A Climate Bonds Initiative (CBI) estima que as emissões de títulos de dívidas dirigidos para aperfeiçoar padrões ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG, na sigla em inglês) chegarão a US$ 350 bilhões (cerca de R$ 1,98 trilhão) nesse ano, com alta de 36% na comparação anualizada. A informação foi divulgada durante uma transmissão ao vivo na Conferência Anual do banco Santander.
A CBI informou que desde o início do ano, até agora, cerca de US$ 116,6 bilhões (cerca de R$ 658,9 bilhões) de títulos de dívida voltados a melhores práticas ESG já foram emitidos.
A vice-presidente e diretora de desenvolvimento de mercado da CBI, Justine Leigh-Bell, destacou que os investidores tem buscado por mais empresas que contam com políticas e estratégias direcionadas a impactos positivos nos âmbitos social e ambiental.
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“Os green bonds se tornaram uma diretriz para investidores e é essencial para as emissões hoje em dia. No início, houve uma série de discussões sobre não ter normas nesse mercado, mas é algo que funciona apenas por um período”, disse Leigh-Bell.
Vale destacar que green bonds são títulos que são emitidos com o intuito de financiar investimentos que são considerados sustentáveis.
Na ocasião, a vice-presidente ainda comentou sobre a agenda ambiental que a União Europeia trouxe, e salientou que “isso tem sido impressionante no sentido de todos falarem uma só língua, o que é fundamental quando tentarmos alcançar uma escala maior, já que reduz atritos, ajuda a tomar decisões mais rapidamente e a decidir onde vamos investir. Todos temos que estar no mesmo nível para que as mudanças aconteçam a nível global”.
Por sua vez, o diretor adjunto de gestão de dívida de mercados emergentes da Amundi AM, Maxim Vydrine, sinalizou que “cada ano temos novos países emitindo títulos verdes e entrando nesse mercado. No Brasil, por exemplo, vemos inclusive uma diversificação de setores, com uma série de emissores do setor financeiro, de alimentos e de transporte”.
Investimentos ESG no Brasil
O tema, embora seja antigo, tomou maiores proporções no Brasil após sete grandes empresas de investimento europeias afirmarem à agência “Reuters” que deixariam de investir no Brasil, caso o País não apresente uma solução para o desmatamento na Amazônia.
O corte de investimentos, segundo o jornal, incluiria produtores de carne, operadoras de grãos e até títulos do governo brasileiro. Com essa atitude, os grupos mostram que o setor privado está tomando atitudes globais para proteger a Amazônia.
Apesar do otimismo e avanço com esse tipo de ações, especialistas do mercado financeiro brasileiro acreditam que a emissão de bônus ESG tem potencial para ser “muito mais amplo” caso os segmentos de crédito e imobiliário sejam observados com mais atenção pelo mercado.