Endividamento afeta produtividade e empresas podem ajudar, diz pesquisa

O endividamento faz com que os colaboradores de uma empresa possuam as piores experiências no trabalho e, de forma geral, não consigam se manter motivados e produtivos. Essa é a conclusão a partir de dados apresentados pela pesquisa FIA Employee Experience (FEEx), da Fundação Instituto de Administração (FIA).

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Segundo a pesquisa, cerca de 5,2% dos colaboradores entrevistados possuem dívidas fora do controle. Essa realidade na vida pessoal transborda para o trabalho o que os leva a ter as piores experiências no ambiente profissional graças a esse endividamento.

“As pessoas que conseguem se organizar financeiramente estão mais satisfeitas com o trabalho e, de maneira mais ampla, estão mais motivados, ativando melhor suas motivações. Então ele é mais satisfeito, produtivo, tem mais chance de crescer na carreira, alcançando maiores rendimentos, conseguindo se envolver pessoalmente e profissionalmente se tiver dívidas apenas planejadas [como financiamento de imóvel, por exemplo] ou for um poupador”, disse Filipe Talamoni Fonoff, pesquisador e coordenador técnico da pesquisa.

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De acordo com a pesquisa, mais da metade dos funcionários ouvidos (57,3%) possuem dívidas, menores ou maiores. O pesquisador destaca que, apesar do percentual relativamente alto, o endividamento se for bem planejado pode ser benéfico ao trabalhador.

“Endividamento é ruim? Não, não é ruim. O endividamento, hoje no Brasil, pode ser de fato um benefício que as pessoas podem se desenvolver, com um lugar melhor para morar, um carro para se locomover, graças a taxa de juros em um patamar menor”, disse o pesquisador.

Além disso, segundo Fonoff, com a queda na taxa básica de juros (Selic), a tendência é que as pessoas possam se endividar cada vez mais como parte de um processo de aquisição de bens, como imóveis, por exemplo.

“Deixamos de experimentar taxas de juros nocivas para a população e, muito embora isso não tenha chegado para todo mundo ainda, a tendência é que isso aconteça, mas também por uma competitividade maior de quem provém crédito para as pessoas”, afirmou.

Empresas podem (e devem) ajudar endividados

A pesquisa FIA Employee Experience (FEEx) mostrou ainda que as companhias têm a possibilidade de ajudar os funcionários com problemas financeiros, começando pela conscientização em relação à educação financeira e o controle da dívida dos colaboradores.

“A empresa pode e deve fazer uma orientação sobre hábitos de consumo de produtos de crédito. Isso é muito importante para que alguém que, por exemplo, vá ingressar no financiamento de um bem que não precisava e acabou por ocasionar um endividamento que ela não podia”, disse Fonoff.

Para além da orientação, as companhias também têm a possibilidade de auxiliar o funcionário com a concessão de crédito consignado, por exemplo.

“Resgatar as pessoas, os próprios funcionários, que estiverem em dificuldade, trocando dívidas caras e mal adquiridas, por dívidas mais baratas, seja através de consignado em parceria com uma instituição. As empresas podem emprestar dinheiro e, se possível, ajudar a fazer a renegociação dessa dívida junto ao credor dessa pessoa”, afirmou.

Segundo o pesquisador, há ainda um terceiro ponto que as companhias podem também auxiliar com subsídios a obtenção de um financiamento para a moradia dos empregados.

“A empresa pode entrar junto e orientar sobre a vida financeira pessoal, mas, de fato, fazer um subsídio em relação a moradia, oferecendo um serviço, uma operação mais bem estruturada para o funcionário”, disse.

De acordo com o pesquisador, ao organizar a vida financeira dos colaboradores, as companhias conseguem gerar retornos práticos para ela mesma.

“Fazendo isso, há um retorno, pois as empresas estão ali para gerar resultado. A questão é que conseguimos uma empresa mais produtiva, mais eficiente, através do bem-estar da pessoa, é um ganha-ganha. Não somos partidários que a empresa controle a vida pessoal, mas a orientação é de oferecer serviços quando são benéficos, retornando à empresa na condição psicológica”, completou o pesquisador e coordenador técnico da pesquisa sobre o endividamento.

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Vinicius Pereira

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