Embraer (EMBR3): futuro depende dos acionistas, não do governo, diz Mansueto
A Embraer (EMBR3) é uma empresa privada desde a década de 1990 e seu futuro depende de seus acionitas, não do governo. Foi o que o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, ressaltou nesta terça-feira (5) em entrevista à consultoria Arkho Advice.
Embora o governo possua uma golden share (ação especial que proporciona direito a alguns vetos dentro da empresa) na Embraer, Mansueto afirma que o governo não irá interferir no destino da empresa. “Acho que as pessoas esqueceram que a Embraer é uma empresa privada”, disse.
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Além disso, o secretário, na entrevista, afirmou que desconhece a informação de que o o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) faria um aporte de US$ 1 bilhão (R$ 5,58 bilhões) na companhia. O investimento teria como objetivo prioritário o pagamento de funcionários e fornecedores locais da Embraer.
“A Embraer ao longo dos últimos anos fez investimentos grandes na aviação militar e na civil, ela agora está naqueles anos em que vai recuperar parte do dinheiro que investiu nos últimos 10 anos. Ela vai ter redução de custo natural porque projetos chegaram na maturação”, disse Mansueto.
O secretário do Tesouro disse que “acha evocadas algumas notícias de que a Embraer vai ter problemas”, uma vez que a empresa está em uma fase “muito boa”. Para ele, as ações da companhia caíram assim como as demais companhias do setor aéreo devido à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), e não pela recusa da Boeing (NYSE: BA) em concluir a joint-venture que estava em negociação.
“Pessoas estão falando como se o fim do acordo com a Boeing tivesse deixado a Embraer em situação muito frágil. Não deixou. O fato de o acordo com a Boeing não ter saído não muda a perspectiva de uma empresa como a Embraer”, salientou Mansueto.
Acordo entre Embraer e Boeing proibia desistência
O acordo entre a Boeing e a Embraer, avaliada em US$ 4,2 bilhões (cerca de R$ 22,9 bilhões), incluía uma cláusula que proibia as partes de desistir do negócio em caso de uma pandemia ou recessão global.
Os analistas apontam que o contrato colocou a Boeing em uma “encruzilhada”, onde é pressionada a encontrar uma outra saída do negócio. A companhia estadunidense alega que a desistência se deu pelo não cumprimento de certas condições por parte da companhia brasileira.
No contrato assinado em janeiro de 2019, a Boeing e a Embraer fizeram uma lista de 10 condições que não qualificariam como tipo de eventos adversos relevantes. Isto é, esses tópicos, entre eles uma pandemia e mudanças na economia global, não poderiam ser utilizados como pretexto para potenciais quebras do acordo.
A Boeing anunciou que demitiria 16 mil funcionários, quase o equivalente total de empregados Embraer. Também comunicou que já havia sacado toda a sua linha de crédito e estava avaliando uma oferta de títulos de dívida. O S&P reduziu, na última quarta-feira (29), o rating da empresa norte-americana para um nível acima do grau especulativo.
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“Seremos uma empresa menor por um tempo”, declarou o presidente-executivo da Boeing, David Calhoun, após a divulgação dos resultados referentes ao primeiro trimestre de 2020.
As ações da Embraer, por volta das 14h40 desta terça-feira (5), operavam em queda de 2,72%, cotadas a R$ 7,51. Apenas neste ano, os papéis ordinários da empresa já apresentam uma desvalorização de 60,87%.