Embraer (EMBR3) mostra solidez em todos os segmentos, diz BTG
O BTG Pactual participou de um roadshow da Embraer (EMBR3) e afirmou que a companhia segue em um momento positivo, com perspectivas de crescimento sólido em todos os seus segmentos.
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Em relatório, a casa destaca a resiliência da demanda, um ambiente competitivo favorável e avanços no setor de defesa, além da recuperação gradual das restrições na cadeia de suprimentos da aviação comercial.
Impacto das tarifas de Trump deve ser limitado
Um dos temas discutidos no roadshow foi o impacto das tarifas de importação impostas pelo ex-presidente Donald Trump. Segundo a EMBR3, a empresa está relativamente protegida de grandes impactos, pois qualquer tarifa sobre aeronaves é repassada diretamente aos clientes.
No caso de custos adicionais com insumos, negociações podem ser necessárias, mas a dependência de componentes importados dos EUA é baixa.
Além disso, a empresa ressaltou que seus modelos possuem vantagens estratégicas no mercado norte-americano. O E1 não tem concorrentes diretos, enquanto o E2 tem baixa exposição aos EUA.
Já na aviação executiva, a montagem dos Phenoms ocorre inteiramente nos Estados Unidos, enquanto os Praetors passam por montagem final no país.
Setor de defesa: oportunidade no mercado americano
O segmento de defesa da Embraer continua apresentando demanda robusta, diz o relatório, especialmente pelo cargueiro KC-390, que atrai interesse da Europa e de países da OTAN.
O relatório também apontou uma nova oportunidade: a substituição dos aviões-tanque utilizados pela Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) no programa Next Generation Air-Fueling System (NGAS).
O programa busca substituir os atuais tanques adaptados de aeronaves comerciais, o que pode abrir espaço para o KC-390 nos EUA na década de 2030. No entanto, o processo pode ser longo devido à burocracia e exigências de segurança.
Aviação executiva atinge novo patamar
A aviação executiva da Embraer está vivendo um dos momentos mais fortes de sua história. Após fechar um contrato com a Flexjet, a empresa já garantiu pedidos até 2028 e espera manter um crescimento anual de dois dígitos.
A previsão é de que as entregas da divisão cheguem a 170 aeronaves por ano até 2028. O contrato com a Flexjet inclui vendas a um preço médio de US$ 17 milhões por unidade, com entregas programadas de 2026 a 2030, concentradas nos últimos anos.
Com esses pedidos, a empresa tem visibilidade e previsibilidade financeira para o segmento executivo até o fim da década.
Recuperação na aviação comercial
Os desafios da aviação comercial da Embraer ainda persistem, especialmente no setor E2, devido às restrições na cadeia de suprimentos e problemas na produção de motores. Contudo, o pior momento parece ter ficado para trás, segundo a Embraer.
Mesmo com essas dificuldades, a demanda segue alta e há campanhas ativas para novos pedidos em diversos continentes, dizem os analistas. Com a normalização da cadeia de suprimentos, a Embraer espera acelerar suas entregas e capturar oportunidades de mercado.
Novo avião?
A Embraer reforçou que não planeja lançar um novo modelo de avião no curto prazo. A empresa está focada na redução de riscos da sua subsidiária Eve, que desenvolve o eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical), conhecido popularmente como “carro voador“.
A indústria também aguarda a próxima geração de motores, com a tecnologia open-fan, que deve começar a ser implementada a partir de 2025. Assim, lançar uma nova aeronave antes dessa inovação pode ser um risco estratégico.
Eve: o eVTOL da Embraer vai decolar?
A Eve, empresa da Embraer focada em eVTOLs, segue avançando nos trâmites regulatórios e deve concluir todas as certificações até 2027, com receitas esperadas para 2027/28. A produção começará com um volume de 240 unidades por ano e pode chegar a 1.000 unidades anuais no início da década de 2030.
Recentemente, a Eve garantiu um aporte privado de US$ 94 milhões e tem uma linha de crédito ativa com o BNDES, o que assegura liquidez para 2025. Além disso, a conversão de cartas de intenção (LOIs) em pedidos firmes deve trazer novos fluxos de caixa.
Recomendação e preço-alvo
O relatório do BTG Pactual reforça o momento positivo da Embraer, com crescimento sólido na aviação executiva, novas oportunidades no setor de defesa e recuperação gradual na aviação comercial.
Além disso, a casa destaca que a empresa segue focada na descarbonização e mobilidade aérea urbana, consolidando sua posição como uma das principais fabricantes de aeronaves do mundo.
O BTG Pactual recomenda compra para as ações da Embraer, com preço-alvo de US$ 47 para as ADRs negociadas em Nova York.
Por volta das 10h35 desta terça-feira (18), a Embraer operava em queda de 0,12% no Ibovespa, com as ações EMBR3 cotadas a R$ 60,40.