Embora o Brasil já tenha um mercado de capitais desenvolvido, algumas empresas optam por abrir capital (IPO, em inglês) nos Estados Unidos devido à perspectiva a valorização de seus papéis. Além disso, grande parte das empresas brasileiras que realizaram IPO nos EUA são focadas em tecnologia e buscam a listagem em mercados internacionais com o objetivo de atrair investidores especializados nesse segmento.
Para se ter base de comparação, a pandemia do novo coronavírus paralisou a economia tradicional, porém, impulsionou o setor de tecnologia, que está se tornando cada vez mais acessado em razão do isolamento social. Com isso, a maioria das empresas brasileiras que realizaram IPO nos EUA apresentaram valorização em seus ativos.
Portanto, veja cinco empresas brasileiras que abriram o capital no exterior e como está sua cotação atual. Os gráficos são do Status Invest.
XP Investimentos
A XP Investimentos (XP) é uma corretora de câmbio, títulos e valores mobiliários, considerada uma das maiores do Brasil. A empresa decidiu em dezembro de 2019 realizar seu IPO na Nasdaq. Com a oferta a XP captou US$ 2,25 bilhões (equivalente a R$ 12,6 bilhões hoje) na bolsa de valores norte-americana. Na estreia, a corretora foi avaliada em US$ 14,9 bilhões.
O presidente da XP, Guilherme Benchimol, afirmou que optou por abrir capital no exterior para se conectar aos principais investidores do mundo.
“Optamos pela listagem na Nasdaq porque acreditamos que nos conectará com os principais investidores do mundo, trazendo as melhores práticas internacionais para a nossa empresa, além de nos dar espaço para novas emissões de ações, sem colocar em risco o controle da empresa e a sua total independência – fato esse que não seria possível por meio da legislação brasileira atual”, informou Benchimol por meio de um comunicado enviado ao mercado.
Na estreia, dia 11 de dezembro de 2019, os papéis eram negociados a US$ 37,71. Na negociação da semana passada, sexta-feira (9), as ações estavam cotadas a US$ 39,16.
PagSeguro
O PagSeguro (PAGS),empresa do grupo UOL que oferece soluções para pagamentos online e presencial, realizou seu IPO nos EUA, na NYSE em 2018, com oferta de US$ 2,61 bilhões.
Na época, foi o segundo maior IPO global no primeiro trimestre e o quarto maior IPO de tecnologia da história.
O PagSeguro foi pioneiro ao oferecer a aquisição da maquininha de cartão em 2013, ao invés de cobrar aluguel. Além disso, tornou- se o primeiro brasileiro listado em Nova York a ter BDR (certificado de depósito de ações estrangeiras negociada na bolsa brasileira). As negociações na B3 iniciaram em fevereiro deste ano, com o código PAGS34.
O PagSeguro viu seus papéis quase dobrarem de valor desde a estreia. No dia 24 de janeiro, a ação era negociada a US$ 27,98. Na semana passada, os papéis eram cotados a US$ 47,98.
Stone
Concorrente do PagSeguro, a Stone (STNE), abriu seu capital na Nasdaq em 2018. A processadora de cartões de crédito precificou acima da faixa indicativa e levantou US$ 1,5 bilhão. Na época os papéis estavam na faixa de preço entre US$ 21 e US$ 23 e foram vendidos a US$ 24.
A empresa brasileira atraiu investidores importante para o IPO, como a Berkshire Hathaway Inc., de Warren Buffet que adquiriu 11,3% e a Ant Financial, subsidiária de pagamento da gigante de e-commerce chinesa Alibaba, que desembolsou US$ 100 milhões.
A Stone, que atua no mercado desde 2014, observou seus papéis saltaram de US$ 24 na estreia para US$ 70,91 na sexta-feira passada.
Azul
A Azul realizou seu IPO simultaneamente na bolsa de valores do Brasil e dos Estados Unidos. Em 2017 a companhia aérea decidiu abrir seu capital na B3 (AZUL4) e na NYSE (AZUL). Ao todo a companhia captou R$ 2,02 bilhões.
Na época, a Azul entrou com um pedido na comissão de valores mobiliários americana (SEC) para realizar uma oferta de ações preferenciais de US$ 100 milhões, na forma de recibos de ações, na Bolsa de Valores de Nova York.
Com o agravamento da pandemia, a companhia apresentou volatilidade em seus papéis no exterior. No dia 11 de abril de 2017, as ações foram negociadas a US$ 21 , após quatro anos de listagem, os papéis estavam em US$ 22,05.
Afya Educacional
A Afya Educacional (AFYA), maior grupo de educação médica do Brasil, abriu seu capital na Nasdaq em 2019 com ações subindo 20% na estreia. Na época a empresa precificou a ação em US$ 19, acima do topo da faixa indicativa que era entre US$ 16 e US$ 18. O grupo brasileiro de educação levantou US$ 300 milhões com o IPO.
A Afya foi criada pela união da NRE Educacional, fundada por médicos, com a Medcel, empresa líder em cursos preparatórios para residência médica.
A companhia observou volatilidade em seus papéis desde a estreia, no dia 19 de julho de 2019, as ações estavam em US$ 24,09. Na semana passada, sexta-feira, os papéis eram negociados a US$ 21,70.
O CEO do grupo brasileiro de educação médica, Virgillio Gibbon, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico, que com o IPO nos EUA a empresa passou a contar com um grupo de investidores internacionais, “acostumados a práticas de nível global, com isso todos ganham”.
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