto Azulão-Jaguatirica, que reproduz o sistema Reservoir-to-widare (R2W) já utilizado pela empresa, com termelétricas construídas perto da produção do gás, e Juruá, na bacia do Solimões, onde adquiriu sete blocos em 2020.
“Acredito no potencial da região Norte e no nosso fundamento de que mercado de geração termelétrica, ou seja, a demanda de geração termelétrica do sistema interligado vai ser uma das principais destinações do gás na região”, disse Lopes.
“A gente já monetizou Azulão 1 no primeiro leilão de capacidade que aconteceu no ano passado, a gente gostou muito desse modelo de leilão porque traz uma capacidade de gestão do reservatório muito interessante”, complementou.
Segundo ele, a expectativa é de que o complexo termelétrico de Azulão-Jaguatirica participe dos leilões de energia em 2022 e 2023. O plano é acrescentar 1 gigawatt de geração térmica “no coração da Amazônia” com Azulão.
“O parque hídrico no Norte do Brasil é a fio d’água, sempre vai precisar das termelétricas, além da intermitência das renováveis. Mesmo que em Boa Vista seja interligado ao SIN, ainda terá questões para equilibrar (o abastecimento de energia) na ponta”, destacou o diretor de Operações da Eneva, Lino Cançado.
Com informações do Estadão Conteúdo