Durante o primeiro ano da pandemia, em 2020, foram 14,5 mil empresas prestadoras de serviços não financeiros fechadas. Além disso, foram 313,3 mil postos de trabalho extintos. Os dados são da Pesquisa Anual de Serviços (PAS), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (24).
O número de empresas encolheu 1,1% em relação a 2019, enquanto o pessoal ocupado recuou 2,4%.
No entanto, os impactos foram mais drásticos nas atividades que prestam serviços presenciais. Nos serviços prestados às famílias, 59.835 empresas fecharam as portas e 467.882 pessoas perderam o trabalho.
O segmento inclui os serviços de alojamento, alimentação, atividades recreativas e culturais, serviços pessoais e ensino continuado.
“A atividade de serviços é muito heterogênea. Então elas se adequaram muito individualmente ao cenário de pandemia”, explicou Marcelo Miranda Freire de Melo, técnico da pesquisa do IBGE.
“As atividades que não tinham necessidade presencial, que podiam ter home office ou teletrabalho, não tiveram tanto impacto”, justificou.
Os serviços prestados às famílias tiveram a maior queda proporcional em número de empresas, um enxugamento de 14,3%.
O subsetor que mais perdeu postos de trabalho, em números absolutos, foi o de serviços de alimentação, o equivalente a 329,2 mil vagas eliminadas.
Proporcionalmente, o segmento que mais cortou trabalhadores foi o de agências de viagens, operadores turísticos e outros serviços de turismo, uma queda de 28,4% no pessoal ocupado.
“As atividades que se adaptaram mais rapidamente, em que era possível usar o teletrabalho, ou até atividades essenciais, como o transporte de cargas, foram as menos afetadas pela pandemia”, disse Melo.
A atividade de seleção, agenciamento e locação de mão-de-obra teve o maior aumento de pessoas ocupadas, tanto em termos absolutos, com 143,1 mil contratações, como em porcentuais, alta de 22,2% no pessoal ocupado.
Balanço das empresas
Em 2020, o setor de serviços tinha 1,4 milhão de empresas no País, que geraram R$ 1,8 trilhão em receita operacional líquida e R$ 1,1 trilhão de valor adicionado.
O setor dava emprego para 12,5 milhões de pessoas, que receberam R$ 373,5 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, uma queda de 4,0% ante 2019.
O salário médio mensal nacional do setor de serviços em 2020 foi de 2,2 salários mínimos. Os serviços de informação e comunicação permaneciam com os maiores salários, uma média de 4,5 salários mínimos em 2020, enquanto serviços prestados principalmente às famílias tinham os menores, apenas 1,4 salário mínimo, em média.
Na passagem de 2019 para 2020, as atividades que mais obtiveram avanço de participação na receita operacional líquida dos serviços foram serviços técnico-profissionais (1,1 ponto porcentual), transporte rodoviário de cargas (1,1 ponto porcentual) e serviços auxiliares financeiros, dos seguros e da previdência complementar (0,7 ponto porcentual).
As maiores perdas ocorreram nos serviços de alimentação (-1,7 ponto porcentual), transporte aéreo (-1,2 ponto porcentual) e transporte rodoviário de passageiros (-1,2 ponto porcentual).
Em 2020, o Sudeste concentrava 65,4% das empresas de serviços, 64,5% das remunerações pagas aos trabalhadores, 57,4% da mão de obra ocupada no setor e 56,0% no total de empresas em funcionamento.
Em relação a 2019, a Região Sudeste ganhou em participação no total nacional em receita bruta (1,5 ponto porcentual), pessoal ocupado e salários (0,8 ponto porcentual) e salário, retiradas e outras remunerações (1,2 ponto porcentual).
O dado das empresas de serviços mostram que Região Nordeste foi a que sofreu as maiores perdas nas mesmas variáveis: -0,7 ponto porcentual, -0,7 ponto porcentual e -0,9 ponto porcentual, respectivamente.
Com informações do Estadão Conteúdo