Mesmo que a Empresa Brasileira de Aeronáutica, a Embraer (EMBR3), tenha apresentado valorização de cerca de 100% das ADRs nos últimos 12 meses, o Itaú BBA ainda vê potencial de mais ganhos após divulgação do balanço financeiro do primeiro trimestre deste ano (1T24) da companhia. A visão positiva em relação à Embraer fez o banco manter a recomendação ‘outperform’ (equivalente a compra), com preço-alvo de US$ 36, representando uma possível alta de 23% em relação ao fechamento mais recente.
“Não vemos uma interrupção no forte impulso de lucros da Embraer que têm impulsionado a ação até agora. Pelo contrário, esperamos que cheguem novos pedidos comerciais, já que os principais concorrentes enfrentam gargalos”, diz o BBA em relatório.
Para os analistas, a rentabilidade da Embraer deve continuar melhorando, à medida que a indústria pode aumentar os preços. “Além disso, a geração de FCF [Fluxo de Caixa Livre] deve acelerar, potencialmente se traduzindo em dividendos em breve, e a disputa legal com a Boeing (BOEI34) deve ser resolvida no segundo semestre deste ano (2T24). Defesa e Eve também são um ponto positivo na tese”, projetam.
Em termos de valuation da Embraer, segundo o estrategista Daniel Gasparete, a ação está sendo negociada a 15% abaixo da média histórica ao considerar o valor da empresa/backlog.
No critério valor da empresa/Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) estimado para 2025, o desconto é de 50% em relação à Boeing e Airbus, principais concorrentes. “A Embraer tem atraído mais interesse de investidores estrangeiros que anteriormente ignoravam a ação. Essa maior atenção poderia levar a uma redução da diferença de valuation no futuro”, pontua Gasparete.
O BBA também diz que a rentabilidade da Embraer tem mostrado uma tendência positiva nos últimos anos, apoiada pela melhoria da alavancagem operacional à medida que a empresa aumenta seus números de entregas nas divisões comercial e executiva.
Além disso, o backlog da Embraer atingiu o maior nível dos últimos sete anos, conforme o relatório. Esse aumento recente foi impulsionado principalmente por pedidos comerciais, mas há potencial para um crescimento significativo também na divisão de defesa e segurança, que, de acordo com o especialista, tem se mantido relativamente estável nos últimos trimestres.
Embraer reverte prejuízo e tem lucro de R$ 161 milhões no 1º trimestre
No dia 7 deste mês, a Embraer (EMBR3) divulgou um lucro líquido consolidado de R$ 161 milhões no primeiro trimestre deste ano (1T24), revertendo o prejuízo de R$ 378 milhões do mesmo período do ano passado (1T23). A receita cresceu 19% na comparação anual, atingindo R$ 4,4 bilhões.
O Ebitda ajustado somou R$ 180 milhões, após um resultado negativo de R$ 52,9 milhões no primeiro trimestre de 2023.
A receita da unidade de aviação comercial da Embraer foi de R$ 988 milhões, uma queda de 3,5% em relação ao ano anterior. Na aviação executiva, a receita chegou a R$ 1,2 bilhão, um aumento de 2,6 vezes em comparação ao mesmo período do ano anterior, refletindo principalmente o aumento nos volumes de vendas.
Na unidade de defesa e segurança, a receita foi de R$ 400 milhões no primeiro trimestre, uma queda de 21% em comparação anual, enquanto a receita de serviços e suporte cresceu 7%, alcançando R$ 1,8 bilhão.
A Embraer disse que entregou 25 jatos no primeiro trimestre, incluindo 18 jatos executivos (11 leves e sete médios) e sete jatos comerciais, um aumento de mais de 67% em comparação com as 15 aeronaves entregues no primeiro trimestre de 2023.
A carteira total de pedidos chegou a US$ 21,1 bilhões no primeiro trimestre, uma alta de 13% em base trimestral e de 21% em base anual, alcançando o maior nível dos últimos sete anos.
O fluxo de caixa livre ajustado, excluindo Eve, foi negativo em R$ 1,7 bilhão, devido à preparação para um número maior de entregas nos próximos trimestres. A dívida líquida da Embraer ficou em R$ 5,23 bilhões ao fim do primeiro trimestre, uma redução em relação aos R$ 7,27 bilhões do ano anterior.