A Associação Brasileira de Investidores (Abradin) protocolou notícia-crime contra o diretor de relações com investidores da Embraer, Nelson Krahenbuhl Salgado, e o conselho de administração da empresa. A notificação foi registrada na última segunda (18).
A Abradin acusou Salgado e os conselheiros de falsidade ideológica, indução de investidor a erro e crime contra o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Segundo a organização, eles omitiram do mercado os termos do Memorando de Entendimentos. Embora tenha sido firmado com entre a Embraer e a Boeing em julho de 2018, as informações só se tornaram públicas em outubro, quando anexadas na ação movida pelo Ministério Público do Trabalho contra a transação.
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“Trata-se de uma operação eivada de ilegalidades, tanto no que diz respeito à lei das SA quanto aos aspectos criminais abordados em nossa notícia-crime”, disse o presidente da Abadin, Aurélio Valporto.
A petição da associação alega que fatos relevantes de uma operação, conhecidos pelos conselheiros mas não informados ao mercado, devem ser comunicados ao Conselho de Valores Mobiliários (CVM), segundo determinação do artigo 60 do conselho.
A Embraer nega a irregularidade. “A Embraer não tem conhecimento de qualquer notícia-crime perante o Ministério Público Federal e continuará a esclarecer eventuais dúvidas que lhe forem apresentadas pelo MPF ou por qualquer outro órgão governamental ou judicial”, informou a fabricante em nota. “Além disso, a empresa reitera que vem mantendo o mercado consistentemente informado das tratativas e evoluções relativas à transação com a Boeing, cumprindo com todas as normas referentes à divulgação de informações”.
Os conselheiros acusados pela Abradin:
- Alexandre Gonçalves Silva
- Alexandre Magalhães Filho
- Cecília Mendes Garcez Siqueira
- Dejair Losnak Filho
- Israel Vainboin
- João Cox Neto
- José Magno Resende de Araújo
- Maria Letícia de Freitas Costa
- Pedro Wongtschowsky
- Raul Calfat
- Sérgio Eraldo de Salles Pinto
Acionistas de minoria da Embraer tentam investida contra a Boeing
Na semana passada, a revista Exame publicou que um grupo de acionistas de minoria da Embraer realizaria nos próximos dias uma investida contra a fusão com a Boeing. O grupo quer pressionar o governo para tentar impedir a união das duas fabricantes de aviões.
Segundo a reportagem, os acionistas minoritários da Embraer se juntariam com um grupo de advogados. Eles tentarão pressionar a ala militar do governo, salientando como essa fusão beneficiaria apenas a Boeing.
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Os acionistas alegam que a fusão levará toda a equipe de pesquisa e desenvolvimento a ser transferida para a joint venture controlada pela Boeing. Isso tiraria de uma das mais inovadoras empresas brasileiras sua capacidade de crescer.
Um dos principais objetivos da Boeing seria a Eleb, empresa subsidiária da Embraer. A Eleb projeta trens de pouso e é considerada uma empresa líder em nível mundial.