Criada em 1969 com o objetivo de construir uma indústria aeroespacial no Brasil, a Embraer (EMBR3) ou Empresa Brasileira de Aeronáutica, privatizada em 1994, tem como base o atendimento de quatro segmentos principais: o de aviação comercial, aviação executiva, defesa e segurança, além de serviços – este último, que presta suporte aos outros três.
O segmento de aviação comercial, inclusive, é uma das categorias mais cobiçadas pela fabricante de aviões, que prevê uma demanda de 11 mil jatos jato e turboélices com até 150 assentos, avaliados em US$ 650 bilhões (R$ 3,1 tri, na cotação atual) nos próximos 20 anos.
A divisão da Embraer entregou 90 aeronaves em 2019 – período pré-pandemia – e projeta conceder entre 65 a 70 unidades em 2023. “A projeção informal para 2025 é de entregar acima de 75 aeronaves, ainda em ritmo de recuperação, mas mostrando crescimento”, disse Diego Bottai, partner na Norte Asset Management, durante o evento Super Clássicos da Bolsa, promovido pela XP (confira a programação completa).
No caso da aviação executiva, cujo principal mercado são os Estados Unidos, a Norte também enxerga um segmento com grande potencial de crescimento. Em 2019, o número de entregas chegou a quase 110; em 2023, a perspectiva é de fornecer entre 120 e 130 aviões e para o ano que vem, entre 135 e 140 aeronaves.
Já o setor de defesa e segurança da Embraer tem como carro-chefe o modelo KC390, tendo o Brasil como seu principal cliente, com 19 pedidos. Além de ser encomendado pela Força Aérea Brasileira (FAB), a aeronave possui pedidos firmes de Portugal, Hungria e Holanda – ambos membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
Eve: por que não é precificada pelo mercado?
Fabricante do eVTOL, que desenvolve aeronaves elétricas de decolagem e pouso vertical para futura circulação nas cidades, a Eve Air Mobility é uma subsidiária da Embraer criada em 2020 e, desde maio do ano passado, é listada na Bolsa de Nova York.
Na segunda-feira (19), a Eve anunciou seus três primeiros fornecedores para uma aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL). Os fornecedores são a BAE System, a DUC Hélice Propellers e a Nidec Aerospace LLC.
Atualmente, o valor de mercado da Eve está na casa dos US$ 2,7 bilhões. Já a Embraer, dona de 90% da subsidiária, possui valor de mercado de US$ 3,1 bilhões. Sendo assim, se é tão valiosa, por que não é observada pelo mercado?
“Se for pensar na Eve, eu tenho a segurança de que a Embraer vai fazer um bom produto, tem uma experiência grande em fazer aeronaves. O que eu não tenho segurança é se realmente esse mercado existe, qual seu tamanho, se a infraestrutura vai ser viável. O carro voador vai substituir o helicóptero? Tem todo esse apelo ESG, mas tenho dúvida se esse mercado vai existir no médio prazo”, questionou Diego Bottai, da Norte Asset Management.
A subsidiária da Embraer planeja iniciar a montagem do primeiro protótipo do eVTOL durante a segunda metade de 2023, seguido pela campanha de testes em 2024. As primeiras entregas e a entrada em serviço da aeronave estão programadas para 2026.
Cotação EMBR3
Falando em ESG…
Fundada em 1961 em Jaraguá do Sul (SC), a WEG (WEGE3) é considerada uma das maiores produtoras de motores elétricos de baixa tensão do mundo. As ações da Weg tem recomendação de compra pela XP pela exposição em mercados de alto crescimento, nível de retorno sobre capital investido considerado muito acima dos pares, além do patamar muito atrativo na perspectiva de geração de valor da companhia.
“A Weg tem uma governança maravilhosa. Historicamente promete pouco, mas entrega bastante, faz parte do pacote da questão da governança em si. Normalmente, se a empresa tem o G bom, o E e o S serão bons também”, apontou Carolina Ujikawa, portfolio manager na Bradesco Asset Management.
Segundo ela, a empresa está muito bem posicionada tanto no Brasil quanto globalmente em relação a questões como transição energética, por exemplo. Além disso, sua exposição a motores de baixa tensão, segmento deixado de lado por várias empresas internacionais, fez com que a WEG atraísse em mercados nos Estados Unidos e na Europa.
“A WEG tem a base para conseguir desenvolver os produtos, além de várias possibilidades de crescimento que independem do PIB do Brasil ou global, mas são tendências globais que estão acontecendo e que ela consegue se adaptar. A pandemia teve uma venda solar muito forte que acabou beneficiando a companhia, criando uma base difícil de ser baixada”, complementou.
Weg: lucro saltou 38%, para R$ 1,3 bilhão, no 1T23
A Weg apresentou lucro líquido de R$ 1,306 bilhão no primeiro trimestre de 2023 (1T23), conforme balanço divulgado no fim do mês de abril. Com isso, o lucro da Weg apresenta alta de 38% ante igual etapa do ano anterior e 9,5% ante o trimestre imediatamente anterior.
O EBITDA da WEG no 1T23 foi de R$ 1,689 bilhão, sendo 37% superior ao 1T22 e 8,3% superior ao 4T22, enquanto a margem EBITDA de 21,9% foi 3,8 pontos percentuais maior do que no 1T22 e 2,4 pontos percentuais maior do que o trimestre imediatamente anterior.
A Receita Operacional Líquida da companhia no trimestre foi de R$ 7,69 bilhões no 1T23, 12,7% superior ao 1T22 e 3,6% inferior ao 4T22. O Retorno Sobre o Capital Investido (ROIC) atingiu 31,4% no 1T23, crescimento de 1,7 ponto percentual em relação ao 1T22 e crescimento de 2,0 pontos percentuais em relação ao 4T22.
Embraer teve prejuízo de R$ 467 milhões no primeiro trimestre
A Embraer reportou prejuízo líquido ajustado de R$ 466,9 milhões no primeiro trimestre de 2023 (1T23), ante perdas de R$ 412,3 milhões no mesmo período do ano passado. Assim, foi registrada um crescimento de 13,2% no prejuízo da Embraer no comparativo anual.
A empresa teve receita líquida de R$ 3,726 bilhões no período de janeiro a março de 2023, expandindo ante os R$ 3,076 bilhões do primeiro trimestre do ano passado. Esse crescimento, de 21%, veio em linha com o projetado pela companhia, de acordo com comentário divulgado no release de resultados.
O resultado foi decorrente do melhor mix de entregas na aviação comercial, forte crescimento na defesa e serviços, afirma. As projeções do consenso Bloomberg eram de R$ 376 milhões de Ebitda e de R$ 4,23 bilhões de receita.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Embraer ficou negativo em R$ 52,9 milhões no primeiro trimestre, representando alta ante a perda de R$ 1,1 milhão de janeiro a março do ano passado. Com isso, a margem Ebitda ficou negativa em 1,4% no período, ante resultado estável (0,0%) um ano antes.