Embraer lança primeiro jato militar após fusão com a Boeing

A Embraer Defensa e Segurança (EDS) lançou o seu primeiro avião nesta terça-feira (18). Esse é o primeiro produto lançado desde a fusão do segmento de aviação comercial com a Boeing (BOEI34), que resultou na criação da Boeing Commercial.

Para desenvolver o produto, a Embraer Defesa e Segurança assinou um acordo de cooperação com a Elta Systems, subsidiária da Israel Aerospace Industries (IAI).

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A parceria permitirá de desenvolver o P600 AEW, um jato de alerta antecipado e inteligência. O anúncio foi realizado durante a 53ª edição do Paris Air Show International, na França.

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Segundo os termos da parceria, a EDS fornecerá a plataforma aérea, sistemas de solo, sistemas de comunicações e integração de aeronaves. Por sua vez a ELTA fornecerá o radar AEW, o sistema de inteligência e sinais SIGINT e outros sistemas eletrônicos.

Mercado da inteligência aérea

P600 AEW tem como objetivo entrar no crescente mercado para da inteligência aérea, vigilância e reconhecimento. O avião poderá realizar várias missões. Entre elas:

  • monitorar e fornecer imagens de atividade aérea em áreas fora da cobertura dos radares terrestres
  • defesa aérea
  • alerta antecipado
  • comando e controle
  • defesa territorial
  • vigilância marítima

Fusão com a Boeing

A partir do final de maio as operações de aviação civil da Embraer (EMBR3) passaram a se chamar Boeing BrasilCommercial. Foi esse o nome escolhido para a nova empresa resultante da compra da divisão de aviação civil pela Boeing. Dessa forma, o nome Embraer desapareceu nas produções para a aviação civil.

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Ainda não foi definido o nome que será adotado pela série de aviões E-Jets E2. Essa família de jatos regionais da empresa brasileira foi a maior razão que levou a Boeing a se interessar a fusão.

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Por outro lado, a Boeing não poderá utilizar o nome Embraer. Isso por causa da existência da ESD, empresa que continua operando com esse nome no Brasil, apenas nos setores de defesa e aviação executiva. Uma divisão prevista no acordo entre a fabricante brasileira e a contraparte norte-americana.

Processo acelerado de fusão

O processo de fusão das duas empresas está em fase acelerada. A operação foi aprovada pelo governo brasileiro – que possui uma golden share na Embraer – em janeiro. Um grupo de cerca de cem pessoas está trabalhando ativamente para concretizar a união com a Boeing. Atualmente está sendo levado adiante o chamado “carve-out”, ou retirada do segmento da aviação civil das atividades da fabricante brasileira.

O ex-presidente da Boeing Internacional, Marc Allen, está capitaneando as operações diretamente de São José dos Campos, sede da matriz da Embraer.

Saiba mais: Receita líquida da Embraer cai e empresa lidera perdas no Ibovespa 

Entretanto, ainda são necessárias as aprovações dos órgãos regulatórios de nove países antes que a operação possa ser concluída definitivamente. Até agora somente três já aprovaram a fusão: Quênia, África do Sul e Colômbia.

As autoridades de proteção da concorrência do Brasil estão trabalhando sobre o caso, assim com as dos EUA, cuja aprovação está prevista para agosto. A China deverá apresentar luz verde até o final do ano. A previsão de finalização de todo o processo está prevista para o começo de 2020.

Relembre o caso

A Embraer é uma empresa criada em 1969 durante o governo militar como estatal. Privatizada em 1994, ela ainda é a maior exportadora nacional de produtos com alto valor agregado.

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A Embraer aprovou com a Boeing os termos do acordo de fusão em julho de 2018. O contrato prevê a criação de uma joint venture, ou seja, uma nova empresa de aviação comercial no Brasil.

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A operação foi a maior da história no setor aeronáutico do Brasil. As complexas negociações se arrastaram por mais de um ano, com o governo brasileiro que também apresentou uma certa resistência.

Cerca de 10 mil dos 18,5 mil funcionários atuais da Embraer (dos quais 16,5 mil deles no Brasil), serão empregados na nova empresa.

A empresa, avaliada em US$ 5,26 bilhões, terá 80% de controle americano e 20%, de propriedade da Embraer.

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Inicialmente, quando as duas fabricantes de aeronaves assinaram um memorando, o valor era estimado em US$ 4,75 bilhões. Entretanto, a Boeing aumentou seu aporte financeiro na nova empresa.

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A Boeing pagará US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 16,8 bilhões), cerca de 10% a mais do que era previsto. No entanto, este valor supera em mais de 7% o valor de mercado total da fabricante brasileira. O maior valor de mercado já registrado pela Embraer foi em novembro de 2015, quando a companhia atingiu R$ 22,39 bilhões.

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Além disso, os 20% de propriedade da fabricante brasileira poderão ser vendidos para a Boeing a qualquer momento, por meio de uma opção de venda.

A Boeing também terá 49% de outra joint-venture, dedicada à venda do avião de transporte militar multimissão KC-390. Allen será o representante americano em seu conselho, que será controlado pela Embraer.

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Nova empresa

A Boeing fará o controle operacional e de gestão da nova empresa. Os executivos da jointventure responderão diretamente ao presidente e CEO da Boeing, Dennis Muilenburg. Todavia, a operação, se aprovada, será liderada por uma equipe de executivos no Brasil.

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A Embraer manterá o poder de decisão para temas específicos que foram definidos em conjunto, como a transferência das operações do Brasil.

Em 2017, a área de aviação comercial da fabricante brasileira representava 57,6% da receita líquida da empresa. Essa área foi responsável por US$ 10,7 bilhões de um total de US$ 18,7 bilhões da receita da Embraer.

No entanto, a Boeing apresenta uma receita anual cerca de 16 vezes mais alta que a da Embraer. Em 2017, a brasileira faturou US$ 5,8 bilhões, enquanto a fabricante norte-americana US$ 93,3 bilhões.

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A Boeing é a principal fabricante de aviões comerciais para voos de longo alcance. Por outro lado, a Embraer lidera o mercado de jatos regionais, com aeronaves para vôos a distâncias menores.

A Embraer espera um resultado de aproximadamente US$ 3 bilhões na fusão com a Boeing, descontados os custos de separação.

Carlo Cauti

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